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Família vive terceiro Natal sem elucidar morte de jovem na periferia de Salvador

Morto aos 19 anos durante ação da Polícia Militar no Nordeste de Amaralina, jovem negro sonhava em ser jogador de futebol

24 dez 2025 - 10h30
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Resumo
Família de jovem negro morto pela Polícia Militar na periferia de Salvador em 2022 vive terceiro Natal sem respostas, com investigações travadas e denúncias de omissão do Estado.
Marcelo Daniel Ferreira Santos, 19 anos, que a família acusa de ter sido morto a tiros por policiais militares na periferia de Salvador.
Marcelo Daniel Ferreira Santos, 19 anos, que a família acusa de ter sido morto a tiros por policiais militares na periferia de Salvador.
Foto: Arquivo pessoal

Na véspera do Natal de 2022, quando os moradores do Alto do Capim, no Nordeste de Amaralina, periferia de Salvador (BA) se preparavam para confraternizar, a Polícia Militar da Bahia realizou uma ação, durante a qual Marcelo Daniel Ferreira Santos, 19 anos, foi baleado e morreu.

“Marcelo estava na rua. Quando os policiais chegaram, ele levantou os braços. Ele não se moveu, não correu, não reagiu. Mesmo assim, atiraram. Depois disseram que houve troca de tiros, que tinha uma moto, que estavam perseguindo. Mas cadê essa moto? Nunca apareceu”, afirma Matheus Ferreira, irmão de Marcelo.

Na mesma ação, Adeilton Santana Pereira, de 34 anos, também foi baleado com quatro tiros. Ele passou por cirurgia e sobreviveu. Marcelo foi socorrido e levado ao Hospital Geral do Estado (HGE). Chegou vivo. Passou por cirurgia, perdeu o baço, teve o fígado lesionado e ficou internado em estado gravíssimo. Lutou pela vida durante quatro dias.

“A gente esteve com ele todos os dias. Falava com ele, tocava nele. Eu falava e as lágrimas caíam do rosto dele. Ele ouvia o que a gente dizia”, relata Matheus. “A cirurgia demorou. Ele perdeu muito sangue. Isso também pesa quando a gente fala da morte do meu irmão”.

O Nordeste de Amaralina é um conjunto de bairros de Salvador onde dois jovens foram baleados durante ação policial em 24 de dezembro de 2022.
O Nordeste de Amaralina é um conjunto de bairros de Salvador onde dois jovens foram baleados durante ação policial em 24 de dezembro de 2022.
Foto: Divulgação

Família reclama de lentidão burocrática

Desde a primeira hora, moradores do Nordeste de Amaralina e familiares denunciaram: não houve confronto, não houve resistência, mas disparos à queima-roupa contra jovens negros desarmados. “Meu pai foi com ele dentro da viatura. Minha mãe foi atrás. Eles não levaram meu irmão sozinho. Não teve como plantar nada, não teve como forjar nada”, lembra o irmão.

Na época, a Polícia Militar da Bahia divulgou nota falando em “troca de tiros”. Três anos depois, não houve apreensão de arma, nenhuma moto foi encontrada, nem houve perícia. “Eles mentiram desde o começo. E continuam mentindo porque o Estado permite. Porque o Estado se mantém ausente”, diz o irmão.

O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, e pela Corregedoria da Polícia Militar, responsável pelo Inquérito Policial Militar (IPM) – nenhum dos órgãos respondeu ao contato da reportagem do Visão do Corre.

A família registrou denúncia, acompanhou oitivas, cobrou respostas, mas o processo segue travado. Três anos depois, o Ministério Público da Bahia aguarda o recebimento do Inquérito Policial Militar (IPM), conduzido pela Corregedoria, documento indispensável para analisar o caso e decidir se haverá denúncia contra os policiais envolvidos.

Fonte: Visão do Corre
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