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América Latina

Candidatos de esquerda e extrema direita são favoritos no 1º turno da eleição presidencial no Chile

Quase 15 milhões de eleitores estão habilitados para votar no primeiro turno da eleição presidencial no Chile, neste domingo (16). A campanha eleitoral, marcada por debates sobre insegurança e imigração, é uma das mais polarizadas desde o fim da ditadura do general Augusto Pinochet, em 1990. As urnas abriram cedo neste domingo, e os primeiros resultados devem ser conhecidos cerca de duas horas após o encerramento da votação.

16 nov 2025 - 09h54
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Por Justine Fonteine e Naïla Derroisné, correspondentes da RFI em Santiago

A canditada da equerda, Jeannette Jara, e o candidato da extrema direita, José Antonio Kast, são os favoritos no primeiro turno da eleição presidencial no Chile, neste domingo 16 de novembro de 2025.
A canditada da equerda, Jeannette Jara, e o candidato da extrema direita, José Antonio Kast, são os favoritos no primeiro turno da eleição presidencial no Chile, neste domingo 16 de novembro de 2025.
Foto: © Rodrigo Arangua, Guillermo Salgado / AFP / RFI

Os dois favoritos nas pesquisas são uma candidata comunista e um candidato de extrema direita. A candidata da esquerda, Jeannette Jara, pode vencer o primeiro turno neste domingo. Mas, sem maioria absoluta, será necessário um segundo turno, para definir o sucessor do presidente Gabriel Boric, de esquerda.

Segundo as pesquisas, Jara deverá enfrentar em 14 de dezembro o candidato da extrema direita, José Antonio Kast, que poderia até vencer o 2° turno com o apoio dos votos da direita tradicional. Um cenário ainda hipotético, mas que já preocupa os eleitores de esquerda.

Jeannette Jara, de 51 anos, ex-ministra do Trabalho do governo atual, representa uma coalizão que vai do centro-esquerda ao Partido Comunista, onde milita desde a adolescência. É a primeira vez desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) que uma candidata comunista vence a primária da coalizão de esquerda.

Apesar de liderar as pesquisas, seu perfil "comunista" ainda é visto como um obstáculo por parte do eleitorado chileno, ainda marcado pelo legado neoliberal da ditadura.

Nostalgia de Pinochet

O candidato da extrema direita, José Antonio Kast, concorre pela terceira vez. Em 2021, perdeu no segundo turno para Gabriel Boric, que não pode se candidatar novamente. Pai de nove filhos, Kast declarou em uma campanha anterior que não se recusaria a "tomar um chá no Palácio La Moneda" com Augusto Pinochet. Ele acrescentou que "se o ex-ditador estivesse vivo, votaria em mim"

No entanto, nesta campanha, evitou mencionar Pinochet para tentar conquistar a base da direita tradicional. Seu discurso se concentrou no combate à criminalidade e à imigração. Esses temas dominaram toda a campanha, deixando de lado reivindicações levantadas pelo gigantesco movimento social iniciado em outubro de 2019, quando os chilenos se mobilizaram em massa para protestar contra as desigualdades e contra o modelo de proteção social herdado da ditadura.

"Se acabó el webeo" ("a festa acabou"), proclamam os cartazes de José Antonio Kast. Os partidários do candidato de extrema direita consideram que o movimento de 2019 demostrou mais vandalismo do que reivindicações legítimas.

Retorno do voto obrigatório

Um grande fator imprevisível desta eleição, que pode frustrar as previsões das pesquisas, será o efeito nas urnas do retorno do voto obrigatório, suspenso desde 2012 e restabelecido após a eleição presidencial de 2021. Cerca de cinco milhões de pessoas que normalmente não votam serão obrigadas a comparecer às urnas neste domingo, sob pena de multa se não justificarem a ausência.

A escolha dessas pessoas, geralmente menos politizadas, é difícil de antecipar, especialmente no caso dos estrangeiros, que têm direito de voto após cinco anos de residência legal no Chile. As pesquisas indicam que cerca de 20% dos eleitores estão indecisos.

O retorno do voto obrigatório e o grande número de indecisos podem criar surpresa em favor de outros candidatos? Evelyn Matthei, representante da coalizão de direita tradicional se apresenta como a candidata da moderação, após essa campanha extremamente polarizada.

Outro adversário que tenta surpreender é Johannes Kaiser. Também candidato de extrema direita, Kaiser é libertário, cético em relação ao clima, e é frequentemente comparado ao presidente argentino Javier Milei.

Militantes de esquerda preocupados

Os simpatizantes da esquerda chilenos ouvidos pela reportagem da RFI já demonstram preocupação diante de uma possível vitória da extrema direita no segundo turno. No centro de Santiago, em frente à Universidade do Chile, Ignacio vende livros dispostos sobre um pano preto no chão. "É muito preocupante e angustiante ver que os discursos de ódio ganham tanto espaço hoje", lamenta o homem de 34 anos. "Acho que o programa da extrema direita tornaria nossas vidas ainda mais precárias", adverte.

Alguns metros adiante, Maria José e Paz vendem plantas em uma pequena barraca. Uma vitória da extrema direita, "seria a pior coisa que poderia acontecer", diz Maria José. Sua amiga Paz acredita que "teria de deixar o país por (suas) ideias políticas". Ela está preocupada porque é comunista.

Miguel, outro chileno ouvido pela RFI em Santiago, já antecipa uma vitória da extrema direita no segundo turno. De acordo com ele, "a extrema direita nega a violência política da ditadura e planeja suprimir direitos essenciais. E o que mais me dói é ver que isso pouco importa aos chilenos. As pessoas estão dispostas a aceitar uma deriva autoritária em troca de promessas vazias."

O candidato da extrema direita, José Antonio Kast, prometeu durante toda a campanha que, se for eleito presidente, acabará com a imigração ilegal, a delinquência e o narcotráfico.

Eleições legislativas

Além da escolha do futuro chefe de Estado, os chilenos também elegem neste domingo os novos representantes das duas câmaras do Congresso, onde a coalizão de esquerda no poder é minoritária. Estão na disputa todas as 155 vagas da Câmara dos Deputados, e 23 das 50 cadeiras do Senado.

No final dessas eleições, a direita poderá controlar simultaneamente a presidência e as duas câmaras do Congresso pela primeira vez desde o fim da ditadura de Pinochet, em 1990. Com uma maioria de quatro sétimos em cada uma das casas, ela poderia até realizar reformas constitucionais.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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