Sensores, dados e proteção digital: fórum discute o futuro das cidades inteligentes em SP
Connected Smart Cities, maior evento do tipo na América Latina, acontece entre os dias 23 e 25 no Expo Center Norte
Que futuro queremos para as nossas cidades? Como elas podem ser mais pacíficas, sustentáveis e eficientes? E como a tecnologia pode nos ajudar a chegar lá mais rápido? Essas são apenas algumas das perguntas que serão discutidas na 10ª edição do Connected Smart Cities, principal fórum sobre cidades inteligentes da América Latina. Previsto para ocorrer em São Paulo na semana que vem, entre os dias 23 e 25 de setembro, o evento ganha em 2025 um novo nome, conectado com diferentes tendências: Cidade CSC.
"Quando começamos o evento, em 2015, falar sobre cidades inteligentes era discutir a oferta de Wi-Fi ou de câmeras conectadas na cidade", explica Paula Faria, CEO da Necta Inova, empresa responsável pela feira. "Hoje, esse conceito vai muito além disso: uma cidade inteligente é aquela que sabe lidar com seus dados de maneira integrada em diferentes setores, da saúde e da educação ao empreendedorismo e a zeladoria pública, para trazer qualidade de vida para as pessoas."
De acordo com a executiva, a mudança do nome reflete essa evolução e a expansão do evento, que terá diversas trilhas de conhecimento em um só espaço: o Expo Center Norte, na zona norte da capital paulista. Além das cidades inteligentes, os participantes também poderão debater temas como mobilidade urbana, mobilidade aérea e govtechs, além de acompanhar painéis dedicados à participação de atores como startups e academia. Na programação, há ainda espaço para exposições, rodadas de negócios e experiências interativas.
Entre os temas da trilha de Cidades Inteligentes, vale destacar pautas como gestão urbana em tempo real com sensores e infraestrutura digital, a integração entre segurança física e cibernética e os limites da proteção de dados em ambientes conectados. Outra frente importante é a de cidades resilientes, que vai debater como os municípios podem se preparar e se reerguer após desastres climáticos, infelizmente cada vez mais comuns.
A força do evento, segundo Paula, está em ser um espaço de convergência. Prefeitos de grandes capitais dividem mesas com gestores de cidades pequenas, pesquisadores, startups e multinacionais de tecnologia. O encontro cria, assim, um laboratório vivo de experiências, em que desafios comuns - da coleta de lixo à transformação digital - são discutidos sob diferentes perspectivas.
"Quem participa forma uma comunidade engajada, que compartilha dados, resultados e práticas que podem ser replicadas em outros municípios. Isso ajuda a criar um círculo virtuoso de aprendizado e políticas públicas que resistem às mudanças de governo", avalia Paula.
Novo ranking de cidades
Além da expansão do evento, uma das grandes novidades do Connected Smart Cities para 2025 é a reformulação do ranking de cidades inteligentes, feito anualmente pela organização da feira.
Prevista para ser anunciada na noite do dia 23 de setembro, na abertura do Cidade CSC, a lista passou a adotar critérios das normas ISO sobre o tema, organizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), além de trazer parceiros como as consultorias SPIn e Scipopulis. Em 2024, o pódio ficou com Florianópolis, Vitória e São Paulo.
Outra novidade é que o ranking agora trará abrangência nacional, com indicadores de todos os 5.570 municípios do País - até o ano passado, apenas 680 cidades, com mais de 50 mil habitantes, eram levadas em consideração. "A evolução do ranking é uma amostra de que a discussão evoluiu muito nos últimos dez anos do Brasil", destaca Paula. Ao mesmo tempo, a executiva reforça que o rótulo de "cidade inteligente" é uma utopia. "Cidades são organismos muito complexos. O ranking serve como incentivo para que as prefeituras persigam essa meta."
Desigualdade e continuidade
Para a CEO da Necta Inova, um dos principais objetivos do encontro é estabelecer pontos de contato para ajudar a reduzir a desigualdade social do Brasil. Na visão da executiva, é importante que os gestores públicos tenham foco na hora de direcionar seus esforços.
"Mais do que apostar em sistemas de última geração, os gestores precisam compreender os problemas das cidades e como os serviços públicos são acessados. Uma tecnologia perfeita na teoria pode ser inacessível para a população", comenta Paula. "Uma cidade só melhora quando é feito o diagnóstico, o planejamento e a implementação de medidas com base nas necessidades reais."
Por isso, a executiva aposta na troca de experiências e na participação multissetorial como trunfos do evento, colocando lado a lado prefeituras que buscam superar barreiras de infraestrutura básica com aquelas que já implementam centros de comando integrados com uso intensivo de dados. Entre os destaques do segundo grupo, vale ressaltar a participação de prefeitos como Topázio Neto, de Florianópolis, JHC, de Maceió, ou Lorenzo Pazolini, de Vitória.
Outra pauta importante do evento é a de garantir que os resultados dos investimentos sejam percebidos pela população e pela classe política, atravessando diferentes gestões. "Quando a cidade inteligente vira uma política pública, o prefeito eleito vai trazer a continuidade daquela ideia, porque ela traz resultados", diz a organizadora do Cidade CSC. Não à toa, uma novidade do evento em 2025 será a inclusão de painéis sobre comunicação e marketing político. "Queremos mostrar como a comunicação estratégica pode fazer a diferença na percepção de uma boa gestão", destaca Paula.