O deputado Alexandre Ramagem, condenado no processo da trama golpista pelo Supremo Tribunal Federal (STF), fugiu para os Estados Unidos, segue foragido e teve sua rota traçada pela Polícia Federal em meio às investigações da fuga. Segundo informações obtidas pela colunista Malu Gaspar, do O Globo, Ramagem deixou o país no dia em que o ministro Alexandre de Moraes votou por sua condenação. Seu trajeto passou por Roraima, com ‘escala’ na Guiana e voo para Miami.
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Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da PF, teve sua prisão decretada e o pedido de cassação de seu mandato na terça-feira, 25, com o trânsito em julgado do processo. Ele foi condenado a 16 anos de prisão e também teve seu salário cortado, assim como perdeu o cargo de delegado.
Fontes ligadas à investigação informaram à colunista que Ramagem deixou o Brasil pelo estado de Roraima, onde foi para a Guiana. A passagem do Brasil para Guiana foi por meio da cidade de Bonfim, que se mistura por terra com a cidade Lethem.
Ramagem chegou a Boa Vista, em Roraima, no final da noite de 9 de setembro – após Moraes ter votado pela condenação dos oito réus do núcleo crucial da trama golpista, do qual Ramagem fez parte.
Depois, no dia 11, ele pegou o voo direto para Flórida, em Miami. Sua entrada, segundo as fontes da investigação, se deu por meio de um passaporte diplomático de parlamentar.
Ele fugiu há dois meses, mas só foi descoberto há três semanas pela Polícia Federal – em meio a uma verificação da localização de todos os condenados do núcleo crucial. Foi então que descobriram que ele não estava mais no Brasil. No momento, conforme oficiado por Alexandre de Moraes, o nome de Ramagem agora também consta no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP).
"Considerando que o réu encontra-se foragido e fora do território nacional, DETERMINO a expedição do mandado de prisão e inserção no Banco Nacional do Monitoramento de Prisões (BNMP)", decidiu Moraes na última terça-feira. O BNMP consolida dados sobre indivíduos condenados, presos, procurados ou sujeitos à aplicação de medidas penais. O banco permite, também, acompanhar o número de pessoas que estão no sistema prisional brasileiro, diferenciando casos de prisões provisórias e condenações.
'Somos vítimas'
Na busca por Ramagem, sua esposa confirmou a fuga para os Estados Unidos através de um post em uma rede social, feito no último domingo, 23. Rebeca Ramagem compartilhou um vídeo dela e as filhas chegando ao país. Lá, quem as esperava era o deputado, que teria viajado antes.
"Há uma semana, desembarquei com minhas filhas nos EUA com um único propósito: proteger a minha família! A proteção das nossas filhas é, e sempre será, a nossa prioridade. Hoje, infelizmente, não encontramos no país a garantia de uma justiça imparcial. Somos vítimas de lawfare e temos enfrentado uma perseguição política desumana", iniciou Rebeca, na legenda da publicação.
- Lawfare é um termo que pode ser interpretado como uso das leis para uso político ou para atingir um adversário.
"Mantemos a esperança de um dia voltar a um Brasil onde a escolha político-ideológica não seja tratada como crime, e onde a liberdade de pensar e expressar ideias não se torne motivo de condenação", continuou Rebeca.
O deputado Alexandre Ramagem foi alvo de um pedido de prisão preventiva decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), justamente pela suspeita de que ele havia fugido.
O parlamentar apresentou licença médica na Câmara dos Deputados, com afastamento para as datas de 9 de setembro a 8 de outubro, e de 13 de outubro a 12 de dezembro. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou uma nota na quinta-feira, 20, afirmando que não foi autorizada missão oficial no exterior para Ramagem, tampouco comunicação à Presidência de afastamento do parlamentar do território nacional.