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Alerta global de atrocidades no Sudão; queda de El-Fasher intensifica risco de limpeza étnica

A comunidade internacional acompanha com preocupação a escalada do conflito no Sudão após a queda de El-Fasher, último reduto do exército na região oeste. O general Abdel Fattah al-Burhan confirmou no domingo (26) que suas tropas se retiraram da cidade, após a vitória anunciada pelas Forças de Apoio Rápido (FSR), lideradas por Hemedti. El-Fasher, capital estratégica de Darfur do Norte, estava sitiada há 18 meses.

28 out 2025 - 12h39
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A comunidade internacional acompanha com preocupação a escalada do conflito no Sudão após a queda de El-Fasher, último reduto do exército na região oeste. O general Abdel Fattah al-Burhan confirmou no domingo (26) que suas tropas se retiraram da cidade, após a vitória anunciada pelas Forças de Apoio Rápido (FSR), lideradas por Hemedti. El-Fasher, capital estratégica de Darfur do Norte, estava sitiada há 18 meses.

Imagem extraída de um vídeo publicado em 26 de outubro de 2025 na conta do Telegram das Forças de Apoio Rápido (RSF) mostra combatentes paramilitares armados comemorando nas ruas de El-Fasher, em Darfur, no Sudão.
Imagem extraída de um vídeo publicado em 26 de outubro de 2025 na conta do Telegram das Forças de Apoio Rápido (RSF) mostra combatentes paramilitares armados comemorando nas ruas de El-Fasher, em Darfur, no Sudão.
Foto: AFP - - / RFI

Com a tomada da cidade, as FSR passam a controlar todas as capitais estaduais de Darfur. Embora o exército tenha inicialmente mantido silêncio, al-Burhan prometeu vingança e afirmou que suas tropas lutarão "até purificar esta terra". O governador de Darfur, nomeado pela Aliança Tasis e leal às FSR, celebrou publicamente a "libertação de El-Fasher".

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, alertou que El-Fasher enfrenta uma "situação extremamente precária", com risco de "atrocidades motivadas por razões étnicas em larga escala". O escritório de Türk tem recebido relatos alarmantes de execuções sumárias pelas FSR.

As Forças Conjuntas, aliadas do exército, acusaram as FSR de matar mais de 2.000 civis nos dias 26 e 27 de outubro, incluindo mulheres, crianças e idosos. O Laboratório de Pesquisa Humanitária da Universidade de Yale indicou que El-Fasher está passando por um processo "sistemático e intencional de limpeza étnica" contra as comunidades Fur, Zaghawa e Berti. As ações incluem incursões porta a porta e execuções sumárias, podendo configurar crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio.

Vídeos divulgados pelas FSR mostram civis famintos e exaustos cercados por combatentes. Comitês de resistência afirmam que muitos foram capturados ao tentar fugir. Uma das filmagens mostra um combatente atirando à queima-roupa em civis desarmados; outra mostra o oficial Abou Loulou executando homens sentados no chão.

Crise humanitária agravada e ataque ao hospital

A população civil de El-Fasher, já em situação de fome após 18 meses de cerco, está no epicentro dos combates. Cerca de 260 mil pessoas — metade delas crianças — estavam isoladas sem acesso a ajuda. Campos de deslocados foram declarados em estado de fome. O governador de Darfur do Norte pediu proteção aos civis.

A crise se agravou após o bombardeio ao único hospital parcialmente funcional, ocorrido no domingo (26). A Rede de Médicos do Sudão denunciou o ataque como "crime de guerra". O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, confirmou que a maternidade do hospital saudita foi atingida, com uma enfermeira morta e três profissionais feridos. Desde domingo, não há comunicação com El-Fasher, dificultando a verificação da situação.

Reações internacionais e temor de partição

O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a "terrível escalada" e apelou à comunidade internacional para pressionar países que fornecem armas aos beligerantes. O chefe das operações humanitárias da ONU pediu passagem segura para os civis.

O presidente da Comissão da União Africana condenou as graves violações. A União Europeia expressou "grave preocupação" e afirmou que está documentando todas as violações, garantindo que "não pode haver impunidade".

Massad Boulos, conselheiro especial do presidente dos EUA para a África, classificou a queda de El-Fasher como uma evolução estratégica preocupante. Ele alertou que o conflito pode levar à partição do Sudão, em cenário semelhante ao da Líbia. Analistas observam que o país está dividido ao longo de um eixo leste-oeste, e quanto mais a guerra se prolongar, maior a chance de essa divisão se tornar irreversível.

Desde abril de 2023, o exército e as FSR se enfrentam. O exército conta com apoio de Egito, Arábia Saudita, Irã e Turquia. Os Emirados Árabes Unidos, que negam fornecer armas às FSR, integram o grupo Quad (com EUA, Arábia Saudita e Egito), que busca uma paz negociada — sem avanços nas conversações recentes em Washington.

(com agências)

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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