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ONU considera real a ameaça de atentados com computadores em voo

18 mai 2017 - 16h49
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O diretor executivo do Comitê Antiterrorista do Conselho de Segurança da ONU, Jean-Paul Laborde, declarou nesta quinta-feira que a ameaça de atentados terroristas com computadores ou tablets em voo é real, embora seja difícil avaliar quando os jihadistas terão essa capacidade de operar.

"A questão não é se vai acontecer, é quando", declarou Laborde em uma entrevista coletiva concedida em Bruxelas.

O coordenador antiterrorismo das Nações Unidas detalhou que, embora seja possível que o grupo Estado Islâmico (EI) possa carecer de capacidade técnica para preparar atentados desse tipo, os jihadistas podem recorrer à perícia de outras organizações criminais.

Laborde acrescentou em declarações à Agência Efe que esse tipo de atentado pode acontecer em "um, dois ou três anos" e ressaltou que parte do perigo que acarreta se deve à existência de voos com conexão à internet, com a qual esses dispositivos podem receber no ar informações e instruções do solo.

O especialista, que antes de entrar na ONU e durante 22 anos ocupou diferentes cargos de responsabilidade no sistema judicial francês, classificou esses ataques dentro de um novo gênero de ameaças vinculadas à tecnologia, citando também a "internet das coisas" e a "deep web".

"Temos de ser conscientes desta ameaça", acrescentou o diretor executivo do Comitê Antiterrorista do Conselho de Segurança da ONU.

No mesmo comparecimento, Laborde alertou sobre o perigo que representam os combatentes estrangeiros que retornaram de Síria e Iraque à Europa, cerca de "40% ou 50%" dos quais se uniram às fileiras de grupos terroristas como EI ou Al Qaeda e suas filiais.

"No último ano aumentou em 50% o número de retornados", declarou Laborde, que disse não ter dados confiáveis sobre quantos europeus continuam combatendo entre os jihadistas.

A "nova onda" de retornados nos últimos seis meses à União Europeia é mais perigosa que os anteriores porque esses estão mais comprometidos, experientes, preparados, e tiveram mais tempo para "criar laços" com grupos criminosos organizados, avisou Laborde.

A respeito da conexão dos jihadistas com o crime organizado, apontou que entre 5% e 7% dos terroristas provêm do mundo do tráfico de drogas e outros 10% do tráfico humano.

Na opinião de Laborde, a resposta contra a ameaça terrorista deveria buscar uma cooperação reforçada entre Estados-membros da União Europeia, mas também com os países vizinhos de Síria e Iraque.

"Não temos que ser eurocentristas", enfatizou o especialista da ONU, que apontou que também é importante garantir que há "compatibilidade judicial" entre os países que colaboram na luta antiterrorista, além da coordenação dentro da Europa.

Em relação ao recrutamento do EI pela internet, Laborde disse que a ONU já trabalha com empresas tecnológicas como Microsoft, Google e Twitter para minar as capacidades dos jihadistas, e se declarou contra a criação de mais legislações sobre as redes sociais.

Esse tipo de leis costumam limitar valores democráticos como a liberdade de expressão e imprensa e se demonstram ineficazes perante a vertiginosa adaptação dos terroristas.

"A tecnologia avança tão rápido que sempre iremos atrás", comentou Laborde.

EFE   
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