Grupo criminoso alvo de megaoperação fraudava R$ 350 milhões por mês, diz Tarcísio
Governador de São Paulo falou sobre ação conjunta com Ministério Público, Receita Federal e mais agentes
Grupo Refit, com dívida de mais de R$ 26 bilhões, fraudava R$ 350 milhões por mês, valor comparado a investimentos em saúde e educação; megaoperação envolveu diversos órgãos para desarticular o esquema.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, comparou os valores da sonegação fiscal e fraude do Grupo Refit, que tem dívida de mais de R$ 26 bilhões em tributos estaduais e federais relacionados a combustíveis, ao valor investido em Saúde e Educação no Estado, para mostrar o tamanho do problema causado aos cofres públicos. O grupo foi alvo de uma megaoperação nesta quinta-feira, 27.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Em coletiva de imprensa realizada nesta manhã, o governador informou que o grupo fraudava R$ 350 milhões por mês, equivalente à verba usada para construir e equipar um hospital público do Estado.
“A gente está falando de uma operação contra um grupo que tem inscrito em dívida ativa R$ 9,6 bilhões. R$ 9,6 bi que deixaram de entrar nos cofres do Estado”, disse o governador. “É como se a gente afastasse do cidadão, negasse ao cidadão o serviço de saúde. Essas pessoas fraudam R$ 350 milhões por mês”.
“É como se a gente tirasse da população um hospital de médio porte por mês. É isso que a gente está afastando do cidadão. É como se a gente impedisse a construção de 20 escolas por mês. Esse é o tamanho da fraude”, comparou.
O governador agradeceu a colaboração com órgãos como o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de São Paulo (CIRA-SP), Ministério Público de São Paulo (MPSP), Receita Federal, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Procuradoria-Geral do Estado de SP, Secretaria da Fazenda e Planejamento de SP, Secretaria Municipal da Fazenda de SP, além de policiais civis e militares, e também dos GAECOs.
Tarcísio ainda explicou o mecanismo da fraude. O grupo declarava os débitos, mas não os pagava. Depois, criava novos arranjos para evitar pagar os tributos, o que gerou o inconformismo por parte das autoridades, que passaram a investigar a prática, revelando um complexo esquema criminoso. “Quando você entrava com a ação de execução, nunca tinha patrimônio. O patrimônio já tinha sido dilapidado, já tinha sido distribuído nesse grande arranjo criminoso”.
Megaoperação 'Poço de Lobato'
Uma megaoperação realizada na manhã desta quinta-feira, dia 27 de novembro de 2025, cumpre mandados de busca e apreensão contra 190 alvos ligados ao Grupo Refit, dono da antiga Refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e dezenas de empresas do setor de combustíveis
O Grupo Refit, comandado pelo empresário Ricardo Magro, é considerado o maior devedor de ICMS do Estado de São Paulo, o segundo maior do Rio de Janeiro e um dos maiores da União. A defesa do grupo ainda não se manifestou.
Batizada de Poço de Lobato, a ação mobiliza 621 agentes públicos, entre promotores de Justiça, auditores fiscais da Receita Federal, das secretarias da Fazenda do município e do estado de São Paulo, além de policiais civis e militares.
Ao Terra, o Grupo Refit se pronunciou por meio de nota. Leia a íntegra:
"A Refit esclarece que os débitos tributários apontados pela Secretaria da Fazenda de São Paulo, que serviu como base para a operação Poço de Lobato estão sendo questionados pela companhia judicialmente — exatamente como fazem inúmeras empresas brasileiras que divergem de uma cobrança tributária, incluindo a própria Petrobras, maior devedora do Estado do Rio de Janeiro.
Trata-se, portanto, de uma disputa jurídica legítima e não de qualquer tentativa de ocultar receitas ou fraudar o recolhimento de tributos. Todos os tributos estão devidamente declarados, portanto não havendo que se falar em sonegação.
É lamentável que as autoridades constituídas permitam ser levadas a erro pelo cartel das distribuidoras personificado no Instituto Combustível Legal."
