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Aspirina tem ação comprovada contra enfartes; alho, não

ESPECIALISTAS ALERTAM QUE ALIMENTO PODE TER BENEFÍCIOS, MAS NÃO SUBSTITUI MEDICAÇÃO RECOMENDADA POR MÉDICOS

24 abr 2025 - 14h31
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O que estão compartilhando: que o alho funciona tão bem quanto a aspirina para prevenir ataques cardíacos.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Não há comprovação científica de que o alho aja da mesma maneira que a aspirina na prevenção de infartos. Conforme o cardiologista Jadelson Andrade, o medicamento é recomendado em casos específicos. Primeiro, para pacientes que já têm placas formadas no interior das artérias: a aspirina evita que elas cresçam. Segundo, para indivíduos com suspeita de enfarte: o remédio evita que ele progrida até o atendimento médico de urgência.

Evidências disponíveis sobre o alho apontam que, em grande quantidade, o alimento pode reduzir a pressão arterial e diminuir o colesterol. Porém, ensaios clínicos de longo prazo (estudos feitos com pacientes para testar intervenções médicas) são necessários.

Quais as propriedades reais do alho?

O Manual MSD de informações médicas lista as evidências mais bem fundamentadas disponíveis sobre o alho. Há indícios de benefícios na redução da pressão arterial e do colesterol, o que pode reduzir os riscos de problemas cardíacos. Contudo, a revisão de estudos citada pelo manual não indica o uso do alimento para prevenir ataques cardíacos.

Conforme os pesquisadores, suplementos de alho "podem ser considerados uma opção complementar de tratamento para hipertensão, colesterol levemente elevado e estimulação da imunidade".

É importante ressaltar que pacientes com problemas no coração devem ter acompanhamento médico. Apenas um profissional de saúde pode indicar o tratamento adequado.

Como a aspirina atua nos problemas cardíacos?

Conforme o cardiologista Jadelson Andrade, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e membro da Academia de Medicina da Bahia, a aspirina é recomendada contra doenças que entopem as artérias coronárias. O medicamento tem ação antiagregante plaquetária - isto é, ele impede que as plaquetas do sangue se juntem umas às outras, o que poderia formar coágulos, enfartes e AVCs.

"É como se fosse um lubrificante que você usa para tirar ferrugem. Essa ação antiagregante da aspirina é que confere a ela esse potencial de ajudar a evitar eventos cardíacos", explicou.

O uso do medicamento em problemas relacionados ao coração é indicado em dois casos específicos. O primeiro, em doses pequenas (de 81 a 100 miligramas) e usadas diariamente, é na prevenção secundária para pacientes que já têm placas de gordura formadas no interior das artérias, tanto do coração, que causam infarto, quanto carótidas, que causam AVC.

São casos em que os indivíduos também apresentam outros fatores de risco, como colesterol elevado e hipertensão. "A indicação do uso da aspirina se dá porque ela evita que o colesterol se deposite nessas placas e as aumentem", observou o médico.

O tratamento é associado a outros medicamentos para baixar o colesterol e controlar a pressão. O uso da aspirina nesses quadros é crônico.

A segunda indicação é em suspeita de enfarte. "Se o indivíduo tem fatores de risco e tem uma dor no peito acompanhada de sudorese, se há uma suspeita de infarto, a gente recomenda que ele mastigue duas aspirinas de 100 miligramas e engula", disse o cardiologista.

O médico explica que isso é importante porque quando uma das placas de gordura no interior das artérias se rompe - em situação de estresse ou de esforço físico exagerado, por exemplo - se forma um coágulo que entope totalmente a artéria. Isso impede o fluxo de sangue para o coração, resultando em enfarte.

A aspirina tem o poder de desfazer esse coágulo. Assim que ingeridas as aspirinas, a pessoa deve procurar o atendimento médico urgentemente.

No caso de indivíduos sem placas, a recomendação é controlar o colesterol e a pressão alta com outros medicamentos. Além disso, é importante a prática de atividade física, perda de peso e evitar fumar.

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Alho elimina as bactérias do corpo?

O vídeo analisado aqui diz que se você tomar uma mistura de alho, limão e mel todos os dias terá um antibiótico natural que mata todas as bactérias e cura várias doenças. Mas isso não é verdade.

O infectologista Marcelo Daher, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), observa que não há comprovação científica de que a mistura elimine todas as bactérias do corpo.

"A gente não consegue eliminar todas as bactérias do corpo", explicou. "Isso é até danoso, porque há bactérias no nosso organismo que são positivas".

As bactérias estão presentes na microbiota humana (conjunto de micro-organismos que vivem no corpo humano). Por exemplo, elas estão na boca e no intestino, e são fundamentais para o equilíbrio das funções biológicas.

"As bactérias nos ajudam muito na digestão e até na imunidade. Então, nada faz com que a gente esterilize o nosso organismo. Não tem algo benéfico nisso", explicou o médico.

Daher observa que existe a cultura popular de uso de mel, alho e limão para tratar alguns quadros respiratórios, principalmente os mais leves, mas que isso não pode substituir um tratamento médico profissional quando necessário.

"O mel tem certa ação no controle da tosse, por exemplo, mas é importante as pessoas entenderem que não é um medicamento e não vai curar todos os problemas", afirmou.

A recomendação é que o uso desses preparos não seja algo rotineiro e que não se dispense a ida ao médico.

"Se o quadro não melhora, ou se piora, é muito importante que a pessoa procure uma unidade médica para que seja consultada e medicada da maneira correta", alertou.

Estadão
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