Recorde de Neymar e toque de Diniz na Seleção: Brasil goleia Bolívia com a certeza que pode mostrar mais
Seleção brasileira adota 'Dinizismo' com facilidade e Neymar se torna o maior artilheiro do Brasil em jogos oficiais, passando o ídolo Pelé.
Na estreia, Fernando Diniz não poupou abraços e conversas com Neymar. A 'especialidade da casa' do treinador é cativar jogadores e extrair o melhor deles. O novo técnico da seleção deixou nítido, antes mesmo da partida contra a Bolívia começar, como poderá contribuir para o retorno da potência do ataque brasileiro. E deu pra ver que teve conexão.
O olhar foi também para um time com muita compreensão tática. Mesmo com poucos treinamentos em campo, Diniz conseguiu deixar sua marca. No primeiro tempo, um jogo compacto sem rifar a bola deu espaço nas laterais para o Brasil confortável sufocar a equipe boliviana. Na segunda metade, a seleção ficou leve para atacar, relaxou tanto que sofreu um gol de contra-ataque de Víctor Ábrego. O técnico expressivo se mostrou, com caras e bocas, descontente com a falta de atenção e logo o foco voltou.
O que demorou a sair foi o gol histórico do Neymar diante 43 mil pessoas no Estádio Olímpico do Pará. Mesmo sem estar 100% fisicamente, ele atuou os noventa minutos e foi extremamente participativo e aclamado em campo. Com 79 gols, Ney se tornou o maior artilheiro do Brasil em jogos oficiais, ultrapassando Pelé com 77. Não foi de pênalti - perdeu dois - e nem com a jogada individual que exigiu velocidade e maestria. Neymar é o ponto final das jogadas do Brasil e o recorde só saiu com a ajuda de dois garçons em alto rendimento, que fizeram os outros 3 gols e foram os melhores da partida: Rodrygo e Raphinha. Os atacantes do Real Madrid e do Barcelona entregaram uma partida de gala após entenderem a ideia do Fernando Diniz, aproveitando as aberturas pelos lados. Cheios de personalidade e bem-posicionados, eles construíram lances com amplitude, se apresentando lá na frente com diversidade de movimentos e troca de passes rápidos. Destaque também para Danilo e Bruno Guimarães que ajudaram nessa missão de avançar a equipe.
O saldo foi positivo, só que diante de um adversário frágil como é a Bolívia, que não se classifica desde 1994 para a Copa do Mundo, a expectativa era por uma pressão bem maior desde o primeiro tempo, convertendo as chances de gol. Uma partida que o Brasil não testou a saída de bola. Na próxima terça-feira, contra o Peru, Diniz terá a oportunidade de ajustar a parte tática contra mais uma equipe que irá se fechar na defesa, característica muito encontrada nos times da América do Sul quando enfrentam a seleção brasileira. Em coletiva, o novo técnico estava satisfeito e confirmou os pontos que tentou aplicar: ficar com a bola, ser agressivo, criativo e com chance de gol. Resumiu tudo em "ser eficiente".
Há muito trabalho pela frente nesta caminhada para a Copa do Mundo de 2026. Os torcedores, antes sem tanta motivação, deram um voto de confiança na bonita festa feita no Pará. Mas ainda há problemas, como um Richarlisson chorando no banco de reservas após ser substituído e sentir a fase ruim. Se o abraço do Diniz precisa alcançar ainda mais jogadores, o ânimo que mostrou ter ao comandar a seleção precisa contagiar uma nação inteira.