Estudo francês afirma que acreditar em Papai Noel é uma questão de classe social
A maneira como as famílias francesas abordam com as crianças o mito do Papai Noel varia de um meio social para outro, revela uma recente pesquisa sociológica. Um trecho deste trabalho foi publicado na plataforma The Conversation pelas pesquisadoras francesas Frédérique Giraud et Gaële Henri-Panabière e é destacado pelo jornal Le Parisien neste 25 de dezembro.
A cada Natal, muitas mães e pais se perguntam: quando e como revelar aos filhos que o Papai Noel não existe? Embora cada família tenha seu próprio método, a escolha pode variar em função da classe social. É o que mostra um estudo francês que consta na obra "Premières Classes - comment la reproduction sociale joue avant six ans" ("Primeiras Classes - como a reprodução social importa antes dos seis anos", em tradução livre), publicada na França pela Éditions de l'Université Paris Cité.
Segundo as pesquisadoras francesas Frédérique Giraud et Gaële Henri-Panabière, da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Paris Cité, as desigualdades são registradas desde a pré-escola na França. A vontade de preservar a natureza lúdica do Natal entre as crianças também varia conforme a classe social.
A pesquisa mostra que as famílias das classes baixas buscam mais frequentemente manter suas crianças no universo mágico do Natal, mutiplicando as estratégias para atrasar a descoberta da inexistência o papai Noel. Para este segmento da sociedade, "vale tudo para continuar fazendo os pequenos sonharem pelo maior tempo possível", diz o jornal Le Parisien.
Estímulo ao pensamento crítico
Por outro lado, o trabalho aponta que as classes médias e altas incentivam seus filhos a questionarem a realidade sobre o senhor bondoso, vestido de vermelho e que distribui presentes. Alguns pais e mães chegam a dizer que se sentem incomodados com o que consideram como uma mentira. "Nessas famílias, o Papai Noel se torna um tema de aprendizado para desenvolver o pensamento crítico", destaca a matéria.
Para realizar o estudo, Giraud e Henri-Panabière se apoiaram em uma pesquisa sociológica de campo realizada tanto junto a famílias, quanto em salas de aula. Na obra, as pesquisadoras indicam que as diferenças não são uma fatalidade relacionada à personalidade das crianças, nem o resultado de uma omissão por parte de seus pais ou dos professores.
"Elas se constroem em condições econômicas contrastantes e ao longo de hábitos e práticas culturais que moldam, desde muito cedo, a percepção de si, as formas de aprender, a relação com o tempo e a abertura para o mundo", afirmam no trabalho.