Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Número de desaparecimentos no mundo aumenta 70% em cinco anos, alerta Cruz Vermelha

Cerca de 300 mil pessoas desapareceram em todo o mundo nos últimos cinco anos, segundo dados divulgados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nesta sexta-feira (29). Esse número representa um aumento de quase 70% no período, impulsionado por conflitos armados e migrações em massa.

30 ago 2025 - 11h45
(atualizado às 12h12)
Compartilhar
Exibir comentários

Cerca de 300 mil pessoas desapareceram em todo o mundo nos últimos cinco anos, segundo dados divulgados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nesta sexta-feira (29). Esse número representa um aumento de quase 70% no período, impulsionado por conflitos armados e migrações em massa.

Pessoas mostram fotos de seus parentes desaparecidos a soldados ucranianos na região de Chernihiv, na Ucrânia, em 12 de junho de 2025.
Pessoas mostram fotos de seus parentes desaparecidos a soldados ucranianos na região de Chernihiv, na Ucrânia, em 12 de junho de 2025.
Foto: AP - Efrem Lukatsky / RFI

O Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados é celebrado em 30 de agosto. A data homenageia pessoas que, muitas vezes sequestradas por Estados, perderam o contato com suas famílias e têm seus direitos humanos sistematicamente violados.

Os números divulgados pelo CICV nesta ocasião representam apenas "a ponta do iceberg", segundo Pierre Krähenbühl, diretor-geral da organização. Em discurso realizado em Genebra, ele lamentou que "milhões de pessoas tenham sido separadas de seus entes queridos em todo o mundo — do Sudão à Ucrânia, da Síria à Colômbia".

Até o fim de 2024, 284.400 pessoas haviam sido registradas como desaparecidas pela Rede de Laços Familiares do CICV, um aumento de 68% em relação a 2019. Segundo a organização, "essa tragédia é evitável, com medidas mais rigorosas para impedir a separação, proteger os detidos e lidar adequadamente com os mortos".

Em contextos de guerra, existem leis que visam evitar a separação de familiares, especialmente durante transferências ou evacuações de civis. Os detidos também devem ter o direito de manter contato com seus familiares. Segundo o CICV, a morte de combatentes inimigos deve ser comunicada às respectivas famílias.

Venezuela e desaparecimentos forçados

A situação é particularmente grave em países como a Venezuela, onde o governo de Nicolás Maduro tem sido acusado de utilizar o desaparecimento forçado como forma de reprimir a oposição e pressionar países estrangeiros, segundo a ONG Anistia Internacional.

No México, os desaparecimentos forçados também são uma realidade. A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a ONG mexicana Propuesta Cívica apresentaram duas denúncias ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, sobre o desaparecimento de jornalistas. As denúncias apontam falhas sistêmicas nos procedimentos investigativos, que favorecem a impunidade em um país marcado pela violência contra a imprensa. Pelo menos 28 jornalistas desapareceram no México, a maioria há quase duas décadas, sem qualquer informação sobre seu paradeiro.

Caso Camilo Castro

No fim de junho, Camilo Castro, professor de ioga francês residente na Colômbia, cruzou a fronteira com a Venezuela para renovar seu visto. "A partir daí, não tivemos mais contato", relatou Yves Gilbert, sogro de Camilo, à RFI. "Começamos a procurá-lo, perguntando ao governo venezuelano, por meio da embaixada francesa em Caracas, se haviam visto alguém chamado Camilo Castro. Até agora, não houve resposta."

No fim de julho, durante uma troca de prisioneiros entre Venezuela e Estados Unidos, a família recebeu notícias de Camilo. "Presos que estavam na mesma prisão que ele foram libertados, o reconheceram formalmente e nos contaram como é a vida lá: quase cem estrangeiros estão detidos, privados de quase todos os direitos, sem acesso a advogados e sem comunicação com suas famílias", acrescentou Yves Gilbert.

Segundo Clara del Campo, da Anistia Internacional, as razões para a prisão de Camilo são principalmente geopolíticas. "O governo venezuelano está usando todas as alavancas de negociação possíveis para atingir seus objetivos, como reduzir críticas internacionais. Por isso, infelizmente, não nos surpreenderia se estivessem usando Camilo como ferramenta de pressão." A organização estima que centenas de pessoas possam ter sido vítimas de desaparecimento forçado na Venezuela desde o ano passado.

Desaparecimentos no Brasil

No Brasil, o desaparecimento de pessoas é uma realidade persistente, que se prolonga há décadas e está associado a diversos fatores, segundo o CICV. Em muitos casos, a ocorrência está ligada simultaneamente a diferentes tipos de risco. As circunstâncias dos desaparecimentos frequentemente permanecem desconhecidas, e a falta de esclarecimentos dificulta uma compreensão mais ampla do fenômeno.

Os dados disponíveis indicam que o problema é de grandes proporções. Somente em 2022, mais de 75 mil registros de desaparecimentos foram contabilizados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com base em informações das Secretarias de Segurança Pública dos estados.

Na quinta-feira (28), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, por unanimidade, uma resolução que estabelece uma política judiciária de atenção e apoio às famílias de pessoas desaparecidas no Brasil. A medida deve influenciar a atuação dos tribunais em todo o país, reconhecendo os familiares como pessoas indiretamente afetadas e buscando tornar o processo judicial mais acessível, ágil e humanizado.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade