Manter os níveis de glicose no sangue dentro da faixa ideal é essencial para a saúde, especialmente para pessoas com diabetes ou resistência à insulina. Entre as estratégias mais eficazes para esse controle está o exercício físico regular, capaz de melhorar o metabolismo, aumentar a sensibilidade à insulina e equilibrar o açúcar circulante no organismo.
A insulina é o hormônio responsável por permitir que a glicose entre nas células, onde será usada como fonte de energia. Quando há resistência à ação desse hormônio, a glicose se acumula no sangue, elevando a glicemia.
"O exercício físico é uma das ferramentas mais poderosas no controle do diabetes. Quando nos movimentamos, o músculo passa a usar mais glicose como fonte de energia mesmo sem depender tanto da insulina. Isso significa que, durante e após a atividade, o corpo fica mais sensível à ação da insulina, facilitando a entrada da glicose nas células e reduzindo seus níveis no sangue", explica Dra. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela SBEM.
Além disso, a especialista diz que o exercício melhora a composição corporal (reduz gordura visceral e aumenta massa magra), diminui inflamação e ajuda no controle da pressão arterial e do colesterol fatores que também impactam o risco cardiovascular, muito aumentado no diabetes.
Dr. Fadlo Fraige Filho, endocrinologista presidente da ANAD (Associação Nacional de Atenção ao Diabetes) considera o exercício fundamental para o controle da glicemia. "O mecanismo é ação diretamente sobre a produção dos transportadores de glicose nas membranas das células, fazendo com que a glicose que esteja circulando seja absorvida independentemente da ação de medicamentos orais ou insulinas aplicadas", diz.
"Os exercícios mais indicados devem ser personalizados e apropriados para cada caso considerando a idade,as doenças concomitantes, a capacidade física do paciente e seus limites físicos. Portanto é fundamental que o programa de atividade física seja personalizado para cada paciente".
Importância da atividade física
O médico ressalta que a prática regular de atividade física pode até permitir ajustes nas doses de medicação, sob orientação médica, e prevenir complicações de longo prazo, como neuropatia e doença renal e doenças cardiovasculares. "Qualquer movimento conta mesmo que seja uma caminhada, subir escadas ou andar até o local que você precisa chegar".
Dra. Tassiane diz que existe um conceito novo de exercícios indicados para diabéticos que são os snacks de exercício definidos como breves sessões estruturadas de atividade física. "Geralmente de intensidade moderada a vigorosa, realizadas de forma intermitente ao longo do dia, com duração típica de até cinco minutos por sessão e frequência de pelo menos duas vezes ao dia, três ou mais vezes por semana".
"O conceito surgiu como uma alternativa prática e eficiente para aumentar os níveis de atividade física, especialmente entre adultos fisicamente inativos ou com dificuldades para aderir a programas tradicionais de exercício devido a limitações de tempo ou barreiras ambientais".
Do ponto de vista fisiológico, os snacks de exercício têm demonstrado benefícios principalmente na melhora da aptidão cardiorrespiratória e, em menor grau, na resistência muscular, especialmente em adultos fisicamente inativos."Há também evidências de efeitos positivos sobre o controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2, embora os parâmetros ideais de intensidade e frequência ainda estejam em investigação", complementa.
Quais são os exercícios mais indicados para quem tem diabetes?
O ideal é combinar três tipos de exercício:
1. Aeróbicos: caminhar, pedalar, nadar ou dançar ajudam a usar glicose de forma imediata e melhoram a resistência à insulina.
2. Musculação ou exercícios de força: aumentam a massa muscular, que é o principal “depósito” de glicose do corpo.
3. Alongamento e equilíbrio: yoga e pilates, por exemplo, contribuem para reduzir o estresse e melhorar a adesão ao tratamento.
"A recomendação geral é de 150 minutos por semana de atividade aeróbica moderada, como dançar, correr, bike, caminhada, e duas vezes de exercício resistido como musculação, pilates, funcional distribuídos em pelo menos tr}es dias, sem ficar mais de dois dias consecutivos sem se exercitar", recomenda a médica.
O mais importante é encontrar algo que seja sustentável e prazeroso, pois a constância é o que realmente faz diferença no controle da glicemia.
ANAD promove campanha gratuita de exames em São Paulo
O Brasil já soma 16,6 milhões de pessoas com diabetes, sendo o 6º país com mais casos no mundo. Para marcar o Dia Mundial do Diabetes (14/11), a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD) realiza no dia 1º de novembro, em São Paulo, a 28ª Campanha Nacional Gratuita em Diabetes, com exames e orientações de saúde em um único dia. A ação acontecerá de 8h às 16h, na Universidade São Judas Tadeu (Rua da Consolação, 2.320 - Metrô Paulista).
O Atlas Global do Diabetes 2025, publicado pela International Diabetes Federation (IDF), revelou que o Brasil ocupa o 6º lugar mundial em número de casos, com 16,6 milhões de pessoas vivendo com a doença. O país registrou um aumento de 5,7% em apenas quatro anos, além de 111 mil mortes em 2024 número 20 vezes maior que os óbitos por dengue no mesmo período. Globalmente, o diabetes já atinge 589 milhões de adultos e mata uma pessoa a cada seis segundos.
“Esses dados são alarmantes e ainda estão subestimados, já que muitas vezes o diabetes não é registrado como causa direta da morte, mas como fator contribuinte em infartos e derrames”, alerta o endocrinologista Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da ANAD, da FENAD e representante da IDF South and Central America.
O diabetes é uma condição crônica caracterizada pela elevação da glicose no sangue, geralmente causada por deficiência na produção ou na ação da insulina. Quando não controlado, pode desencadear uma série de complicações graves ao longo dos anos, como doenças cardiovasculares, insuficiência renal, neuropatia periférica, retinopatia com risco de cegueira e até amputações. Além disso, aumenta de forma significativa o risco de infarto e acidente vascular cerebral, que estão entre as principais causas de morte no país.
Outro ponto preocupante é o grande número de pessoas que vivem com a doença sem saber. Estimativas indicam que cerca de um terço dos adultos com alterações de glicose no sangue não têm diagnóstico confirmado. Esse atraso compromete o início do tratamento e favorece o aparecimento precoce de complicações. Além disso, cerca de 11% dos adultos brasileiros já apresentam pré-diabetes, estágio silencioso que, sem intervenção adequada, pode evoluir rapidamente para a forma definitiva da doença.
A ANAD realiza no dia 1º de novembro, em São Paulo, a 28ª Campanha Nacional Gratuita em Diabetes. O evento tem capacidade para atender até 5 mil pessoas com testagem de glicemia capilar, além de exames de olhos, pés, boca, avaliação vascular, nutricional, fisioterápica, eletrocardiograma e aferição de pressão arterial. O diferencial da campanha é o conceito “1 ano em 1 dia”: todos esses exames, que na rede pública poderiam levar até 12 meses para serem realizados, estarão disponíveis de forma gratuita e concentrada em apenas uma data.
“Nosso lema é transformar em um dia o que levaria um ano para ser feito no SUS. A detecção precoce e a orientação adequada fazem toda a diferença para evitar complicações como amputações, cegueira, infartos e falência renal”, reforça Dr. Fadlo.