BYD assume linha de trem inacabada de SP em 2026
Greentech chinesa vai fornecer trens e o sistema da Linha 17-Ouro, que vai ligar o aeroporto de Congonhas à malha metroviária de São Paulo
Depois de mais de uma década de promessas, a Linha 17-Ouro do monotrilho finalmente tem data: março de 2026. Quem vai fornecer os trens é BYD - o futuro da mobilidade em SP agora tem sotaque chinês
A Linha 17-Ouro do monotrilho, promessa que atravessou governos e cronogramas (a ideia inicial era ser lançada em 2014), ganhou uma nova data de estreia: março de 2026. Mas, ao contrário dos inúmeros adiamentos anteriores, agora o projeto tem um nome de peso por trás da retomada: a chinesa BYD.
A gigante, conhecida mundialmente pelos veículos elétricos, assumiu o fornecimento de trens da linha, o que aumenta as chances de, enfim, tirar o projeto do papel - ou do concreto parado. A operação será da ViaMobilidade, a mesma que comanda as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda do sistema de trens metropolitanos de SP.
A previsão foi anunciada nesta segunda-feira (4) pelo presidente do Metrô de São Paulo, Julio Castiglioni, que revelou que a operação comercial começará no primeiro trimestre de 2026, com todos os trens em circulação até setembro do mesmo ano.
A concessionária BYD SkyRail, braço da empresa no Brasil, já iniciou a fabricação dos trens na fábrica de Shenzhen, na China, e a expectativa é que as composições comecem a chegar ao país ainda este ano.
Vale mencionar que a BYD já tem dois trens no pátio (um deles foi entregue em outubro de 2024) e mais dois estão no porto de Santos na espera para subir ao pátio próximo à estação Água Espraiada.
O projeto da Linha 17-Ouro é um dos mais simbólicos - e controversos - da mobilidade paulistana. Ele foi anunciado originalmente para a Copa do Mundo de 2014 - seu monotrilho deveria ligar o Aeroporto de Congonhas à malha metroviária da capital.
No entanto, a obra acumulou paralisações, trocas de empresas contratadas, aditivos e disputas judiciais. A entrada da BYD no projeto marcou uma reviravolta.
A empresa asiática, que já atua no transporte público elétrico em diversas cidades do mundo e vem ganhando espaço no Brasil, venceu a licitação para concluir as obras. O investimento total previsto é de R$ 5,8 bilhões.
A futura Linha 17 promete oferecer 6,7 km de extensão, oito estações e integração com as Linhas 9-Esmeralda da CPTM e 5-Lilás do metrô, além de um novo acesso ao aeroporto.
A aposta do governo paulista é que a expertise tecnológica da BYD no setor de transporte sobre trilhos reduza o risco de novos atrasos. Além da construção dos trens, a empresa também é responsável pela implantação de sistemas de sinalização e de controle. O modelo adotado será o SkyRail automatizado, um monotrilho com condução autônoma.
Se cumprido o cronograma, o primeiro trecho da linha começará a transportar passageiros pouco antes das eleições municipais de 2026 - prazo politicamente simbólico. Para os moradores da zona sul e para quem utiliza o aeroporto de Congonhas, será a primeira conexão direta com o metrô paulistano.