Fake news 'deteriorou estado de saúde de minha mãe', diz filha de primeira-dama da França
Tiphaine Auzière, filha da primeira-dama da França, Brigitte Macron, disse que a saúde de sua mãe se "deteriorou" após ser alvo de fake news afirmando que ela era uma mulher transgênero. A declaração foi feita nesta terça-feira (28), segundo dia do julgamento de dez pessoas por cyberbullying contra a esposa do presidente francês.
Tiphaine Auzière, filha da primeira-dama da França, Brigitte Macron, disse que a saúde de sua mãe se "deteriorou" após ser alvo de fake news afirmando que ela era uma mulher transgênero. A declaração foi feita nesta terça-feira (28), segundo dia do julgamento de dez pessoas por cyberbullying contra a esposa do presidente francês.
O julgamento na França começou na segunda-feira (27), após quatro anos de controvérsia e rumores que continuam a crescer, amplamente divulgados por redes de conspiração e de extrema direita.
O Ministério Público pediu penas de prisão suspensas de três a doze meses e multas de até € 8.000 para os acusados. As penas mais pesadas foram requeridas contra a médium Amandine Roy, o galerista Bertrand Scholler e o publicitário Aurélien Poirson-Atlan, que usa o pseudônimo Zoé Sagan nas redes sociais, apontados como "instigadores" das fake news, segundo o promotor Hervé Tétier.
A primeira-dama "é obrigada a ter cuidado com as roupas (que usa) e posturas, porque sabe que sua imagem pode ser constantemente usurpada", lamentou sua filha Tiphaine Auzière, advogada de 41 anos, durante seu depoimento perante o tribunal.
Ausente do julgamento, Brigitte Macron disse aos investigadores que o boato teve "um impacto muito forte" entre seus parentes e amigos e nela mesma, relatando que seus netos ouviram dizer que "sua avó é um homem".
Um dos principais réus no caso é o publicitário Aurélien Poirson-Atlan, conhecido nas redes sociais pelo pseudônimo de Zoé Sagan. Em depoimento nesta terça ele defendeu o que chamou de direito à "sátira", que ele considera "o DNA do país".
A conta X de Poirson-Atlan, excluída da rede desde o início do caso, tem sido alvo de diversas denúncias e é frequentemente apresentada como vinculada a círculos de conspiração de extrema direita, uma alegação que ele refutou veementemente no tribunal.
Zoé Sagan é uma "personagem fictícia", explicou o publicitário, uma "inteligência artificial feminina" e "instigadora de um novo gênero literário".
No X, Poirson-Atlan afirma, através do perfil de Zoé Sagan, entre outras coisas, que a diferença de idade entre o casal Macron é um "crime sexual" e "pedofilia sancionada pelo Estado". Além dos comentários direcionados à esposa do presidente francês, o publicitário é conhecido por compartilhar vídeos sexualmente explícitos de Benjamin Griveaux, próximo a Macron, que foi forçado a desistir de sua candidatura à prefeitura de Paris em fevereiro de 2020 por envolvimento em um escândalo sexual.
O publicitário critica Candace Owens, a podcaster americana de extrema direita, autora da série "Tornando-se Brigitte". Vistos milhões de vezes na internet, os vídeos se propõem a explicar, através de teorias conspiratórias inverossímeis, como Brigitte Macron teria mudado de sexo.
Brigitte e Emmanuel Macron apresentaram acusações contra a podcaster na Justiça americana.
Poirson-Atlan foi aplaudido ao final de sua audiência no tribunal.
Postagens "satíricas"
Uma parte das pessoas julgadas em Paris, foi denunciada por compartilhar as postagens virais de Candance Owens, comemorando a internacionalização do "caso Brigitte".
Na segunda-feira, vários réus — um corretor, um professor de educação física e um engenheiro da computação — expressaram sua surpresa por terem que responder por postagens "satíricas", que consideravam estar amparadas pela liberdade de expressão.
A médium, Delphine J., conhecida como Amandine Roy, quis exercer seu direito de permanecer em silêncio no tribunal, explicando que já havia se "expressado" longamente. A mulher de 51 anos é autora de um vídeo viral publicado em 2021, alegando que Brigitte Macron nunca existiu e que seu irmão, Jean-Michel, assumiu sua identidade após uma transição de gênero.
Visualizado mais de quatro milhões de vezes e desde então removido da plataforma, o vídeo contribuiu amplamente para difundir a fake news, de acordo com as declarações de Brigitte Macron relatadas pelo juiz presidente.
Com AFP