Fórmula E acelera o X-Trail: Nissan usa pistas para otimizar tecnologia do SUV
Sistema de tração integral e4Orce do modelo, que chega ao Brasil em 2026, tem desenvolvimento acelerado nas pistas de corrida
Após muitas idas e vindas, a Nissan enfim confirmou o lançamento do X-Trail no Brasil. De acordo com a fabricante, o SUV médio chega ao nosso país, caso os planos não mudem, até o fim de 2026. E com tecnologia que será, de certo modo, aperfeiçoada nas pistas. Mais especificamente na Fórmula E, que abre a temporada 2025-26 neste sábado, 6, em mais uma edição do ePrix de São Paulo, com largada programada para as 14h.
O Nissan X-Trail vem com a tração integral inteligente e4Orce (lê-se e-force). O sistema usa dois motores elétricos independentes - um na dianteira e outro na traseira - para controlar tração e, por conseguinte, equilíbrio da carroceria, subesterço e sobresterço.
Usualmente, uma tração mecânica convencional faz uma distribuição 50:50 da força motriz. Já um sistema como o da Nissan é capaz de alternar de 100:0 a 0:100, aponta a empresa. Gerencia em milissegundos o quanto de torque vai para o eixo dianteiro e para o traseiro (um vetorizador longitudinal) com extrema rapidez, antes mesmo da atuação do controle eletrônico de estabilidade (ESC). Desse modo, há garantia de aderência.
Se nos automóveis de passeio, como o Nissan X-Trail, uma tração integral é pensada com foco em conforto e estabilidade, nos carros de corrida da Fórmula E tem outra funcionalidade. O objetivo aqui é maximizar performance em arrancadas e saídas de curva, bem como otimizar algo importantíssimo na categoria de monopostos elétricos: a energia.
A categoria adotou tração integral a partir da geração de carros Gen3 EVO, usados desde 2024-25. O sistema será levado aos modelos Gen4, que prometem potência máxima de 600 kW (o equivalente a 816 cv), configurações de alto e baixo downforce e desempenho que deve ficar entre o de um Fórmula 1 e um Fórmula 2.
Tecnologia do Nissan X-Trail nas pistas
De acordo com Tommaso Volpe, diretor-geral da equipe Nissan na Fórmula E, o time vem trabalhando com "insights" obtidos pelo departamento de pesquisa e desenvolvimento da montadora para entender melhor os seus carros. "Aprendemos muito sobre a tração integral por meio do que a empresa já tinha para automóveis de passeio. Assim conseguimos maximizar eficiência", salientou.
Claro que o sistema usado no Nissan X-Trail e o utilizado pela Fórmula E têm suas distinções. Bebem, porém, da mesma fonte. Ambos são AWD elétricos com dois propulsores com vetorização de torque em tempo real. Mapas e calibração são completamente diferentes.
Mas as similaridades garantem vantagens. Tanto é que a equipe Nissan terminou a temporada passada na terceira posição e conquistou o mundial de pilotos com o britânico Oliver Rowland. E pode ir além em 2025-26 graças à tecnologia presente no X-Trail, que chega em breve ao mercado brasileiro. "O desenvolvimento dos carros Gen4 nos permite trabalhar a tração integral e usar o algoritmo da e4Orce para explorar novas possibilidades", disse Volpe.
A relação entre time e montadora de veículos, contudo, não é de mero comensalismo. Existe reciprocidade.
"Estamos testando novas tecnologias para as 'devolver' à Nissan. Pegamos a base de dados existente, testamos em nosso contexto e levamos ao core business [produção de carros de passeio]", comentou o diretor da única equipe japonesa da Fórmula E. "Não há nenhum esporte a motor no momento que gere mais dados e conhecimento para o setor automotivo que a nossa categoria. Nós geramos mais valor em pesquisa e desenvolvimento, e isso deve ser mais divulgado", completou.
Em resumo, devemos ter uma versão otimizada da tração integral inteligente da Nissan pintando nas ruas daqui a pouco. Quem sabe já em uma atualização de software para o vindouro X-Trail.