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UE desiste de proibir venda de carros novos a combustão a partir de 2035

A Comissão Europeia propôs nesta terça-feira suspender a proibição de veículos novos com motor a combustão no bloco europeu prevista a partir de 2035. A medida, que permite às montadoras continuar comercializando alguns modelos não elétricos, foi tomada diante da crise que atinge o setor automotivo na Europa e representa um golpe à política ambiental do bloco.

16 dez 2025 - 15h57
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A proibição da venda de carros com motor a combustão a partir de 2035 era uma medida emblemática do "Pacto Verde Europeu", criado para ajudar a UE a cumprir seu compromisso de atingir a neutralidade de carbono até 2050. Porém, diante da concorrência chinesa e das tensões comerciais com os Estados Unidos, a Europa já adiou ou reduziu várias medidas ambientais nos últimos meses, em uma guinada assumidamente pró-negócios.

Comissão Europeia decidiu flexibilizar a proibição total da venda de carros novos a gasolina e diesel em 2035 (imagem ilustrativa).
Comissão Europeia decidiu flexibilizar a proibição total da venda de carros novos a gasolina e diesel em 2035 (imagem ilustrativa).
Foto: REUTERS - Annegret Hilse / RFI

Se aprovada pelos países da UE e pelo Parlamento Europeu, a revisão da legislação de 2023 representará o maior retrocesso ambiental do bloco em quase cinco anos.

Em vez da proibição total, os fabricantes deverão reduzir em 90% as emissões de CO₂ de suas vendas em relação aos níveis de 2021 e compensar os 10% restantes. O recuo é resultado da intensa pressão da Alemanha, da Itália e de todo o setor automotivo, que consideravam a meta inicial inatingível.

As montadoras poderão continuar vendendo, após 2035, uma parcela limitada de carros novos equipados com motores a combustão ou híbridos, desde que cumpram diversas condições. Segundo a proposta, as fabricantes deverão compensar as emissões de CO₂ decorrentes dessas "flexibilizações" utilizando aço de baixo carbono produzido na UE e combustíveis sintéticos ou biocombustíveis não alimentares. Bruxelas garante que, assim, o setor estará totalmente descarbonizado até 2050.

Abordagem pragmática

Ao suavizar a meta para 2035, a UE não abandona suas ambições climáticas, mas adota uma abordagem "pragmática" diante das dificuldades enfrentadas pela indústria automotiva, defendeu o comissário europeu Stéphane Séjourné, responsável pelo plano.

A proposta também concede às montadoras um período de três anos, de 2030 a 2032, para reduzir as emissões de CO₂ dos carros em 55% em relação aos níveis de 2021. Para as vans, a meta de 2030 cairia de 50% para 40%.

As montadoras europeias pediam essas "flexibilizações" há meses, alegando vendas persistentemente fracas, enquanto rivais chineses, como a BYD, ampliam sua participação com modelos elétricos de preços competitivos.

Esses ajustes foram alvo de intensas negociações entre a Comissão e os Estados-membros, que buscavam defender os interesses de suas indústrias até o último momento. Países como Alemanha e Itália defendiam a "neutralidade tecnológica", ou seja, a manutenção dos motores a combustão após 2035, destacando tecnologias mais eficientes em CO₂ (híbridos plug-in, elétricos com extensor de autonomia) e o uso de combustíveis alternativos.

Já França e Espanha queriam que a UE se afastasse o mínimo possível da meta de 2035, para não minar os esforços já feitos por algumas montadoras para migrar ao 100% elétrico e não prejudicar a nascente indústria europeia de baterias. 

Competitividade europeia em risco

A indústria de carros elétricos alertou que flexibilizar as metas pode desestimular investimentos e atrasar ainda mais a Europa em relação à China na transição elétrica.

"Passar de uma meta clara de 100% de emissões zero para 90% pode parecer insignificante, mas se recuarmos agora, não prejudicaremos apenas o clima. Prejudicaremos a competitividade da Europa", afirmou Michael Lohscheller, CEO da fabricante sueca de carros elétricos Polestar.

William Todts, diretor executivo do grupo de defesa do transporte limpo T&E, disse que a UE está "ganhando tempo enquanto a China dispara na frente". "Apegar-se aos motores a combustão não devolverá a grandeza às montadoras europeias", avaliou.

Para atender a essas preocupações, a Comissão anunciou nesta terça-feira uma série de medidas para apoiar a eletrificação do setor, incluindo incentivo à "descarbonização" das frotas corporativas (que representam cerca de 60% das vendas de carros novos na Europa) e empréstimos sem juros para produção de baterias.

Por fim, o bloco quer incentivar o desenvolvimento de pequenos veículos elétricos com preços "acessíveis", projeto anunciado em setembro pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, "para não deixar a China e outros dominarem esse mercado".

(Com agências)

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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