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Com possível adiamento da reforma, Bolsa encerra em queda de 1,2%

Já o dólar caiu a R$ 3,73 nesta sexta-feira, 12, diante da crescente perspectiva de corte de juros nos Estados Unidos

12 jul 2019 - 18h33
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O temor sobre um eventual adiamento para agosto da votação em segundo turno da reforma da Previdência prevaleceu sobre o humor dos investidores do mercado acionário local e, cerca de uma hora antes do fechamento, acelerou as ordens de venda.

Assim, o Ibovespa, principal índice de ações do País, encerrou o pregão em queda de 1,18%, aos 103.905,99 pontos, totalizando giro de R$ 16 bilhões. O resultado desta sexta reverteu os ganhos acumulados na semana, que encerrou com perda de 0,18%.

No mercado de câmbio, o dólar acabou com desvalorização de 0,34% ante o real, a R$ 3,7382. A moeda americana teve o quinto dia seguido de queda e acumulou baixa de 2,09% na semana, a maior desvalorização semanal desde maio. A crescente perspectiva de corte de juros nos Estados Unidos, que enfraqueceu a moeda americana no exterior, contribuiu para a queda.

Com isso, o real foi a moeda com melhor desempenho esta semana ante o dólar entre uma lista de 35 emergentes. Em julho, a divisa americana recua 2,7% e, no ano, perde 3,3%.

Bolsa

Para Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, os mercados no exterior se comportaram até melhor do que na véspera, pois imperou a visão otimista em relação a um possível corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) já na reunião de julho. "Isso limitou a queda do Ibovespa durante o dia. Mas predominou mesmo entre os investidores por aqui o olhar para o andamento da Previdência com a votação dos destaques", disse.

Quase no horário do fechamento da sessão de negócios, lideranças da Câmara dos Deputados já admitiam que a votação da reforma da Previdência em segundo turno poderia ser concluída apenas no início de agosto, na volta do recesso parlamentar. Conforme apurou o Estadão/Broadcast, em reuniões realizadas entre quinta-feira e sexta, líderes consultaram parlamentares sobre a possibilidade de permanecerem em Brasília no fim de semana e constataram que muitos já tinham voos marcados - o que impediria a formação de um quórum qualificado para apreciar a proposta.

A expectativa de que a tramitação no plenário pudesse ser encerrada hoje ou amanhã deu ao Ibovespa algum fôlego na abertura, mas depois, mesmo com os mercados acionários em Nova York operando em alta firme, os investidores passaram à defensiva.

Câmbio

As declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, esta semana no Congresso dos EUA, praticamente confirmaram que haverá corte de juros este ano, o que fez o dólar cair tanto ante divisas fortes, como o euro, como perante emergentes. Os estrategistas do Société Générale ressaltam que a dúvida agora do mercado financeiro é se a redução será de 0,25 ponto porcentual ou de 0,50. "O Fed está caminhando em direção a um ciclo de flexibilização monetária", ressaltam nesta sexta-feira.

Influenciado pela queda do dólar no exterior, a moeda americana aqui teve comportamento destoante de outros ativos, como o Ibovespa e os juros futuros, que mostraram mais cautela em meio à demora para votar os destaques da reforma e a possibilidade de a votação no segundo turno ficar para agosto. Já o Credit Default Swap (CDS), um termômetro do risco-país, era negociado a 127 pontos-base na tarde de hoje, bem abaixo do nível que começou o mês, 150 pontos.

No câmbio, os investidores seguem otimistas com o avanço da reforma da Previdência. "No Brasil, a dinâmica da reforma parece estar se fortalecendo", afirma o estrategista de moedas do Scotiabank, Shaun Osborne, ressaltando ainda que o dólar tem se enfraquecido no exterior. Operadores reportaram entrada de fluxo externo nesta sexta-feira, em parte recursos para a oferta pública de ações da resseguradora IRB Brasil Re na semana que vem, que pode render R$ 8,5 bilhões.

Hoje, na mínima do dia, o dólar bateu em R$ 3,7304, valor que segundo operadores atraiu compradores da moeda americana e pressionou as cotações para cima. Na máxima, o dólar foi a R$ 3,76. Esses profissionais, porém, veem tendência de dólar em queda pela frente, se os juros de fato caírem nos EUA e as reformas avançarem aqui.

Estadão
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