Gears of War: Reloaded reforça legado da série com campanha icônica e multiplayer completo
Mesmo sem grandes novidades, a força do enredo e a variedade do multiplayer continuam no centro da experiência
Já se passaram quase vinte anos desde que Gears of War deixou sua marca definitiva no gênero de tiro em terceira pessoa. Lançado originalmente em 2006, o jogo não só consolidou Marcus Fenix e o Esquadrão Delta como ícones, mas também popularizou o sistema de cobertura que se tornaria referência em toda a indústria. Desde então, a franquia acumulou sequências, spin-offs e até uma remasterização, a Ultimate Edition, que trouxe o clássico de volta para uma nova geração.
Agora, Gears of War: Reloaded surge como mais uma oportunidade de revisitar esse início. A proposta é entregar a mesma experiência que fez sucesso, mas com toques visuais atualizados. A dúvida que paira é se essa nova versão realmente consegue se justificar ou se acaba soando apenas como mais um relançamento de um jogo que já passou por outras reedições.
Onde tudo começou
A trama de Gears of War: Reloaded, ou simplesmente Gears of War, gira em torno de Marcus e Dom. A história se passa 14 anos após o Dia da Emergência, quando o exército da rainha Myrrah e seus lacaios Locust emergiram no planeta Sera, deixando a humanidade em ruínas em uma guerra que já dura décadas. O objetivo de Marcus e do Esquadrão Delta é mapear os túneis usados pelos Locust para aparecer em qualquer lugar e destruí-los de dentro para fora.
Sem entrar em muitos detalhes para quem for jogar pela primeira vez, tanto a narrativa quanto o universo da franquia são realmente sólidos. Marcus, Dom, Cole, Baird e outros personagens roubam a cena em vários momentos, e quem ainda não os conhece vai entender facilmente por que continuam queridos até hoje. As fases permanecem as mesmas, e algumas são memoráveis, principalmente as que envolvem o General RAAM. Uma adição vinda da Ultimate Edition, que retorna aqui, são os capítulos extras ausentes na versão de Xbox 360, ajudando a amarrar pontas soltas da história original.
Durante as missões, é possível encontrar plaquetas dos CGO, um dos grupos militares do universo Gears. Coletá-las desbloqueia páginas de quadrinhos que expandem eventos anteriores à trama, incluindo detalhes sobre o pai de Marcus e até o motivo pelo qual ele é visto como traidor. Esses colecionáveis valem a pena, já que além de fáceis de encontrar, enriquecem o entendimento do universo e ainda entregam uma boa leitura.
Por mais que ainda seja o mesmo jogo, tive alguns problemas inéditos nesta versão, que não apareceram nem no Xbox 360, e muito menos na Ultimate Edition. Em certas missões, a inteligência artificial dos companheiros simplesmente parava de funcionar, só voltando ao normal ao alcançar um ponto de controle para forçar o retorno deles ao meu lado.
Mudanças tímidas
Quando Gears of War: Reloaded foi anunciado, surgiram piadas sobre ser “um remaster do remaster”, já que a Ultimate Edition, lançada há dez anos no Xbox One e PC, já havia feito algo parecido com o que é visto na Reloaded.
Na prática, dá para notar melhorias visuais, mas nada muito expressivo. Comparando lado a lado com a Ultimate Edition, a iluminação, as sombras, cenários e personagens estão mais detalhados, mas não há um salto grande. Isso reforça a ideia de que Reloaded existe muito mais para atrair jogadores de outras plataformas, como o PlayStation 5, e para preparar terreno para Gears of War: E-Day, que ainda não tem data de lançamento.
Na jogabilidade, a sensação é semelhante. O sistema de cobertura combinado à câmera sobre o ombro, que já virou a marca da série, permanece praticamente intocado. Marcus, Dom e os demais ainda correm agachados e usam os mesmos comandos de cobertura, fáceis de aprender e práticos de dominar. A frase “em time que está ganhando não se mexe” encaixa bem aqui. Mesmo após quase vinte anos, sair atirando com a Lancer, usar a Gnasher em curta distância ou cravar um disparo certeiro com o Arco de Torque continua divertido e acessível para qualquer jogador.
Multiplayer completo
Entre as poucas mudanças, o multiplayer é o que segue mantendo o interesse da comunidade. A maioria dos personagens da campanha, além de diversas variações de Locusts, estão disponíveis, e ainda é possível personalizar armas com skins, como a clássica Lancer dourada.
Nos modos de jogo, há o tradicional Mata-Mata em Equipe, Assalto e Rei do Pedaço, ambos focados em capturar áreas. O Zona de Guerra funciona quase como um hardcore, em que as partidas só terminam quando todos os membros de uma equipe são eliminados, sem regeneração de vida. Além disso, há modos especiais focados na Longshot, o rifle de precisão, e na Gnasher, em confrontos dois contra dois em mapas menores.
O multiplayer de Gears of War continua sendo único, diferente dos padrões do mercado. Dominar a cobertura e acertar o tempo certo da Gnasher sem mirar é algo que exige treino, mas é justamente essa curva de aprendizado que torna a experiência tão viciante. A quantidade de mapas é generosa e, com servidores oficiais no Brasil, encontrar partidas com ping baixo se torna bem mais simples, garantindo que a diversão seja consistente.
Considerações
Gears of War: Reloaded pode não trazer mudanças revolucionárias, mas reafirma por que o primeiro jogo da série ainda é tão respeitado. A campanha continua envolvente, com personagens que sustentam o peso da narrativa, e o multiplayer segue oferecendo uma experiência única.
Mesmo sem grandes novidades gráficas ou mecânicas, o pacote funciona como uma porta de entrada sólida para novos jogadores e como uma boa desculpa para veteranos revisitarem Sera. Mais do que um simples “remaster do remaster”, Reloaded cumpre seu papel de manter Gears de pé no imaginário dos fãs enquanto prepara o terreno para o aguardado E-Day.
Gears of War: Reloaded está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series, podendo ser jogado também via Game Pass.
Esta análise foi feita no Xbox Series S por meio do Game Pass.