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Corte de 25% no Censo 2020 será comandado por economista

IBGE pretende reduzir em 25% o orçamento necessário para levar a campo o levantamento

17 abr 2019 - 19h08
(atualizado às 20h19)
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RIO - A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Cordeiro Guerra, designou ao economista Ricardo Paes de Barros a tarefa de cortar o questionário do Censo Demográfico 2020, numa tentativa de reduzir em 25% o orçamento necessário para levar a campo o levantamento, que visita todos os domicílios brasileiros.

Paes de Barros, atualmente professor do Insper, integra a Comissão Consultiva do Censo Demográfico instituída em maio do ano passado. Na última segunda-feira, 17, a Comissão Consultiva do Censo teve a primeira reunião para debater o corte orçamentário. Na ocasião, Susana rejeitou a proposta de um questionário menor apresentada pela Diretoria de Pesquisas do IBGE, exigindo um corte mais drástico na quantidade de perguntas feitas à população.

Censo 2020 passará por cortes
Censo 2020 passará por cortes
Foto: Arquivo / Agência Brasil

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a posição da direção do instituto contrariou a avaliação de técnicos do órgão e provocou discordância entre integrantes da comissão, que contestaram a eficácia do enxugamento do questionário sem que fosse apresentada pela direção do órgão uma expectativa factível de economia com a eliminação das informações que seriam levantadas.

Com a digitalização das informações ainda na coleta, o corpo técnico argumenta que o tempo do recenseador não seria significativamente alterado com uma mudança no questionário, mas sim na solução de problemas logísticos e campanhas de esclarecimentos para reduzir a resistência da população em receber os entrevistadores no domicílio.

Na semana passada, o IBGE anunciou que estava revisando a metodologia e operação do Censo para fazer o levantamento censitário caber num orçamento 25% menor do que o calculado, com um questionário mais enxuto. O assunto foi pauta de uma reunião na semana anterior entre a nova presidente do IBGE e o ministro da Economia, Paulo Guedes, na representação do ministério no Rio de Janeiro.

A realização do Censo Demográfico já vinha ameaçada por falta de recursos desde o ano passado. Conforme antecipou o Estadão/Broadcast em agosto de 2018, a equipe econômica do governo de Michel Temer defendia um censo menor, por conta de restrições orçamentárias. O custo total foi inicialmente calculado em R$ 3,4 bilhões. Em 2018, em meio a resistências da equipe de Temer, o IBGE pediu ao então Ministério do Planejamento R$ 344 milhões para investimento em equipamentos e software no ano de 2019. Do orçamento pleiteado, foram concedidos apenas R$ 240 milhões para os trabalhos ao longo deste ano.

Em 2018, o órgão recebeu R$ 6,7 milhões em recursos para os preparativos da operação censitária, de uma previsão inicial de R$ 7,5 milhões. Outros R$ 3,056 bilhões ainda seriam necessários para viabilizar a coleta em 2020, conforme foi originalmente planejada.

O presidente anterior do IBGE, Roberto Olinto, funcionário de carreira do órgão, defendia reiteradamente que o censo não poderia ser enxugado sem que houvesse perda de qualidade de informações.

Em nota divulgada na semana passada, o IBGE dizia que o Censo Demográfico 2020 era prioridade para o órgão, mas ponderava que "nesse momento, desafios adicionais se apresentam". "No Governo Federal como um todo, a diretriz é de restrições orçamentárias e a realização do Censo requer a aprovação de orçamento pela União", declarava o instituto, no texto.

O IBGE divulgou nova nota nesta quarta-feira, 17, informando que "já recebeu indicações de que haverá uma redução significativa no valor incialmente previsto para o ano 2020".

"Dada a proximidade da operação, o IBGE busca apresentar possíveis cenários, propondo uma operação 25% menos custosa. Mencionada simplificação envolve uma série de ajustes, sendo a diminuição do tamanho do questionário apenas um deles. Essa medida visa aumentar a produtividade do recenseador, que, assim, pode aplicar mais questionários em um mesmo período de tempo", argumentou o instituto, no novo comunicado.

O órgão informou que Ricardo Paes de Barros foi nomeado por Susana para comandar o grupo de trabalho que reduzirá o questionário do censo "pela sua larga experiência de trabalhos conjuntos com IBGE e usuário de décadas das estatísticas do IBGE".

"Paes de Barros trabalhará em conjunto com os técnicos do IBGE, prestando uma consultoria na proposta de redução do questionário. Registra-se, por oportuno, que a responsabilidade técnica e a proposta final de questionário é de inteira responsabilidade do IBGE. As reuniões não têm calendário pré-definido. Quando o IBGE tiver a próxima fase do trabalho concluída, a Comissão será chamada a colaborar", concluiu.

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