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Para ambientalista que estará na COP 30, "muita gente está sendo deixada de fora”

O Visão do Corre mostra mais uma liderança periférica amazônida que participará da conferência do clima em Belém (PA)

24 jul 2025 - 07h20
(atualizado às 08h02)
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Resumo
Jovens lideranças têm criticado a exclusão de representantes periféricos nos espaços de decisão da COP 30. Porém, em plenárias alternativas da própria Conferência, e fora delas, articulam para que vozes indígenas, ribeirinhas, quilombolas e periféricas sejam ouvidas. Conheça uma dessas articuladoras.
Liliane Santos, 23 anos, é da cidade paraense de Altamira, o maior município brasileiro em extensão.
Liliane Santos, 23 anos, é da cidade paraense de Altamira, o maior município brasileiro em extensão.
Foto: Thiago Bugallo/Leo Bertero

“Sou Liliane Santos, mulher ribeirinha da Amazônia Paraense, da Terra do Meio, onde o rio Iriri me ensinou a ouvir a floresta e respeitar os encantados.” É de forma poética que a ativista de 23 anos, da cidade de Altamira, responde à primeira pergunta do Visão do Corre.

Ela participa do programa Guerreiros sem Armas (GSA), de formação de lideranças periféricas, realizado em Santos, litoral paulista, até o final de julho. Liliane é uma das 42 pessoas de dez países que fazem a imersão teórico-prática na Vila Esperança e Natal, em Cubatão, Baixada Santista.

Em Altamira, a maior cidade brasileira em extensão, com quase 160 mil quilômetros quadrados, Liliane fundou o coletivo Olhos do Xingu, de ativismo ambiental e comunicação comunitária.

A jovem ativista estará na COP 30 e conversou com o Visão do Corre, que vem mostrando representantes de periferias que estarão na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Formação do programa Guerreiros sem Armas (GSA), de formação de lideranças periféricas em Santos, litoral paulista.
Formação do programa Guerreiros sem Armas (GSA), de formação de lideranças periféricas em Santos, litoral paulista.
Foto: Thiago Bugallo/Leo Bertero

Onde fica e como é a Terra do Meio?

A área se situa entre as bacias hidrográficas dos rios Xingu e Tapajós, funcionando como um corredor ecológico entre dois dos principais sistemas fluviais da Amazônia brasileira.

Se é Terra do Meio, não é periferia.

Embora esteja geograficamente no meio da floresta, a região pode ser compreendida como uma periferia político-social: marcada por histórico abandono estatal, ausência de políticas públicas continuadas e forte pressão de atividades ilegais como grilagem, garimpo e desmatamento.

Como começou sua atuação?

Com o desejo de contar as histórias da minha comunidade — e por isso me envolvi com a comunicação comunitária, com a luta por justiça climática e pela valorização das juventudes amazônidas.

Como será sua participação na COP 30?

Não fui convidada oficialmente para nenhum painel ou evento institucional da zona azul da COP30, que é a área restrita aos negociadores, chefes de Estado e organizações credenciadas pela ONU. Estarei presente com a credencial da zona verde, a Green Zone, que é um espaço aberto à sociedade civil, coletivos, juventudes, povos tradicionais e organizações populares.

Liliane em campo na atividade do Guerreiros sem Armas na Vila Esperança e Natal, em Cubatão, Baixada Santista.
Liliane em campo na atividade do Guerreiros sem Armas na Vila Esperança e Natal, em Cubatão, Baixada Santista.
Foto: Thiago Bugallo/Leo Bertero

É uma participação efetiva?

Não diminui a importância, pelo contrário. A COP é muitas vezes vista como um espaço distante, protocolar e burocrático, mas é na Green Zone que os debates mais vivos e conectados com a realidade acontecem. É onde as vozes das periferias, dos territórios e da floresta ecoam sem filtro.

Qual sua opinião sobre as pessoas convidadas para a COP 30?

Acredito que mais pessoas como eu — jovens ribeirinhas, mulheres, comunicadoras populares — deveriam ser convidadas oficialmente. Pessoas que vivenciam os impactos da crise climática na pele, que atuam nos territórios e que têm propostas concretas. Se a COP quer de fato ser inclusiva e representar soluções reais, essas vozes precisam estar no centro.

Quais são suas expectativas?

Caminham entre a esperança e a firmeza da denúncia. A esperança está em ver os territórios amazônicos no centro do debate climático mundial, com a possibilidade de escancarar o que vivemos — e o que fazemos há séculos para manter a floresta viva.

E a firmeza da denúncia?

O espaço ainda é muito desigual, e as soluções reais não virão se continuarem ouvindo apenas governos e grandes instituições. Muita gente está sendo deixada de fora, e isso enfraquece qualquer proposta de solução. Que COP é essa que fala de clima, mas não escuta o calor do chão?

Fonte: Visão do Corre
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