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Haddad diz que deixa governo até fevereiro, mas futuro depende de Lula e admite mudança no arcabouço

Segundo ministro da Fazenda, presidente foi comunicado que sua intenção não é concorrer nas eleições do ano que vem

18 dez 2025 - 18h28
(atualizado às 19h29)
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Haddad definiu a condução do relator como 'adequada para seguir adiante e produzir um resultado que obtenha os votos necessários para sua aprovação'
Haddad definiu a condução do relator como 'adequada para seguir adiante e produzir um resultado que obtenha os votos necessários para sua aprovação'
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

BRASÍLIA - Em clima de despedida do cargo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um balanço de sua gestão após três anos à frente da pasta, em encontro com jornalistas na tarde desta quinta-feira, 18, em Brasília. Ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "satisfeito" com os rumos da economia, e por isso não prevê guinadas na política econômica com a indicação de uma nova pessoa para o posto. 

Ainda assim, Haddad diz que a questão fiscal vai continuar "inspirando cuidados" em um eventual governo Lula 4, e admitiu que o arcabouço fiscal pode sofrer mudanças nos seus parâmetros, ainda que sua arquitetura seja mantida.

Haddad também falou sobre a crise dos Correios. Disse que a pasta só recebeu um diagnóstico preciso sobre a situação da estatal em meados de julho, e que imediatamente a Fazenda começou a estudar saídas para a reestruturação da empresa. Segundo o ministro, o Tesouro deve dar a palavra final sobre o empréstimo negociado com bancos até esta sexta-feira, e disse que uma das saídas seria a empresa negociar parcerias com outras empresas e bancos, como a Caixa.

Haddad disse que já avisou a Lula que não tem o desejo de concorrer às eleições do próximo ano, e que gostaria de deixar o governo em fevereiro para coordenar a campanha para a reeleição. Mas o seu futuro só será definido depois das voltas das suas férias, em uma nova conversa, em janeiro.

Veja abaixo os principais tópicos da entrevista.

Saída do cargo

"Tive conversa com o presidente sobre candidatura. E ele falou para vocês (jornalistas) o que mesmo que falou para mim, que iria respeitar a minha decisão. Quando falei com ele, essa foi a reação dele, após eu dizer que não tinha intenção de concorrer às eleições de 2026.?

"Se o meu pleito for atendido de alguma maneira, de colaborar com a campanha, uma troca de comando aqui (na Fazenda) seria importante, e como não tem prazo de desincompatibilização, aí não tem nada a ver com o mês de abril, acredito que é nesses termos que o debate vai acontecer em janeiro entre mim e ele. Para alguém assumir, seria bom que alguém pudesse tomar as rédeas. Tem preparação da LDO, muitas providências no começo do ano. Tem bimestral, uma série de coisas. Minha expectativa é sair até fevereiro."

Arcabouço e reformas estruturais

"Acho que a questão fiscal vai continuar inspirando os cuidados devidos e qualquer que seja o governo vai continuar aprimorando o arcabouço fiscal. O que entendo é que a arquitetura do arcabouço fiscal vai ser mantida. Aí você pode discutir os parâmetros, se vai apertar mais, ou se vai apertar menos. Se vai mudar de 70% para 60%, ou para 80% (crescimento do gasto em relação à receita). Se diminuir de 2,5% para 2% (o teto de crescimento real da despesa). Ou seja, discutir os parâmetros, à luz da evolução do que vai acontecer. Mas a arquitetura (do arcabouço) é muito boa, já ouvi de vários técnicos internacionais de que é a melhor regra, tendo teto de gasto e meta de primário conjugadas."

"Acredito que vamos ter que fazer reformas fiscais, e é o que estamos fazendo o tempo todo. Estamos desde 2015 com as contas públicas desorganizadas, estou falando, na contabilidade honesta, o orçamento que recebi (do governo Bolsonaro) tinha R$ 180 bilhões de déficit primário projetado para 2023.?

Conversa com Macron

"Eu e o presidente da França, Emmanuel Macron, nos tratamos como amigos. Ontem (quarta-feira, 17) eu não resisti e mandei uma mensagem para ele. Ele respondeu dizendo que o que estava em jogo era muito mais do que acordo comercial, era de natureza política de sinal claro para o mundo, de que não podíamos nos voltar em ambiente de tensão de dois blocos fechados. Ele respondeu muito gentilmente dizendo que tinha o maior apreço pelo Brasil e que havia a necessidade de mais conversas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também falou com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Acredito que vale a pena insistir um pouco mais (com os europeus), essa é a minha percepção. Não há prejuízo para os agricultores franceses e italianos, tem uma exploração barata das sensibilidades dessas pessoas. Há exploração desse sentimento, mas não corresponde ao acordo, que tem salvaguardas muito importantes. Mas se os países da Europa precisam de mais tempo, para esclarecer, penso que se for pouco tempo, vale a pena esperar."

Banco Central

"O Banco Central e a Fazenda, nós nunca divergimos sobre a direção da política monetária, não houve divergência em relação a isso, houve debate sobre dose, sobre intensidade, como um vetor, a gente discutia intensidade, mas não houve divergência sobre a direção. A resposta (dos juros à inflação) é sim, positiva. Entendíamos que, naquele momento, no começo do ano, era preciso dar uma sinalização clara que não iríamos descuidar da direção, que estava correta (a alta dos juros)."

"Mas é natural, e me causa espanto que essa discussão não possa ser feita de forma civilizada (entre BC e Fazenda). O presidente Lula falou: não me cobrem pressão para que o Banco Central faça A, B ou C. Henrique Meirelles escreveu um livro falando que Lula apenas uma vez pediu para ele mexer nos juros e a resposta foi 'não'."

"Essas ponderações não deveriam ferir, ou causar tanta celeuma, são naturais. Começo do ano (subir juros) foi correto, tinha que tomar providência, até para dissipar o que estava acontecendo pela sensação do projeto do Imposto de Renda. Vocês lembram as projeções dos economistas, de que seriam R$ 100 bilhões de gasto. Isso causou um furor no mercado. E que não teria de onde tirar a compensação porque a Câmara não ia aprovar. Aí teve que dar o choque (de juros), para trazer o dólar para o caminho certo. E aí com o projeto (do IR), o dólar começou a cair, era R$ 28 bilhões de gastos e com compensação justa. Vários liberais passaram a elogiar."

Estadão
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