Na reta final, CPI dos Pancadões deu palco a convidados e não ouviu funkeiros em SP
Segundo a oposição, Comissão se desviou do objetivo de investigar omissões de órgãos públicos na fiscalização de bailes funk
A CPI dos Pancadões, em São Paulo, teve polêmicas e convidados que faltaram. Objetivo é investigar as omissões do poder público na fiscalização de bailes funk. Para pesquisador, "cria-se um espetáculo midiático".
Faltando um mês para o encerramento da chamada CPI dos Pancadões, em São Paulo, funkeiros e funkeiras não compareceram às convocações; pouco se discutiu sobre o objetivo principal da Comissão; e um dos convidados, Thiago Torres Moura Santos, o Chavoso da USP, chamou a atenção nas redes sociais com vídeos que mostram embates com o presidente da CPI, o vereador Rubinho Nunes (União).
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada para “investigar possíveis omissões de órgãos públicos na fiscalização da perturbação do sossego gerada por festas clandestinas na cidade”, pouco abordou esse tema. Em vez disso, concentrou-se em questões como criminalidade, uso de drogas e o conteúdo das músicas.
Para a vereadora Luna Zarattini (PT), “a CPI tem seu foco desviado. Ao invés de buscar investigar omissões do poder público em relação a perturbação de sono e sossego, tem perseguido artistas e comerciantes como uma forma de sensacionalismo”.
Artistas como MC Pipokinha, Ryan SP, Salvador da Rima e MC Giliard, filho de Deolane Bezerra, não compareceram à CPI. Entre os que estiveram presentes, Tiago de Souza, pesquisador do funk, disse ao Visão do Corre que “cria-se um espetáculo midiático para associar o funk ao crime, porque isso gera engajamento fácil”.
O vereador Rubinho Nunes (União) foi procurado, mas não respondeu às perguntas da reportagem. Veja abaixo um resumo do que aconteceu até agora na CPI dos Pancadões.
CPI dos Pancadões é primeira de 2025
Exatamente no Dia da Abolição, 13 de maio, foi instalada a primeira Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do ano na Câmara Municipal de São Paulo. O objetivo é “investigar possíveis omissões de órgãos públicos na fiscalização da perturbação do sossego gerada por festas clandestinas na cidade”.
CPI inicia os trabalhos com diligências, intimações e convites
Os trabalhos começaram em maio. O presidente da CPI, Rubinho Nunes (União), apresentou requerimento para acompanhar operações policiais em bailes funk e aprovou a intimação de dois moradores da Vila Prudente. Também houve pedido de informações sobre tabacarias, adegas e bares em Heliópolis, além do convite à MC Dricka.
Após três reuniões, começam depoimentos à CPI dos Pancadões
Após três reuniões voltadas à intimação de proprietários de dez adegas e ao envio de pedidos de informação a órgãos de segurança, a CPI dos Pancadões teve seus primeiros depoimentos. O subprefeito de Cidade Ademar citou 26 locais onde ocorrem bailes funk, e a representante da Frente Nacional de Mulheres do Funk, Renata Prado de Almeida, afirmou que “esta CPI é muito sobre a criminalização”. MC Pipokinha e MC Dricka foram convocadas, e a CPI também solicitou informações à polícia.
Volta da CPI dos Pancadões após recesso
A CPI dos Pancadões voltou a se reunir em agosto. Um capitão da Polícia Militar, MC Dricka e proprietários de adegas prestaram depoimento. Foi aprovada uma ação judicial para a condução coercitiva do cantor e compositor Salvador da Rima e de MC Giliard, filho de Deolane Bezerra, por não comparecerem à CPI.
CPI dos Pancadões ouve presidente do sindicato dos fiscais da cidade
O presidente do Sindicato dos Fiscais de Posturas Municipais, Agentes Vistores e Agentes de Apoio Fiscal de São Paulo, Mário Roberto Fortunato, atuou entre 1992 e 2013. Ele afirmou que “falta integração e estrutura quanto às informações e denúncias que chegam. Outro ponto é a questão da segurança dos profissionais: não conseguimos atuar sozinhos em periferias; é um risco de vida”.
CPI dos Pancadões ouve capitão da PM
O capitão da Polícia Militar, José Eduardo de Campos Tenucci, com dois anos e meio de experiência na região do Campo Limpo, zona sul, afirmou que “com cerca de 500 mil habitantes, além dos pancadões, diversos crimes ocorrem, o que dificulta o trabalho”. A CPI convocou a influenciadora Bia Miranda; o produtor Samuel Santana da Costa, o Gato Preto; e o responsável por uma adega.
CPI dos Pancadões realiza oitiva com produtor de funk e youtuber
A sessão que mais repercutiu aconteceu em 28 de agosto. Henrique Alexandre Barros Viana, o Rato, da produtora Love Funk, prestou depoimento. O momento mais tenso foi o do professor e youtuber Thiago Torres Moura Santos, o Chavoso da USP, devido aos embates com o presidente da CPI. O secretário municipal de Cultura e Economia Criativa, José Antônio Silva Parente, e Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira, não compareceram.
Convidados e intimados a depor faltam à CPI dos Pancadões
No início de setembro, a CPI pretendia ouvir MC Ryan, mas ele não compareceu, assim como seis proprietários de adegas e tabacarias. Também faltaram os influenciadores Samuel Sant’anna da Costa, o Gato Preto, e Anna Beatrys Ferracini Ribeiro, a Bia Miranda. O vereador Rubinho Nunes (União) intimou MC Ryan, que havia sido convidado, enquanto a vereadora Amanda Paschoal (PSOL) convidou o professor e pesquisador de música Thiago Barbosa Alves de Sousa.