Bets investigadas pela PF em esquema de tráfico usaram dinheiro ilícito para regularizar cadastro
Parte dos valores movimentados pela organização criminosa teria sido direcionado para estruturas empresariais vinculadas ao setor de apostas
Bets investigadas pela PF usaram dinheiro ilícito do tráfico internacional de drogas para regularizar cadastros no Brasil, com prisões de influenciadores e bloqueio de até R$ 630 milhões.
As empresas de apostas investigadas por envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional de drogas utilizaram dinheiro de origem ilícita para regularizar cadastro junto ao governo federal para poder atuar no Brasil, segundo informou nesta terça-feira, 14, Marcelo Alberto Marceiras, delegado judiciário da regional da Polícia Federal (PF) de São Paulo.
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“Algumas bets são, sim, regularizadas e nós temos a informação de que parte do valor necessário para conseguir a licença dessas bets tem origem ilícita”, disse.
De acordo com a investigação, parte dos valores movimentados pela organização criminosa teria sido direcionada para estruturas empresariais vinculadas ao setor de bets -- apostas eletrônicas.
Operação
As investigações apontam que o grupo criminoso utilizava movimentações financeiras em criptomoedas e remessas internacionais para despistar as autoridades, tentando ocultar origem ilícita dos valores e a dissimulação patrimonial.
A PF apura ainda que parte desse dinheiro movimentado pelo grupo teria sido enviado para estruturas empresariais vinculadas ao setor de apostas eletrônicas, as chamadas bets.
Ao todo, são cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e 11 ordens de prisão em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além disso, foram bloqueados montantes que, somados, chegam a mais de R$ 630 milhões.
Prisão de influenciadores
Na operação, a PF prendeu preventivamente o influenciador Tacio Domingues, conhecido como T10, e Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira. O irmão dele também foi detido na ação.
Buzeira tem mais de 15 milhões de seguidores e já era alvo de investigação da Polícia Civil por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e exploração de jogos de azar por causa da realização de sorteios e rifas realizadas em seu perfil no Instagram.
Até o momento, foram apreendidos carros de luxo, dólares em espécie e um relógio. Ainda segundo a PF, os investigados poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, com indícios de atuação transnacional.
De acordo com a PF, a Operação Narco Bet é um desdobramento da Narco Vela, realizada em abril deste ano, que teve como objetivo conter o tráfico internacional de drogas com veleiros e embarcações particulares, a partir do litoral brasileiro.
Em nota, a defesa de Buzeira afirmou que ainda não teve acesso integral aos autos da operação e que, nesse momento, é prematuro qualquer julgamento ou ilação. Ainda segundo o advogado Jonas Reis, que representa o influenciador, não há, até o presente momento, qualquer elemento concreto que comprove o envolvimento do influenciador em atividades ilícitas.
"Bruno é trabalhador, possui residência fixa, fonte de renda lícita e atua há anos de forma pública nas redes sociais, sendo reconhecido nacionalmente por sua atividade profissional como criador de conteúdo digital. [...] Reiteramos o pedido de respeito à presunção da inocência, ao devido processo legal e à imagem do investigado, evitando-se especulações e julgamentos precipitados", finaliza.

