PUBLICIDADE

Retrospectiva 2022: Vandoorne troca potência por regularidade e conquista Fórmula E

Stoffel Vandoorne venceu apenas uma etapa na temporada 2022 da Fórmula E, mas se tornou mestre na arte da regularidade e fez rivais perceberem que apenas vencer corridas não é o suficiente para ser campeão mundial

28 nov 2022 - 05h01
Compartilhar
Exibir comentários
Os rivais bem que tentaram, mas não teve jeito: Vandoorne ficou com o título da Fórmula E
Os rivais bem que tentaram, mas não teve jeito: Vandoorne ficou com o título da Fórmula E
Foto: Fórmula E / Grande Prêmio

Quando Stoffel Vandoorne cruzou a linha de chegada do eP de Seul, em agosto, para selar a conquista do título mundial da Fórmula E, o piloto belga cumpria uma promessa que parecia perdida desde sua experiência traumática na Fórmula 1. No entanto, a taça certamente veio de forma bastante diferente do que o competidor da Mercedes imaginava — com muito menos potência e muito mais inteligência.

Não que Vandoorne não tenha sido veloz em 2022 — e o fato de ter pontuado em 15 das 16 corridas do ano comprova isso —, mas a verdade é que o belga fez da regularidade seu mantra na temporada do título. Enquanto Mitch Evans e Edoardo Mortara venceram quatro corridas cada, Stoffel triunfou apenas uma vez — em Mônaco —, mais do que o suficiente para encerrar a competição com 33 pontos de vantagem para o piloto da Jaguar [213 a 180].

A questão é que Vandoorne entendeu como o campeonato da Fórmula E poderia ser vencido. Em um grid bastante equilibrado, em que as corridas muitas vezes são decididas no final, o belga se esforçou ao máximo para não dar chances ao imponderável. Controlou as circunstâncias do início ao fim e não se escondeu de fazer feio, cedendo posições em determinados momentos — sempre pensando no panorama geral do campeonato.

"Eu percorri um longo caminho. Quando cheguei à Fórmula E, tudo era novo para mim. Mas eu diria que cresci especialmente como piloto, com o gerenciamento de energia, tentando fazer um trabalho melhor que os outros. Posso ler a corrida, saber quando atacar e quando não atacar. Mesmo em cenários em que perdi posições na largada, sempre consegui me recuperar e somar bons pontos. Isso fez uma enorme diferença", disse Vandoorne, abordando a forma estratégica com a qual analisava as corridas.

Não teve para ninguém: cerebral, Stoffel Vandoorne levou um merecido título mundial na Fórmula E
Não teve para ninguém: cerebral, Stoffel Vandoorne levou um merecido título mundial na Fórmula E
Foto: Fórmula E / Grande Prêmio

Para entender o caminho percorrido pelo campeão, é necessário compreender também a dinâmica da Fórmula E dentro das pistas. Com um grid de 22 carros e correndo em circuitos de rua absolutamente estreitos, os toques entre os pilotos são completamente normais — e esperados, de certa forma. Vandoorne, entretanto, se manteve livre de acidentes o ano inteiro — e foi justamente a consciência de que era melhor não brigar em certos momentos que levou Stoffel ao título.

Diferentemente da Fórmula 1, a temporada 2022 da Fórmula E não representou nenhum passeio para o campeão. Vandoorne precisou disputar com Evans, Mortara e Jean-Èric Vergne, o único bicampeão da categoria, quase até o fim. A questão é que, mais uma vez, a regularidade falou mais alto.

Mortara teve uma reta final de campeonato terrível, com 30 pontos conquistados nas últimas seis corridas do ano. Não parece um número tão ruim assim, mas vale destacar que 25 destes tentos foram conquistados na prova de encerramento da temporada, quando o título não era mais uma possibilidade para o suíço. Assim, nas cinco disputas anteriores, foram apenas cinco tentos somados — no mesmo período, Vandoorne acumulou 70.

Peguemos o mesmo recorte de Jean-Éric Vergne, o homem mais regular da primeira metade do campeonato — aquele que pontuou em absolutamente todas as dez primeiras corridas. Entre a 11ª etapa, em Nova York, e a 16ª e última, em Seul, o francês alcançou exatamente 16 pontos — incríveis 72 a menos que Vandoorne, que somou 88 nas últimas seis provas.

Stoffel Vandoorne tinha um plano para conquistar a Fórmula E em 2022. E conseguiu
Stoffel Vandoorne tinha um plano para conquistar a Fórmula E em 2022. E conseguiu
Foto: Mercedes EQ / Grande Prêmio

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2

Os recortes são válidos por retratarem duas abordagens completamente diferentes ao longo do ano. Enquanto Mortara venceu quatro corridas [Diriyah 2, Berlim 1, Marrakech e Seul 2] e pecou pela falta de equilíbrio, Vergne não venceu uma sequer e traçava o mesmo caminho que Vandoorne, em que a regularidade superaria a potência.

No fim, ninguém conseguiu unir as duas coisas tão bem quanto Stoffel. A temporada poderia ter tido uma vitória do belga logo no início, em Diriyah, mas Vandoorne cometeu um erro na hora de acionar o modo de ataque e perdeu a posição para companheiro — e então campeão — Nyck de Vries. Ao invés de buscar o holandês na pista, o piloto se contentou com os pontos da segunda colocação — e da pole — e deu os primeiros passos em um plano que se provou mais do que acertado ao fim da temporada.

Vandoorne só venceu uma vez, mas ninguém subiu mais vezes ao pódio do que o belga: foram oito em 16 corridas, um a mais que Evans e dois à frente de Mortara. Novamente, o que premiou o piloto da Mercedes foi a consistência: em um grid no qual alguns outros competidores se mostraram tão rápidos quanto Stoffel — ou até mais —, o campeão trocou a velocidade pela inteligência, virou a chave da potência e ativou o 'modo cerebral', mostrando que enfim entendeu o caminho rumo ao título mundial. Não por acaso, a taça é toda dele.

Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.

Grande Prêmio
Compartilhar
Publicidade
Publicidade