BRASÍLIA - Uma votação sobre as salvaguardas comerciais realizada nesta segunda-feira, 8, na União Europeia (UE), deve dar o tom sobre se o acordo comercial entre Mercosul e o bloco do norte terá realmente chance de passar pelo Conselho Europeu. O grupo se reunirá nos dias 18 e 19 deste mês e a expectativa é a de que o tratado seja assinado no dia 20, no Brasil, depois de mais de 20 anos de discussões.
A maioria dos membros da UE está otimista com o fechamento do acordo. Até o momento, a França e a Polônia são os países que têm tratado o pacto como algo que não é bem-visto pelos seus países. Vários representantes franceses já foram a público dizer que, como está hoje, o acordo não satisfaz a nação.
Para os franceses, muitos pontos sobre o acordo ainda não estão claros. Por isso, a votação sobre salvaguardas é vista como crucial para os demais integrantes em relação a um desfecho para o caso. O texto fechado em Montevidéu, no Uruguai, no ano passado, não está a contento do Palais de l'Élysée.
Já os poloneses são menos enfáticos ao se posicionarem contra o tratado em relação à França, mas a leitura dos demais membros da UE é a de que o país será um voto negativo contra o pacto. Representantes do país têm ficado mais em cima do muro e se apoiam no fato de que há ainda espaço para discussões. Uma das preocupações mais claras diz respeito aos fundos de compensação. A Polônia enviou cinco missões ao Brasil em 2025 e vem dizendo que tem "trabalhado duro" com a UE para encontrar um caminho favorável a todos.
Mesmo juntos, os dois países não têm condições de barrar a aprovação do tratado no Conselho Europeu. Para isso, é preciso que os representantes contrários somem 65% da população. Havia a preocupação de que a Itália também se juntasse às duas dissidências, mas relatos que chegam do país dão conta de que Roma deve votar favoravelmente ao tratado.
Após um momento de reticências, a Itália tem se posicionado a favor do acordo comercial nos últimos tempos e a avaliação local é a de que o acordo deve ser visto como um "exercício de ganha-ganha". Apesar do otimismo da maior parte dos integrantes da UE, trata-se de um assunto sensível e, conforme avaliou uma fonte após mencionar tantos vaivéns sobre a questão, a certeza de um compromisso entre UE e Mercosul apenas poderá ser dada como certa após a votação.