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Gordofobia, racismo e machismo: Preta Gil deu voz a lutas importantes das mulheres

A cantora morreu neste domingo, aos 50 anos, em decorrência do câncer

20 jul 2025 - 20h28
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Resumo
A cantora Preta Gil faleceu aos 50 anos, em decorrência do câncer, após enfrentar preconceitos e lutar por direitos.
Preta Gil era uma mulher negra, gorda e bissexual, e se orgulhava disso
Preta Gil era uma mulher negra, gorda e bissexual, e se orgulhava disso
Foto: Reprodução: Instagram/pretagil

A cantora Preta Gil morreu neste domingo, 20, aos 50 anos, em decorrência do câncer. Ela, que afirmou em agosto que o câncer tinha voltado em quatro locais diferentes do corpo, sempre fez questão de transformar sua voz em um amplificador das demandas sociais mais urgentes. Mulher, negra, gorda e bissexual, Preta enfrentou de cabeça erguida as barreiras que a sociedade impôs, não apenas para si, mas para muitas mulheres como ela.

A seguir, veja algumas declarações da cantora sobre as lutas dela e de outras mulheres:

Resistência ao racismo

Em 2016, Preta foi alvo de uma onda de ataques racistas nas redes sociais, sendo chamada de “macaca” e que deveria “voltar para a senzala”. A cantora não recuou: prestou queixa, denunciou publicamente e convocou outras vítimas a fazerem o mesmo. Isso tudo em uma época em que as pessoas ainda não erguiam suas vozes contra o racismo tão comumente.

“Temos que denunciar para que a sociedade evolua. Temos que lutar para banir este tipo de preconceito e correr atrás dos nossos direitos. Racismo é crime. Infelizmente, se as pessoas não entendem que isso é um absurdo na sua educação e formação, que entendam pela lei e pela Justiça”, disse à imprensa na época.

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Na ocasião, Preta também se manifestou no Facebook, rede social em que sofreu os ataques. “Ontem fui atacada com diversas mensagens de ódio em minha página no Facebook; uns atacaram minha cor, meu trabalho, meu corpo, outros tentando fazer piadas de péssimo gosto apenas para tentar me magoar. Saibam que esse tipo de ataque só me fortalece, eu conheço o meu valor”, afirmou.

Preta também sempre reconheceu os próprios aprendizados ao longo da vida. Em um episódio marcante, durante uma palestra em Salvador, a artista usou expressões consideradas racistas sem conhecer seu peso histórico. 

“Nessa minha busca eu fui entender sobre o colorismo, sobre a miscigenação no Brasil, que é mais um projeto perverso da branquitude para embranquecer a população brasileira. E aí, quando fui entendendo tudo isso, eu fui me entendendo como mulher mestiça que sou, preta, sim, e renasci disso tudo mais preta do que nunca”, disse ao Conexão VivaBem, do UOL, em 2020.

Desafiando padrões

"Quando eu ouço mulheres me dizendo que botaram um biquíni por minha causa, me marcam em fotos na praia, isso é libertador", disse Preta Gil
"Quando eu ouço mulheres me dizendo que botaram um biquíni por minha causa, me marcam em fotos na praia, isso é libertador", disse Preta Gil
Foto: Reprodução: Instagram/pretagil

Preta entendeu cedo que ocupar espaços era uma forma de subversão. Ao participar de uma coleção de moda praia com a C&A, a cantora fez questão de incluir tamanhos maiores e priorizar peças que representassem mulheres de corpos diversos

“Penso sempre em contemplar outras mulheres, maiores ou menores do que eu. A coleção não é só sobre mim. Hoje eu penso muito nisso de que só eu não basto, quero que outras venham comigo, quero incluir", destacou à Vogue Brasil em 2021.

"Quando eu ouço mulheres me dizendo que botaram um biquíni por minha causa, me marcam em fotos na praia, isso é libertador, porque sinto que compensa cada crítica com gordofobia, com racismo, com machismo que eu recebo.”

Preta e livre

Em uma live nas redes sociais em celebração ao Dia da Consciência Negra, em 2020, Preta foi categórica ao chamar a atenção para o papel de todos no combate ao racismo.

“Nós [negros] não inventamos o racismo, foram os brancos. Eles têm que ser os grandes responsáveis por romper e acabar com isso”, disse. “Se você quer ser antirracista, então seja. Todos os dias, todas as horas. Nós precisamos de aliados. Se você quer ser um antirracista, então seja.”

A militância de Preta também era interseccional. “Preto não é tudo igual. Eu sou preta, eu sou gorda, eu sou mulher, eu sou bissexual, eu sou livre. Eu estou aqui com muito orgulho de ser quem eu sou”, afirmou na época.

Preta Gil já denunciou racismo e disse que os brancos inventaram a discriminação racial
Preta Gil já denunciou racismo e disse que os brancos inventaram a discriminação racial
Foto: Reprodução: Instagram/pretagil

Enfrentando o machismo

Ao longo de sua vida, ela também não hesitou em abordar os desafios de ser mulher em uma sociedade patriarcal. Em entrevista à Marie Claire, ao comentar sobre o término de seu casamento com o personal trainer Rodrigo Godoy, em 2023, durante tratamento contra um câncer colorretal, Preta expôs com clareza o machismo estrutural que perpetua a ideia de que a mulher deve depender do homem.

“Meu instinto de sobrevivência me fez querer me separar, mesmo eu estando com câncer, porque não estava me fazendo bem. E é machista achar que preciso ficar casada para ser cuidada. Por que o marido é mais importante que a mãe, o pai, a irmã, o amigo?", questionou. 

"Depois de um tempo, percebi que essa decisão é prova da profundidade do meu mergulho. Se, neste momento, não for para descer fundo, repensar, então para quê? Estou tendo uma segunda chance de viver e isso tem um propósito”, declarou na época.

Fonte: Redação Terra
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