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Anis Amri e a rede salafista de Abu Walaa

Capturado em novembro, "número um" do EI na Alemanha mantinha rede extremista em nível nacional.

23 dez 2016 - 13h02
(atualizado às 13h19)
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Desde que o pregador salafista Abu Walaa foi preso, há algumas semanas, sua conta no Facebook perdeu muitos "amigos". Antes, eram cerca de 25 mil, após a captura a conta foi encerrada. Na nova, que foi aberta em seguida, menos de mil acompanham o que ele posta, ou antes, o que postam em seu nome. Entre os conteúdos, conclamações à prece (dua) ou dicas sobre como neutralizar magia (shir).

Abu Walaa, cujo nome completo é Ahmad Abdulaziz Abdullah, é considerado o "número um" da organização jihadista "Estado Islâmico" (EI) na Alemanha. O Ministério Público da Alemanha o acusa de ser o cabeça de uma rede salafista voltada a recrutar combatentes para a milícia terrorista. Em 8 de novembro de 2016, as autoridades finalmente detiveram o fundamentalista e quatro outros presumíveis recrutadores terroristas.

Anis Amri mantinha conexão com a rede salafista de Abu Walaa, capturado em novembro.  "Número um" do EI na Alemanha, ele  mantinha rede extremista em nível nacional.
Anis Amri mantinha conexão com a rede salafista de Abu Walaa, capturado em novembro. "Número um" do EI na Alemanha, ele mantinha rede extremista em nível nacional.
Foto: EFE

Conexões com Anis Amri

No contexto de investigações antiterror, têm-se despontado repetidamente conexões com os círculos salafistas do iraquiano de 32 anos. Segundo vários veículos de imprensa, também o suspeito do atentado a uma feira natalina de Berlim Anis Amri, morto na Itália nesta sexta-feira (23/12), teria mantido contato com essa rede.

O site alemão de notícias Focus-Online noticiou, com base em declarações de um informante do Departamento Estadual de Investigações da Renânia do Norte-Vestfália, que o grupo de Abu Walaa teria tentado várias vezes enviar Amri clandestinamente para o EI, na Síria. Além disso, o presumível terrorista de Berlim comentou diversas vezes sobre seus planos de atentado, dentro da rede do líder terrorista iraquiano.

Reportando-se às investigações em curso, a Procuradoria Geral da República, sediada em Karlsruhe, recusou-se a comentar essas informações da mídia alemã.

"Comboios de ajuda" para Síria

A associação Círculo Islâmico de Língua Alemã (DIK), em Hildesheim, onde Abu Walaa pregou em diversas vezes, é citada como importante núcleo da rede liderada pelo terrorista de 32 anos. Segundo secretário do Interior da Baixa Saxônia, Boris Pistorius, a mesquita seriam um "hotspot da cena salafista radical, em nível nacional".

Em julho, a polícia deu uma batida na casa de orações e nas residências de oito membros da diretoria do DIK. Lá, cerca de 20 homens teriam se radicalizado e afiliado ao EI. Há três anos, os órgãos de segurança interna observam a associação extremista, e um processo de interdição está em andamento.

O DIK de Hildesheim possui também ligações com a associação salafista Helfen in Not (Ajudar na necessidade), com sede na cidade de Neuss, na Renânia do Norte-Vestfália.

Já em 2013, o Departamento Estadual de Proteção da Constituição advertia sobre as "metas extremistas, salafistas" perseguidas pela organização, de cujos eventos de gala em favor da Síria participaram vários pregadores do salafismo. A Helfen in Not organiza, ainda, assim chamados "comboios de ajuda", em que são levados até a Síria gêneros de primeira necessidade financiados com doações.

O relatório atual do Departamento de Proteção da Constituição da Baixa Saxônia reconhece que "é difícil verificar, em cada caso", se os artigos enviados "servem exclusivamente para minorar o sofrimento da população civil ou se grupos jihadistas são apoiados com eles".

No processo contra o pregador salafista Sven Lau, acusado de terrorismo, uma testemunha-chave depôs que também "combatentes de Alá" seriam traficados nos comboios da Alemanha para a Síria.

Aliados e opositores na cena salafista

Consta também fazerem parte da rede de Abu Walaa os salafistas Hasan C., de Duisburg, e Boban S., de Dortmund, capturados simultaneamente com o iraquiano, em novembro último.

Na cidade renana em que vivia, Hasan C. mantinha uma agência de viagens em cujos fundos funcionava um centro de radicalização para jovens - entre os quais, os dois autores do atentado a bomba contra um templo sikh em Essen, em abril de 2016.

Boban S., por sua vez, teria doutrinado radicais islâmicos numa mesquita em Dortmund. Segundo a mídia alemã, Anis Amri teria morado durante um período na casa do salafista.

Em contrapartida, Abu Walaa não mantém boas relações com Pierre Vogel, considerado o salafista mais conhecido da Alemanha. Por diversas vezes, este condenou o atentados terroristas no Ocidente, o que lhe valeu ataques veementes por parte de simpatizantes do EI da Alemanha.

Esse antagonismo resultou numa espécie de guerra no Youtube, com Vogel criticando explicitamente o EI em vídeo e insinuando que Abu Walaa simpatizaria com a organização terrorista. Em sua "resposta a Pierre Vogel", o salafista iraquiano acusava "alguns" de colaborar com os kuffar (infiéis), atraiçoando a umma (comunidade religiosa muçulmana).

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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