Wall Street está ignorando a eleição presidencial de uma forma sem igual nos últimos 20 anos, disseram analistas à agência Dow Jones. "Não me lembro de uma eleição em que os mercados se tenham mostrado tão pouco preocupados", disse Peter Hooper, economista-chefe para os EUA do Deutsche Bank Securities em Nova York. "Basicamente, as pessoas acham que quem ganhar vai apenas tentar manter a atual prosperidade", disse William Dudley, economista da Goldman Sachs & Co. Inc. Os investidores, em geral, têm muito a temer de um presidente recém-eleito.
Os EUA tiveram seis nos últimos 40 anos, e a chegada de cinco deles coincidiu com uma desaceleração no crescimento econômico pelo intervalo de um ano, segundo o Deutsche Bank. Na média, o crescimento desacelerou um ponto porcentual.
Os analistas não têm certeza por que a desaceleração acontece, mas mencionam a tendência de os presidentes adotarem suas políticas mais radiciais no primeiro ano de mandato, para não correr o risco de uma desaceleração econômica no final. Os novos presidentes também apontam conselheiros econômicos novos, o que pode levar instabilidade para os mercados financeiros, escreveu Hooper num relatório para clientes na sexta-feira.
Acredita-se que a metade dos 206 milhões de eleitores americanos não vai votar amanhã. Os investidores, de seu lado, concentraram sua atenção nos balanços trimestrais das empresas e nas oscilações do petróleo nos últimos três meses. A economia americana, segundo os analistas, deve desacelerar no próximo ano, independentemente de quem seja o presidente. Mas o risco de um crash causado por uma iniciativa presidencial é tão remoto que pode ser ignorado, acrescentam.
Não é que o próximo presidente não faça diferença para o cenário econômico americano. No mês passado, duas conceituadas empresas colocaram os detalhes dos planos de Bush e Gore em programas sofisticados de computador para projetar as condições econômicas. As empresas Goldman Sachs e Standard & Poor's chegaram a conclusões idênticas: se as propostas de Bush e Gore forem aplicadas, o crescimento econômico nos EUA em dez anos será levemente menor e acompanhado por um inflação levemente mais alta do que se as atuais políticas econômicas forem mantidas.
Bush afirma que vai cortar US$ 1,3 trilhão em impostos e elevar os gastos do orçamento em US$ 475 bilhões em dez anos. Gore diz que vai cortar US$ 480 bilhões em impostos e aumentar os gastos US$ 1,2 trilhão na próxima década.
Segundo os economistas, Bush e Gore vão parar ou reverter o crescimento dos superávits orçamentário que ajudaram a manter os juros norte-americanos relativamente baixos.
Nick Sargen, economista que assessora grandes clientes privados do J.P.
Morgan Inc., disse que as diferenças são simplesmente "diferenças de prioridades" que beneficiariam levemente alguns mercados financeiros e teriam efeito levemente negativo sobre outros: as ações, por exemplo, tenderiam a ter melhor desempenho sob Bush do que sob Gore, enquanto os bônus seriam prejudicados. O resultado final seria semelhante. "A aplicação de um ou outro plano vai pôr fim a um longo período de rigidez fiscal e aumentaria os riscos de aumentos nos juros", segundo um relatório da Goldman Sachs de outubro.
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