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Povão ainda faz o Carnaval do RJ, mas quem julga são os doutores

Perfil dos avaliadores, especialistas e pós-graduados, lembra o programa televisão que pedia ajuda aos universitários

5 mar 2025 - 20h32
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Resumo
Beija-Flor de Nilópolis ganhou o 15º título na despedida de Neguinho da Beija-Flor. Obteve nota máxima, 270 pontos, com o samba-enredo Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas. Jurada que estreou este ano deixou de atribuir nota a três escolas.
Se o julgamento do Carnaval incorporasse o conhecimento popular, sem diploma, seria mais justo e plural.
Se o julgamento do Carnaval incorporasse o conhecimento popular, sem diploma, seria mais justo e plural.
Foto: Fernando Frazão/AB

Ouvindo a apuração do grupo Especial das escolas de samba do Rio de Janeiro pela Globo, começo a prestar atenção aos currículos dos avaliadores enquanto o carnavalesco Milton Cunha informa suas minibiografias, a cada quesito.

Começo a ficar arrepiado. Volto o vídeo, vou para a internet, pesquiso e constato: quase todos os 36 jurados (27 homens) e juradas (nove) cursaram o ensino superior. O povo, que faz o Carnaval do Rio de Janeiro, não julga a festa.

Quem julga são especialistas, mestres, doutores, doutorandos, designes, médica, advogado, gente de orquestra. E, sim, pesquisadores gabaritados do assunto, embora a jurada que deixou de dar nota a três escolas seja doutora em Letras, Sociologia e pesquisadora de percussão afrobrasileira.

O problema não é a presença de especialistas, mas a ausência do conhecimento popular, um preconceito indesculpável com mestres e mestras formados em décadas de Carnaval, enfiados em barracões dando a vida às escolas, anônimos que poucos conhecem fora das comunidades. São essas pessoas que dão preciosas entrevistas para teses de pesquisadores...

Essa limitação, esse socorrer-se sempre com um “especialista”, esse deslumbramento inocente, pronto a prostrar-se perante qualquer acadêmico, começa na seleção dos jurados. A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro seleciona candidatos por currículo.

Usando o melhor da linguagem de RH, o informe oficial alerta que “eventuais pós-graduações ou especializações poderão ser consideradas como diferenciais no momento da seleção”.

Lembrei de um samba antológico de Paulinho da Viola. O pai chama o filho de 14 anos e pergunta se ele quer estudar Filosofia, Medicina ou Engenharia. “Tinha eu que ser doutor”, lamenta o personagem, que queria ser sambista.

O pai o aconselha, pois “sambista não tem valor nesta terra de doutor”. O filho conclui com um constrangedor “o meu pai tinha razão”.

Fonte: Visão do Corre
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