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Assinatura de acordo UE-Mercosul é adiada para janeiro em meio a protestos de agricultores

A assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e os países do Mercosul foi adiada para janeiro, anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, aos 27 Estados-membros nesta quinta-feira (18). Bruxelas foi palco de tensões durante manifestações de agricultores contra o tratado.

18 dez 2025 - 17h48
(atualizado às 17h51)
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Von der Leyen esperava assinar o acordo de livre comércio no sábado, durante a cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu. No entanto, precisava da aprovação prévia de uma maioria qualificada dos Estados-membros em Bruxelas, o que não ocorreu, principalmente devido à oposição da França e da Itália.

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que transmitiria à cúpula do Mercosul um pedido da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, para adiar a assinatura do acordo.

O bloco sul-americano (Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina) se reunirá no sábado em Foz do Iguaçu. "A primeira-ministra italiana me perguntou se, caso pudéssemos esperar uma semana, dez dias, um mês, a Itália apoiaria o acordo", disse Lula, relatando uma conversa telefônica na quinta-feira com a líder italiana.

"Ela me disse que não era contra. Só precisa lidar com algumas questões políticas com os agricultores italianos, mas está confiante de que pode convencê-los a aceitar o acordo", acrescentou. Lula afirmou que apresentará o pedido aos outros países do Mercosul para que eles possam "decidir o que fazer".

Na quarta-feira, Meloni afirmou que seria "prematuro" assinar o acordo "nos próximos dias".

"Não estamos prontos, as condições não são adequadas para assinar este acordo", declarou o presidente francês Emmanuel Macron ao chegar a Bruxelas nesta quinta-feira.

Na quarta-feira, Lula lançou uma espécie de ultimato, afirmando que, se o acordo não fosse assinado "agora", não seria assinado durante sua presidência, que termina no final de 2026.

Mas na quinta-feira, após a conversa telefônica com Meloni, ele suavizou um pouco sua posição: "Se não for possível assiná-lo agora porque eles não estão prontos, não há nada que eu possa fazer. Vamos esperar até amanhã; a esperança é a última que morre."

O acordo, cujas negociações começaram há mais de duas décadas, permitiria à UE exportar mais veículos, máquinas, vinhos e bebidas alcoólicas para a América Latina, além de facilitar a entrada de carne bovina, açúcar, arroz, mel e soja sul-americanos na Europa — uma medida que preocupa os setores envolvidos.

Protestos em Bruxelas

Bruxelas voltou à calma após um dia marcado por tensões. À tarde, agricultores lançaram projéteis contra policiais mobilizados perto do Parlamento Europeu. A polícia realizou operações de dispersão e usou canhões de água e gás lacrimogêneo. No final do dia, os tratores começaram a deixar o centro da cidade e seguir em direção ao anel viário, numa tentativa de bloqueá-lo.

Milhares de agricultores — mais de 7.000, segundo a polícia — vindos de toda a União Europeia entraram na capital belga nesta quinta-feira para protestar com tratores, fogos de artifício e fogueiras contra a situação do setor.

Juan Corbalán, presidente do comitê coordenador da COSEGA (Confederação Geral das Cooperativas Agrícolas da União Europeia), uma das principais organizadoras do protesto, acredita que a situação é particularmente grave porque os produtores rurais sentem que não foram ouvidos.

"Queremos que a agricultura europeia seja levada a sério. Tivemos um mandato político muito negativo, com muita legislação que prejudicou a renda e a produtividade agrícola, e assinamos acordos comerciais que prejudicaram a renda dos agricultores."

"Politicamente, com o novo mandato da Comissão Europeia e do Parlamento, nos disseram que a agricultura era um setor estratégico e importante, mas estamos vendo que a realidade é bem diferente, lamenta. 

Por sua vez, María Morales, presidente da associação ASAJA (Associação Agrária de Jovens Agricultores) da cidade espanhola de Sevilha e agricultora de profissão, expressa sua frustração, especialmente com o acordo do Mercosul.

"A UE tem um acordo desesperado, porque está desesperada, já que as grandes potências como os Estados Unidos e a China estão fechando acordos e a Europa está sendo deixada no meio, fraca e sem argumentos para defender nossa agricultura. O que a Europa faz? Vai até o Mercosul, que é composto predominantemente por países agrícolas, e diz: 'Tragam o que quiserem. Eu exijo regulamentações ambientais, sociais e trabalhistas rigorosas dos meus agricultores', mas os países do Mercosul não têm nenhuma dessas regulamentações", critica.

Os países do Mercosul são acusados por muitos agricultores europeus de não respeitarem as normas ambientais e sociais às quais eles próprios estão sujeitos, aproveitando-se disso para vender produtos mais baratos.

RFI e AFP

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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