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Menino de 10 anos é único piloto negro em categoria e começou no kart após 'aposta' com o pai

João Seixas sonha em ser piloto profissional e correr na Stock Car

14 set 2025 - 04h59
(atualizado às 22h49)
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João Seixas, de 10 anos, conquista as pistas como piloto de kart
João Seixas, de 10 anos, conquista as pistas como piloto de kart
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Luciano Guimarães soube que o kart indoor era para o filho João Seixas assim que ele realizou a sua primeira corrida. Na época, com apenas oito anos, o menino ficou eufórico após uma volta em uma pista de corrida em um shopping do Rio de Janeiro. Hoje, com 10, ele já venceu várias baterias e é destaque na categoria dele, sendo o único piloto negro. 

Em entrevista ao Terra, o pequeno conta que sempre foi apaixonado por carros, em especial os velozes. “Eu gostava muito de carrinho, até hoje eu gosto. Eu ficava olhando o desenho do Relâmpago McQueen, do Hot Wheels”, detalha.

“Ele se interessa por carros, por essa questão do automobilismo e é uma coisa dele. A gente nunca forçou, não força. Veio dele. [...] Começou a ser construído um kart indoor aqui perto de casa, num shopping. E aí, ele vinha: ‘Papai, quero ir no kart, papai, quero ir no kart’”, conta o pai. 

Luciano explicou ao pequeno que não era um “bate-bate”, como aqueles em parque de diversões, mas um veículo rápido. No entanto, João continuou insistindo. Então, veio o acordo entre pai e filho

“A gente combinou o seguinte: 'Se você passar de ano, você vai dar uma volta no kart, tá bom? Tá bom'. Ele estudou pra caramba, se dedicou e, no final do ano, passou, e a gente levou ele lá”, relembra Luciano. 

Por sorte, quando ele foi a primeira vez, não tinha tantos visitantes. O dono do kart propôs levar o menino para mostrar como era o local. “Pra minha surpresa, ele foi super bem. Já chegou acelerando. Não rodou, não bateu. Eu achava que ele iria ficar num bate-bate. Nada, foi muito bem”, contou. 

“Eu me lembro que ele saiu, assim, flutuando. Chegou pra minha esposa e falou assim: ‘Mamãe, já sei! Eu quero ser piloto de kart profissional."

Com apenas um mês de treino, João entrou para uma equipe e já se inscreveu em seu primeiro campeonato, no Kartódromo Internacional de Guapimirim. A partir daí, não parou mais. Atualmente, ele disputa a categoria Cadete, de 8 a 11 anos.

“Vamos investir nele. Da maneira que a gente pode porque é o esporte que ele brilha o olho e, na maneira como eu entendo, também é dever dos pais dar todo o apoio pro filho quando ele faz uma coisa que ama”, afirmou Luciano. 

O pai do menino pondera que, apesar de João ser um atleta, ele ainda é uma criança. Por este motivo, os estudos e o bem-estar são prioridades. “Ele não pode ir bem no kart e não ir bem na escola. E ele se empenha muito nessas áreas.”

“Também existe uma preocupação, né? O kart é um esporte perigoso. Tem um risco associado porque são grandes velocidades, curto espaço de tempo para tomadas de decisão. Quando ele entre e está acelerando, dando voltas, seja nos treinos ou nas competições, ele tem as decisões que ele tem que fazer. [...] Então, estamos sempre junto com ele, dando apoio, explicando… para que ele não se machuque e ele não machuque ninguém também, que é muito importante. Assim, todo mundo entra bem. Se divertir e sair bem”, afirma o pai. 

Preparação para as pistas

De acordo com João, quer ser piloto profissional e correr na Stock Car, a maior categoria de automobilismo da América do Sul.
De acordo com João, quer ser piloto profissional e correr na Stock Car, a maior categoria de automobilismo da América do Sul.
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

O garoto deseja ser piloto profissional e correr na Stock Car, a maior categoria de automobilismo da América do Sul. Para isso, muita dedicação. Os treinos acontecem todo sábado, das 7h40 às 14h30. Em semana de competição, ele também vai na sexta. 

O preparo vai até momentos antes de entrar na pista. Segundo Luciano, o menino fica focado quando vai competir. “Eu me concentro totalmente. Não deixo nada tirar minha concentração. Não deixo nada me perturbar. Não me distraio. Estou focado para ganhar em primeiro lugar”, afirma João. 

O grande obstáculo para a realização do sonho do menino está na falta de patrocinadores. “O kart é um esporte de alto investimento. Pra você sentar e alinhar no grid, fazer uma competição é muito caro. É muito caro. Pra você andar na frente e ganhar as corridas, aí é absurdamente caro. Então, a gente tenta dar todo esse apoio do jeito que a gente pode. Nós não somos ricos, somos uma família de classe média. Fazemos o que podemos para que ele tenha condições de se divertir”, analisa Luciano. 

A família destaca que o menino precisa de uma série de equipamentos para garantir o bom desempenho e a segurança do João nas pistas. Entre eles: um capacete apropriado e homologado para kart, aparelho de telemetria, protetor de pescoço, macacão de chuva e uma sapatilha nova. 

Representatividade no automobilismo

Sendo o único piloto negro em sua categoria, a família de João explica que conversa com o menino sobre o que é representatividade e a importância da posição que conquistou. “[Isso se repete] em vários aspectos da vida dele, não só no kart. Na escola também são poucas crianças negras. Então, desde cedo a gente tenta mostrar pra ele que não ele não tem que se sentir diminuído. Muito pelo contrário”, destaca Luciano. 

“Eu me lembro que quando ele era bem mais novinho, ele comentou com a gente: ‘Ah, papai, eu acho que negro no Brasil é raro, né?’. Eu falei: ‘Como assim? Não é tão raro assim, não’. [Ele respondeu:] ‘Não, na minha escola são poucas crianças negras que estudam comigo’”, relembra o pai. 

Guimarães explica que busca mostrar essa representatividade a partir de outros pilotos negros dentro do automobilismo, como o campeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton. Em uma oportunidade, o pequeno pode conhecer Léo Rufino, um atleta negro da Fórmula Truck. “Ele troca mensagens. Ele chama o João de maninho. Meu maninho.” 

João detalha que o sonho dele é ver mais crianças negras como ele nas pistas e, aproveitou a oportunidade para dar dicas: “Que eles acreditem sempre que vão conseguir vencer os desafios e que nunca desistam dos objetivos e sonhos. Que acreditem sempre neles mesmos e que não deixem ninguém dizer que eles não podem ou não conseguem!. Que acelerem com tudo”. 

Fonte: Redação Terra
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