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África

HRW: ação militar foi o mais grave massacre da história moderna do Egito

"O excessivo e injustificado uso de força letal foi a pior resposta possível ao já muito tenso momento do Egito atualmente", disse Joe Stork, diretor da HRW para o Oriente Médio e Norte da África, em comunicado

19 ago 2013 - 13h11
(atualizado às 13h54)
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Corpos de seguidores da Irmandade Muçulmana são vistos enfileirados em necrotério improvisado nos arredores mesquita Rabaa al-Adawiya
Corpos de seguidores da Irmandade Muçulmana são vistos enfileirados em necrotério improvisado nos arredores mesquita Rabaa al-Adawiya
Foto: Reuters

A organização de direitos humanos Human Rigths Watch (HRW) classificou a ação das forças militares egípcias durante o desmantelamento de dois acampamentos de apoiadores do presidente deposto Mohamed Mursi, no último dia 14, como o "mais sério incidente de assassinatos em massa da história moderna do Egito". Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, a HRW disse que reconstruiu os episódios da semana passada por meio de documentos e entrevistas, e que é possível afirmar que o número de mortos é muito maior do que os números divulgados pelo governo.

"A investigação da Human Rights Watch indica que a decisão de usar munição real em larga escala durante a ação nos acampamentos reflete uma falha em observar padrões básicos de policiamento, e o uso de tal força letal não se justifica pelos distúrbios causados pelos manifestantes ou pela posse limitada de armas por algumas das pessoas que participavam das demonstrações", diz o comunicado, acrescentando que as autoridades também falharam ao não providenciar uma saída segura para os acampados nos locais a serem evacuados.

"O excessivo e injustificado uso de força letal foi a pior resposta possível ao já muito tenso momento do Egito atualmente", disse Joe Stork, diretor da HRW para o Oriente Médio e Norte da África, em comunicado. "Os dirigentes militares do Egito devem controlar as forças policiais de modo a prevenir um espiral de ainda mais violência no país. Os militares não devem encorajar a polícia a utilizar ainda mais força letal", acrescentou Stork.

Segundo a organização, a investigação - que ainda segue em curso - chegou à conclusão de que o número de mortos durante a retirada do acampamento de Rabaa é consideravelmente maior do que o oficial, o que já era reclamado pela Irmandade Muçulmana. O governo disse que 288 pessoas morreram na ação, mas a HRW afirma que são ao menos 377 mortos. 

Para tentar reconstruir os massacres de Rabaa, em Nasr City, e em Nahda, em Gizé, na região metropolitana do Cairo, a investigação da HRW entrevistou 41 manifestantes, médicos e moradores de ambas as áreas. Integrantes da organização também visitaram o centro médico de Rabaa al-Adawiya e outros hospitais e câmaras mortuárias de  Nasr City e Gizé.

Fonte: Terra
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