Grécia aprova jornada de trabalho de 13 horas e trabalhadores denunciam 'retorno à Idade Média'

Na Grécia, os trabalhadores agora poderão trabalhar até 13 horas por dia para o mesmo empregador. Adotada na quinta-feira (16) pelo Parlamento grego, a medida é apresentada como opcional, voluntária e acompanhada de aumento salarial, além da jornada de trabalho legal de oito horas. No entanto, muitos trabalhadores, especialmente aqueles em situação precária, temem ser forçados a aceitar horários de trabalho desumanos ou correr o risco de perder o emprego caso não aceitem a proposta dos patrões.

"Há funcionários que pedem para trabalhar mais horas", justificou a ministra do Trabalho, Niki Kerameus. Spyros Bairaktaris, dono de uma taverna que emprega quase 250 pessoas, concorda: "Antes, tínhamos funcionários que, depois de cumprirem suas horas aqui no restaurante, iam trabalhar horas extras em um açougue ou peixaria para trabalhar duas ou três horas a mais e ganhar mais. Para mim, esta lei é muito favorável aos trabalhadores, pois permite que eles aumentem a sua renda com o mesmo empregador."

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"Que ser humano razoável gostaria de trabalhar 13 horas?"

Após dez anos de crise econômica, os salários gregos despencaram e estão entre os mais baixos da União Europeia. No entanto, para Apostolis Steropoulos, um profissional da educação, a vida é mais do que trabalho: "Hoje em dia, que ser humano razoável - a menos que seja produto de inteligência artificial - gostaria de trabalhar 13 horas por dia? Em 1886, houve greves em Chicago para obter a jornada de 8 horas. E dois séculos depois, estamos regredindo."

Esquerda se opôs à medida

Apoiado pelo governo conservador, o projeto de lei recebeu votos favoráveis da maioria dos políticos eleitos, especialmente os da direita. No entanto, sindicatos e a esquerda denunciaram a medida como uma "verdadeira Era das Trevas do trabalho". Um dos principais partidos da oposição, o Syriza (esquerda), recusou-se a participar da votação, denunciando o projeto como uma "monstruosidade legislativa, uma desregulamentação do trabalho que ataca (...) os direitos fundamentais" dos trabalhadores, segundo Christos Giannoulis, porta-voz do grupo parlamentar. O líder do partido, Sokratis Famellos, criticou: "o governo está estabelecendo uma verdadeira Idade Média do trabalho".

Em duas ocasiões recentes, a Grécia foi parcialmente paralisada por uma greve geral em protesto contra essa reforma. Em um país onde a economia se recuperou da crise financeira, mas continua sobrecarregada por baixos salários, a possibilidade de uma jornada de trabalho de 13 horas já existe, mas apenas se o funcionário tiver dois ou mais empregadores.

RFI com AFP