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Brics: entenda o que é, pra que serve e qual a importância do bloco

A Cúpula de Líderes do Brics começa neste domingo, 6, no Rio de Janeiro, e sofreu baixas em série que reduzem seu peso político e podem afetar a repercussão

6 jul 2025 - 07h31
(atualizado às 08h50)
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Presidente participou da abertura do Fórum Empresarial do Brics
Presidente participou da abertura do Fórum Empresarial do Brics
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A Cúpula de Líderes do Brics começa neste domingo, 6, no Rio de Janeiro, e sofreu baixas em série que reduzem seu peso político e podem afetar a repercussão de um dos eventos mais importantes da estratégia de inserção internacional do governo Lula. O Palácio do Planalto admite a possibilidade de mais ausências, sobretudo de países do Oriente Médio, o que torna a reunião uma das mais esvaziadas dos últimos anos.

A diplomacia brasileira trabalha para contornar o esvaziamento da reunião. Os negociadores tentam evitar que a ausência dos principais líderes políticos atrapalhe consensos em temas sensíveis, como guerras, o tarifaço comercial e o acordo em torno da proposta de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A intenção da chancelaria brasileira é mandar um recado global pela "preservação do multilateralismo".

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Ao longo dos anos, o termo foi se consolidando, até que, em 2009, os ministros das Relações Exteriores dos quatro países se reuniram para a primeira cúpula oficial, que aconteceu na Rússia e tinha como foco a discussão sobre os impactos da crise financeira global nos emergentes.

Em 2011, a África do Sul se integrou ao grupo, que passou a ser chamado de Brics, a partir da terceira cúpula.

Quantos países fazem parte do Brics?

Atualmente, o grupo conta com 11 países-membros e dez países-parceiros.

Países-membros: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia.

Países-parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.

Qual a diferença entre país-membro e país-parceiro?

A modalidade país-parceiro foi criada durante a Cúpula de Kazan, na Rússia, em outubro de 2024. Esses países são convidados a participar dos encontros e dos debates.

A principal diferença entre as categorias é que apenas os países-membros têm poder de deliberação, ou seja, votar nos encontros, por exemplo, para referendar a declaração final do grupo.

Função e objetivo dos Brics

Os Brics servem como um mecanismo internacional e, desde que as reuniões formais começaram, foram negociados tratados de comércio e cooperação entre os cinco países.

Tudo isso com o objetivo de aumentar o crescimento econômico e trazer essas nações emergentes para papéis de destaque global.

Os países do Brics queriam ser uma nova força motriz global, na tentativa de mudar rumos em termos de política mundial, passar um pouco da influência do norte global ocidental para esses países emergentes e, principalmente, na economia.

É justamente para atingir esses objetivos e aprofundar os acordos que são realizadas as cúpulas e conferências diplomáticas, que ocorrem de forma alternada em cada um dos membros.

Juntos, os cinco países do Brics representam uma parcela significativa da população e das riquezas mundiais.

Segundo dados do instituto de pesquisas do Reino Unido Acron Macro Consulting, os Brics representam atualmente 31,5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, contra, por exemplo, 30,7% do G7, grupo que une os sete países mais desenvolvidos do planeta (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá).

Além disso, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul possuem, juntos, 41% da população mundial, o que o deixa o grupo com um peso econômico maior que a do G7.

Porque a China quis expandir o Brics em 2024?

Em 2024, quando o Brics foi ampliado, o colunista do Estadão e professor da FGV-SP, Oliver Stuenkel, explicou que a expansão do Brics é um projeto de Xi Jinping, que quer se opor a organizações dominadas pelo Ocidente, como o G-7. "Os países do Brics cooperam muito na esfera econômica, mas divergiram até agora quando falamos de expansão", avaliou o professor na ocasião.

Ele disse que o aumento no número de integrantes seria um mau negócio para o Brasil porque diminuiria o prestígio e a exclusividade que o grupo oferece em seu formato atual. Além disso, vários dos países que poderiam entrar no bloco adotam uma estratégia antiocidental, contrária à posição brasileira de não-alinhamento.

O especialista explica que cada membro do Brics tem poder de veto sobre a entrada de outros participantes, mas que na prática existe uma pressão. "Vetar a entrada de um novo membro tem um custo político que o Brasil não estaria disposto a pagar, se fosse o único país contra a expansão do Brics", afirma Stuenkel. O colunista do Estadão destaca que aumentar o número de participantes muda a dinâmica do grupo, que é considerado pequeno por só ter cinco membros.

A Índia também tinha restrições a permitir a entrada de novos integrantes, mas informações de jornais indianos já sinalizam que Nova Délhi pode permitir a expansão do Brics em um aceno a Riad. Moscou também deve aceitar o aumento de integrantes do bloco, principalmente em meio a guerra na Ucrânia, que deixou a Rússia mais isolada na arena internacional. A África do Sul também já afirmou que aceita novos sócios.

Em artigo publicado no Estadão, o presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE) e ex-embaixador do Brasil em Londres (1994-1999) e Washington (1999-2004), Rubens Barbosa, afirmou que a expansão do bloco prejudicaria o Brasil.

"O Brasil é o único país do Brics com padrão de votação diferenciado na questão da Ucrânia. Num clube de dez ou quinze membros que votam exatamente como a China e Rússia em questões como direitos humanos, democracia e a guerra na Ucrânia, o Brasil vai ficar ainda mais isolado dentro do grupo", sinalizou o diplomata. "Caso haja incorporação desse grande número de países, não restará ao Brasil alternativa senão deixar o grupo para manter sua posição de independência e afirmar uma posição de liderança no Sul", acrescentou Barbosa.

Esta será a primeira cúpula do Brics com o novo formato, com mais países.

Estadão
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