FGC vai usar um terço de sua reserva bilionária para pagar investidores do Banco Master
A estimativa é que os desembolsos com a liquidação extrajudicial do Master ficarão entre R$ 40 e R$ 50 bilhões
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) tem patrimônio acumulado de R$ 160 bilhões, dos quais R$ 121,1 bilhões são recursos líquidos em caixa que serão utilizados para pagar os investidores e correntistas do Banco Master, alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na terça-feira, 18, e que teve a liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central (BC).
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O Banco Master tem 1,6 milhão de clientes, segundo informou o FGC. A estimativa é de que os desembolsos com a liquidação extrajudicial do Master fiquem entre R$ 40 e R$ 50 bilhões, um terço de sua reserva bilionária e o maior feito pelo FGC nos 30 anos de sua criação no atual formato.
O FGC pagará integralmente os valores de quem tem investimentos cobertos, mas poderá recuperar, futuramente, parte desses recursos com a venda de ativos do Master. Esse levantamento será feito pela liquidante nomeada pelo Banco Central, neste caso, a EFB Regimes Especiais de Empresas.
"O fundo pode tentar reaver [parte do dinheiro] do que for recuperado da liquidação do banco. Em geral demora. É difícil prever quanto será recuperado da liquidação, mas algo deve ser conseguido", afirmou Andre Senna Duarte, economista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
Comparativo Financeiro do Fundo Garantidor de Créditos (FGC)
Dados de Patrimônio, Liquidez e Desembolso Estimado (em Bilhões de R$)
Valores Detalhados
| Item | Valor (R$) | Observação |
|---|---|---|
| Patrimônio | R$ 160.000.000.000 | Total de ativos e fundos do FGC. |
| Recursos Líquidos em Caixa (Liquidez) | R$ 121.100.000.000 | Recursos de alta liquidez, prontos para uso imediato. |
| Desembolso Estimado (Master) | R$ 45.000.000.000 | Média da estimativa de R$ 40 bi a R$ 50 bi. |
Regras do FGC
O FGC garante o pagamento de valores aplicados em determinados títulos e contas, como Certificado de Depósito Bancário (CDB), as Letras de Câmbio (LC), as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), e a poupança. O valor máximo garantido pelo FGC é de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.
Embora exista a garantia, o pagamento do FGC não é imediato. A empresa liquidante elaborará uma lista de credores que possuem ativos cobertos pelo FGC. A preparação e liberação da lista leva cerca de 30 dias. Com essa base concluída, o FGC abre oficialmente o processo de solicitação da garantia.
Se o produto for coberto pelo FGC, o cliente precisará apenas aguardar a liberação da lista de credores e seguir as orientações do próprio Fundo para receber. Já quem tem valores acima do limite de garantia passa a ser credor da massa liquidada.
O FGC não tem nenhum vínculo com o Governo. Ele é, na verdade, uma entidade privada e sem fins lucrativos que garante o pagamento ao credor caso a instituição financeira coberta pelo fundo não consiga honrar com os seus compromissos. Quem mantém o fundo são as próprias instituições financeiras brasileiras.
Passo a passo para resgatar o valor que está disponível no FGC
- Baixe o aplicativo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no seu celular (Android ou iOS)
- Acesse o aplicativo e clique em "Novo usuário, Cadastre-se", caso seja o seu primeiro acesso
- Clique em “Solicitar garantia”
- Siga os passos seguintes para receber o valor para uma conta de sua titularidade.
Liquidação do Master
A liquidação judicial do Master entrou no radar do mercado desde setembro, quando o BC negou a autorização para o Banco de Brasília (BRB) adquirir a companhia.
O modelo de negócios do Master era considerado problemático, já que o banco emitia papéis garantidos pelo FGC e oferecia taxas muito acima das praticadas pelo mercado."
O anúncio da liquidação ocorreu quase um mês após o BC vetar a oferta de compra de uma fatia da instituição pelo Banco de Brasília (BRB).
Segundo o BC, a decisão foi motivada pela grave crise de liquidez do conglomerado e pelo comprometimento significativo da sua situação financeira, assim como pela detecção de graves violações às normas que regem a atividade das instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN).