O Brasil é o país que mais blinda carro no mundo. E essa informação está completamente relacionada ao nível de violência que temos no país, mas se tem um dado que pode nos orgulhar é que somos referência mundial e exportamos a qualidade da nossa blindagem para o mundo todo.
Em quinze anos de jornalismo automotivo, infelizmente as primeiras vezes ficam cada vez mais raras, porém acompanhar um teste de blindagem marcou a minha estreia nesse universo.
A Volkswagen convidou o Jornal do Carro para acompanhar com exclusividade um processo de certificação de blindagem de uma VW Amarok Extreme 2026. O teste aconteceu na Companhia Brasileira de Cartuchos, localizada em Ribeirão Pires (SP), trata-se da maior fabricante de munição da América Latina.
A picape estava posicionada dentro do Centro de Treinamento Tático, que impressiona por ter um chão de terra batida misturado com milhões de cápsulas. Confesso que é impactante descer do carro e pisar em uma série de cartuchos, que, inclusive, não podiam ser levados em hipótese nenhuma por uma questão de segurança.
A certificação que foi atendida durante o teste de blindagem é encaminhada para o Exército Brasileiro e segue os seguintes parâmetros: são cinco disparos que devem atingir alvos equidistantes nos vidros laterais, para-brisa e portas dianteiras.
Ao todo 30 tiros foram dados durante o teste e foram utilizadas dois tipos de pistolas. A Magnum 44 representa o armamento mais "pesado" que a blindagem III-A suporta e, para a atender à norma, também é utilizada a pistola 9 milímetros, considerada popular no Brasil.
A VW Amarok estava blindada com o nível IIIA, que representa 99% das proteções realizadas no país e suporta a maioria dos armamentos. Essa categoria apenas não aguenta disparos de fuzil e metralhadora.
Blindagem original de fábrica
A Volkswagen, assim como outras marcas, certifica três empresas blindadoras a atenderem seus clientes e, assim, faz a validação do serviço confirmando a garantia de fábrica.
Algo interessante é que as três empresas certificadas utilizam um material patenteado e brasileiro batizado de UDura, um composto de 32 camadas de fios unidirecionais sobrepostos e pré-moldados de aramida para eliminar soldas e parafusos. A UDura estava presente em toda a parte opaca da picape, portanto em toda a lataria. Segundo a VW, a tecnologia reduz em até 80 kg o peso total da blindagem.
Também é possível escolher qual solução estará presente na proteção dos vidros. O Trinite, mais antigo e comum, é menos translúcido e também mais pesado. Já o Nera, é mais fino e transparente e, consequentemente, mais leve, porém mais caro.
O peso total da blindagem está entre 120 a 200 kg e é necessário a desmontagem completa do veículo para a realização de todo o processo. O trabalho leva de 30 a 45 dias. O fato de envolver uma desmontagem completa pode comprometer a garantia original e é por isso que procurar blindadoras certificadas pelo fabricante do veículo é recomendado.
O preço varia muito de acordo com a carroceria. Em uma picape, a blindagem pode chegar a R$ 100.000 devido às suas dimensões. Em geral, os valores partem de cerca de R$ 85.000.
Segundo a Companhia Brasileira de Cartuchos, o Brasil blinda por volta de 3.500 carros por mês e esse número é um recorde mundial. Atrás de nós, como segundo país que mais faz esse tipo de serviço, está o México, que realiza 300 blindagens por mês. Com tanto volume, nosso país é referência no tema ao exportar tecnologia e formar profissionais no exterior.