Fiesp: participação da indústria no PIB deve cair a 14% em 2012
ECONOMIA - Indicadores
A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional deve terminar 2012 na marca de 14%, mesmo nível do início do governo de Juscelino Kubitschek, afirmou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta quarta-feira. Em 1985, o setor chegou ao pico de 27% de participação no PIB, e desde lá vem delineando uma trajetória de queda, de acordo com levantamento da Fiesp que cita o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como fonte.
Em 2011, a indústria respondia por 14,6% do PIB. O diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, destacou a importância da avaliação da participação da indústria de transformação no PIB como um indicador do grau de industrialização de um país. "Se analisarmos dos meados dos anos 1970 até meados dos anos 1980, temos um patamar de 25 por cento (de participação)... E é a isso que nós nos referimos quando dizemos que estamos em um processo de desindustrialização", completou.
"Se no ano de 2012 ocorrer o que estamos (Fiesp) prevendo para o PIB - alta de 1,4% - e para o PIB da indústria de transformação - queda de 2,5% - teremos (...) mais uma baixa na participação da indústria de transformação no PIB, quechegará, pelos nossos cálculos, a 14%", estimou. De 1985 aos dias atuais, a participação da indústria de transformação no PIB só avançou em três momentos, mas nunca com força suficiente para reverter o peso de seguidas quedas.
O primeiro deles ocorreu de 1990 a 1992, com a abertura econômica, e de 1998 a 2000 e de 2002 a 2004 em decorrência da desvalorização do real frente ao dólar, acrescentou Paulo Francini. Ainda segundo o diretor, as trajetórias negativas dos últimos 25 anos devem-se ao aumento das importações para atender a demanda.
"O relatório de inflação de junho de 2012 do Banco Central disse que, do aumento de demanda ocorrido no Brasil em 2008 e 2010, 40% foi capturado por produção de importados", disse Paulo Francini. "Ele (o relatório) diz também que no ano de 2011, 100 por cento do aumento de demanda foi capturado por produção de importados. Isso mostra o aumento progressivo e forte do produto importado na satisfação da demanda", acrescentou.