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Colorismo: saiba o que significa esta forma de racismo

Saiba mais sobre o termo colorismo, também conhecido por pigmentocracia, e suas consequências

25 set 2023 - 05h00
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Entenda o que significa o termo colorismo e quais são as suas consequências
Entenda o que significa o termo colorismo e quais são as suas consequências
Foto: RyanJLane / iStock

O termo colorismo tem aparecido com mais frequência em discussões sobre tipos de racismo no Brasil. Apesar do conceito não ser novo, nas últimas décadas o movimento negro e a sociedade têm se preocupado mais com suas consequências.

Compreender o que é essa forma de preconceito, também chamada de pigmentocracia, contribui para o combate à discriminação e ajuda a entender as diferenças de tratamento que as pessoas negras recebem ou mesmo razões por trás de desigualdades entre os negros.

O que é colorismo ou pigmentocracia?

Colorismo ou pigmentocracia é um conceito no qual pessoas negras são diferenciadas de acordo com o seu tom de pele ou traços físicos, também chamado de fenotípicos. Esse tipo de preconceito também pode ser usado contra outros grupos étnicos.

No colorismo, o objetivo é diferenciar traços e tons de pele entre negros e, a partir dessas diferenças, definir como uma pessoa será tratada. A depender dos traços de negritude, uma pessoa negra pode sofrer diferentes formas de racismo durante a vida.

Com o colorismo, é estabelecida uma escala de cor com variações entre a pele branca e a pele negra. Quanto mais uma pessoa negra se aproxima do que é entendido como branco, maior tende a ser a tolerância dessa pessoa em diferentes espaços sociais.

Porém, quanto mais escuro for o tom de pele de uma pessoa negra ou mais traços de negritude ela tiver, como cabelo crespo ou nariz e lábios mais largos e grossos, mais ela tende a sofrer racismo, preconceito e exclusão.

Como o colorismo surgiu?

O preconceito baseado nos tons de pele tem origem no processo de escravização de pessoas negras africanas. Para impedir a união e revolta dos escravizados, os senhores de engenho estimulavam uma espécie de diferenciação e competição entre negros de pele clara e pele escura. 

A miscigenação praticada a partir da violência dos invasores europeus no Brasil contra a população negra também contribuiu para a diferenciação a partir do tom de pele. 

Além disso, entre os séculos 19 e 20, as elites buscaram instaurar no país um processo de embranquecimento da população. Isso fez com que pessoas negras de pele mais clara ou traços mais próximos aos europeus fossem mais toleradas na sociedade do que pessoas negras de pele retinta e traços negróides.

O termo colorismo surge em livros por volta da década de 1980, especialmente com a publicação do texto "Se o presente parece com o passado, como será o futuro?", em 1982, pela escritora Alice Walker. 

A escritora registrou na obra que os diferentes traços e tons de pele das pessoas negras interferem na maneira como elas são vistas. Outros livros, como “Colorismo", de Alessandra Devulsky, afirmam que o colorismo é um subproduto do racismo.

Diferenças entre colorismo e racismo

O racismo é um tipo de opressão e discriminação voltado a todas as pessas de uma determinada raça, como ocorre com a raça negra no Brasil. Já o colorismo é um desdobramento do racismo e diz respeito ao tratamento que alguém recebe de acordo com a tonalidade da pele ou aspectos físicos.

Com isso, o racismo ocorre com pessoas negras de forma geral, mas o colorismo cria um tipo de tolerância a quem é considerado mais próximo de ser uma pessoa branca. Já para pessoas pretas, o colorismo é um recurso de exclusão e opressão.

Para tentar amenizar os efeitos do racismo e da discriminação, muitas pessoas negras adotaram práticas como alisar os cabelos ou esconder traços de negritude com maquiagem para se aproximar do tom de pele e traços brancos. 

Assim, o colorismo tende a ser como um sistema em que pessoas brancas toleram a presença de negros que buscam se parecer com o padrão físico europeu e excluem aqueles que estão mais próximos da negritude.

Quais as consequências do colorismo no Brasil?

O colorismo está por trás de algumas situações de desigualdade e de racismo entre pessoas pretas e pardas. Por causa do conceito, por exemplo, é mais comum ver em campanhas de publicidade pessoas negras de pele mais clara do que aquelas de pele retinta, por exemplo.

A presença de pessoas negras em determinados espaços também é diferente entre pretos e pardos. Levantamento do Instituto Ethos indica que, no Brasil, entre os cargos de liderança das 500 maiores empresas do país, apenas 4,7% são pessoas negras, sendo que muitas delas foram toleradas nessas posições pelo tom mais claro de sua pele, segundo especialistas.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), além da desigualdade entre brancos e negros, existem diferenças demográficas entre pretos e pardos, que compõem a raça negra no país sendo, respectivamente, 10,6% e 45,3% da população brasileira:

  • Em 2021, o rendimento médio dos trabalhadores pretos era de R$ 1.764,00, contra R$ 1.814,00 dos trabalhadores pardos. No caso dos brancos, o rendimento médio foi de R$ 3.099,00;
  • A taxa de desocupação ou desemprego era de 16,5% para a população preta e de 16,2% para a população parda, contra 11,3% da população branca em 2021, segundo o Instituto; 
  • Naquele mesmo ano, a proporção de pessoas pobres no Brasil era de 34,5% entre os pretos e de 38,4% entre os pardos, contra apenas 18,6% dos brancos;
  • Em 2019, 20,6% das pessoas pretas haviam sofrido no ano anterior violência física, psicológica ou sexual. O percentual foi de 19,3% entre os pardos e 16,6% entre os brancos;
  • Na política, em 2020, as pessoas pretas representavam apenas 2% dos prefeitos, enquanto o índice era de 30% entre os pardos. 67,1% dos prefeitos eram brancos, segundo levantamento do IBGE naquele ano.

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Fonte: Redação Nós
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