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Novo supercomputador meteorológico pode prever desastres e salvar vidas com mais precisão

Equipamento do Inpe amplia em até seis vezes a capacidade de processamento e torna o Brasil referência em previsões e alertas de risco

14 nov 2025 - 05h00
Resumo
O Inpe inaugurou um novo supercomputador meteorológico, seis vezes mais potente que o anterior, capaz de melhorar a precisão nas previsões climáticas e nos alertas de desastres naturais, com impacto direto na prevenção de riscos e formulação de políticas públicas.
O novo equipamento é 24 vezes maior em capacidade de armazenamento e entre cinco e seis vezes mais veloz que o Tupã, mas ocupa um espaço físico muito menor
O novo equipamento é 24 vezes maior em capacidade de armazenamento e entre cinco e seis vezes mais veloz que o Tupã, mas ocupa um espaço físico muito menor
Foto: Divulgação/Inpe

A meteorologia no Brasil deu um salto tecnológico graças à chegada do novo supercomputador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), instalado na cidade de Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo. A máquina, que tem capacidade de processamento entre cinco e seis vezes maior que a do equipamento anterior, o Tupã, promete revolucionar a previsão do tempo e o monitoramento de desastres naturais, oferecendo alertas mais precisos e detalhados que podem ajudar a salvar vidas.

O investimento faz parte do projeto Renovação da Infraestrutura de Supercomputação (Risc), que prevê a instalação de quatro novas máquinas até 2028 e a modernização completa da infraestrutura do centro de dados científico do Inpe. Financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Finep, o projeto tem orçamento total de R$ 200 milhões, dos quais cerca de R$ 30 milhões foram destinados à aquisição, importação e instalação do primeiro equipamento.

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Segundo o Inpe, o novo supercomputador reduz o tempo de processamento de previsões meteorológicas e aumenta o nível de detalhamento dos resultados. A resolução global passa de 20 para 10 quilômetros e poderá chegar a 3 quilômetros para a América do Sul --um avanço que permite identificar fenômenos climáticos localizados, como ondas de calor em bairros específicos, tempestades intensas e enchentes.

O coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe, José Antônio Aravéquia, explica que o equipamento traz uma nova era para a previsão do tempo no País. “É um projeto em várias fases. Uma dessas fases é a aquisição dessa parte de supercomputação que está sendo disponibilizada nesse momento para uso das atividades finalísticas.”

O investimento faz parte do projeto Renovação da Infraestrutura de Supercomputação (Risc), que prevê a instalação de quatro novas máquinas até 2028
Foto: Divulgação/Inpe

Aravéquia lembra que o Tupã foi instalado em 2010 e já não acompanhava o volume de dados dos equipamentos mais modernos. “Hoje, os satélites mais atuais, como o GOES-16, trazem resolução de pixel de 1 por 1 quilômetro, ou seja, para uma quadrícula de 5 por 5 quilômetros anterior, esse satélite tem 25 quadrículas de 1 por 1 quilômetro dentro daquele ponto. Então, são 25 vezes mais informações do que se tinha na era de 2010.”

Com o aumento exponencial na quantidade de dados, a capacidade do supercomputador se tornou essencial para garantir previsões rápidas e úteis à população.

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"Esse novo supercomputador tem 24 vezes mais memória do que o anterior, e isso possibilita a implementação de um modelo mais atualizado, avançar com as pesquisas e os experimentos científicos para obter previsões com maior detalhamento espacial que reflitam as informações de observação que já estão disponíveis atualmente”, diz o coordenador.

O avanço na precisão também reforça o papel do Inpe na prevenção de desastres naturais. “Se essa informação tem um melhor detalhamento, você pode identificar melhor as regiões em que precisa ter uma ação, por exemplo, da Defesa Civil, onde os alertas devem chegar, os avisos devem chegar e, assim, mobilizar as instituições públicas que cuidam dessa parte tão importante, do monitoramento dos desastres naturais.”

O novo supercomputador já está em operação, enquanto os modelos numéricos passam por testes e ajustes finais
Foto: Divulgação/Inpe

Segundo o coordenador, o equipamento vai identificar "com melhor acerto e com melhor detalhamento" quais regiões, por exemplo, vão sofrer uma seca extrema ou vão sofrer uma inundação persistente.

O supercomputador também será usado para gerar cenários climáticos de longo prazo e apoiar políticas públicas em agricultura, energia e defesa civil. Aravéquia reforça que o sistema é um bem público, de uso aberto.

Potência e sustentabilidade

Segundo o Inpe, o novo supercomputador reduz o tempo de processamento de previsões meteorológicas e aumenta o nível de detalhamento
Foto: Divulgação/Inpe

O coordenador de Infraestrutura de Dados e Supercomputação do Inpe, Ivan Márcio Barbosa, explica que o novo sistema representa um salto científico e tecnológico.

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“Nós tínhamos um supercomputador chamado Tupã, que foi adquirido em 2010 a primeira parte, depois em 2017 houve a segunda parte. Ocorre que o volume de dados aumentou desde então, e a complexidade também, porque a atmosfera é muito caótica e muito dinâmica, e, por isso, é necessário fazer essa renovação do sistema de supercomputação.”

O novo equipamento é 24 vezes maior em capacidade de armazenamento e entre cinco e seis vezes mais veloz que o Tupã, mas ocupa um espaço físico muito menor. “O antigo Tupã tinha 34 racks, e esses são cinco racks apenas. Então, se por um lado o tamanho físico foi reduzido drasticamente, por outro lado o poder computacional foi aumentado.”

Barbosa destaca ainda que o Inpe caminha para operar um “data center verde”, com energia solar e reaproveitamento de água.

“Todo data center, seja privado ou público, tem dois problemas: alto consumo de energia elétrica e alto consumo de água. Uma usina de geração de energia elétrica fotovoltaica produzirá energia elétrica para alimentar esse sistema de supercomputação. Nós captamos, tratamos essa água, utilizamos essa água no sistema de refrigeração de forma que a gente consiga ter um data center que agrida da menor forma possível o meio ambiente.”

O novo supercomputador já está em operação, enquanto os modelos numéricos passam por testes e ajustes finais. A fase de aceitação da máquina foi concluída com sucesso, e o Inpe prepara uma campanha pública para escolher o nome do equipamento — que, assim como o antecessor Tupã, deve homenagear a cultura indígena brasileira e simbolizar a conexão entre ciência e natureza.

Fonte: Futuro Vivo
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