Crise climática atinge favelas: 86% dos moradores temem desastres ambientais
Estudo abrange vinte estados e mostra que 7 em cada 10 comunidades não têm drenagem ou contenção de encostas
Estudo divulgado em Brasília revela que 86% dos moradores de favelas brasileiras temem desastres climáticos; a pesquisa destaca deficiências graves em infraestrutura, como drenagem, esgoto e abastecimento de água, afetando amplamente essas comunidades.
O Panorama Climático das Favelas e Comunidades Invisibilizadas, lançado hoje (14) em Brasília, revela, com números e entrevistas, o quanto a crise ambiental atinge as favelas brasileiras: 86% dos moradores temem eventos climáticos como calor e frio intensos, tempestades, vendavais, enchentes e falta de água.
Os resultados ganham relevância pela amplitude da pesquisa, com 119 favelas, onde foram aplicados questionários e realizadas entrevistas com lideranças e moradores conhecedores dos territórios. As comunidades pesquisadas estão distribuídas por 51 cidades de 20 estados.
Para aprofundar a compreensão sobre os impactos da crise climática, foram realizados estudos de caso em cinco comunidades, uma em cada macrorregião do país. O relatório completo pode ser baixado nos sites das instituições responsáveis pelo estudo: TETO Brasil e Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper.
Oito pontos críticos do problema ambiental em favelas
Coleta de lixo: em 36% das comunidades, a coleta ocorre fora do território.
Água: o principal acesso é por ligações clandestinas em 48% das comunidades, e apenas 1 em cada 3 tem fornecimento regularizado.
Esgoto: 41,3% utilizam fossas rudimentares, e somente 1 em cada 4 está conectada à rede pública.
Drenagem e contenção de encostas: 7 em cada 10 comunidades não possuem qualquer sistema.
Enchentes: 4 em cada 5 comunidades estão localizadas a até 100 metros de rios, canais ou córregos.
Onda de calor: é o evento climático mais citado, afetando 71% das favelas.
Cobertura: em 71,4% das casas, as telhas são de fibrocimento, com baixa capacidade de isolamento térmico.
Risco de incêndio e presença de animais: 65,5% das comunidades estão próximas a áreas de mata preservada.