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Do gueto ao palco: a história de Everson Pessoa no Demônios da Garoa

Desde 2017, Everson Pessoa, criado nas rodas de samba de São Mateus, é integrante do tradicional grupo Demônios da Garoa

16 jul 2023 - 05h00
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Sambista Everson Pessoa
Sambista Everson Pessoa
Foto: Matheus Oliveira/Agência Mural

Nascido em Santo André, na Grande São Paulo, e criado em São Mateus, bairro da zona leste da capital paulista, Everson Pessoa, 43, faz parte do grupo Demônios da Garoa desde 2018. Além de cantar e tocar violão de seis cordas e violão tenor, o sambista acrescenta suas vivências ao grupo musical com décadas de carreira.

“Levo o melhor do samba de raiz, um pouco de São Mateus. Levo um pouco da favela, porque eu gosto de falar para eles: ‘Olha aqui é o Demônios da Garoa, mas tem o nosso dialeto, nossa experiência do gueto’. E esse olhar está sendo bem recebido dentro do Demônios”, explica Pessoa.

Este ano, o grupo musical celebrou 80 anos de existência. Desde 1994, ele é reconhecido pelo Guinness Book, o livro dos recordes, como o grupo vocal brasileiro mais antigo em atividade no Brasil.

Pessoa conta que o primeiro convite para tocar com os Demônios surgiu em 2002, quando substituiu o músico Ventura Ramirez em uma apresentação no Parque Ecológico do Tietê, no bairro do Cangaíba, na zona leste, a convite de Ricardo Rosa.

E relembra como se sentiu na ocasião: “Voltei lá em 1988, vendo o LP do Demônios na casa da minha tia. Ouvindo o disco do Demônios do Trem das Onzes que tem aquele trem grandão. Eu, criança, ouvia os Demônios e me vi no palco com eles”, conta.

Antes de integrar o Demônios da Garoa, o sambista fez parte do grupo Quinteto em Branco e Preto, conjunto batizado pela madrinha do samba, Beth Carvalho, de 1997 a 2013. Pessoa acompanhou Beth em apresentações e turnês internacionais. Em carreira solo, ele lançou os álbuns "Samba Certeiro", em 2017, e "Pra Confortar o Coração, em 2019.

A partir de 2017, entrou para a banda de apoio do Demônios da Garoa. No dia em que a madrinha do samba faleceu, em 2018, Pessoa foi convidado pelo Demônios para cantar ‘Andança’ em homenagem a Beth Carvalho no Bar Brahma, no centro de São Paulo.

Sambista Everson Pessoa
Sambista Everson Pessoa
Foto: Divulgação

A estreia oficial como músico do grupo ocorreu poucos meses depois. “Fui para a frente no show do Demônios com o Toquinho, que se chamava ‘De Adoniran a Vinícius’, em 2018 no Tokio Marine Hall. O Demônios da Garoa cantava Adoniran e o Toquinho cantava Vinícius. Foi a primeira vez que vesti a grande farda do Demônios da Garoa”, relembra.

Entre as andanças como músico, o integrante do Demônios sempre teve São Mateus como a sua raiz. Criado no Jardim Vila Carrão, frequentava os sambas de Tia Cida dos Terreiros, a matriarca do samba de São Mateus.

O irmão do músico Yvison Pessoa, 45, também sambista, destaca a persistência do músico em fazer da arte o seu trabalho.

“Para mim, ele é um gênio da música brasileira. Além de ótimo músico e versátil, toca vários instrumentos de corda, é arranjador e compositor. Enfim, o cara é um turbilhão de coisas e é um ser iluminado que vem pro mundo para ser músico mesmo. E a trajetória dele é muito linda.”

Os irmãos Pessoa fazem parte do conjunto Berço do Samba de São Mateus, que tem como foco resgatar composições e destacar sambistas do bairro.

Já o músico, Rodrigo Campos, 45, ensinou Everson a tocar nas rodas de samba do bairro da zona leste e hoje destaca a presença do sambista no Demônios. “Hoje, Everson é um dos principais músicos do samba de São Paulo e do Brasil. O samba de São Paulo também se refere muito a São Mateus. E ter um sambista de São Mateus no Demônios torna isso ainda mais óbvio aos olhos de quem não vê isso claramente”, pontua Campos.

Sambista Everson Pessoa
Sambista Everson Pessoa
Foto: Matheus Oliveira/Agência Mural

Pessoa diz ter como principal objetivo dentro do Demônios da Garoa levar o conjunto para outros públicos. “A gente tem entrado em vários espaços. A minha presença pode ajudar a ter um bom relacionamento com o público. O grupo quer se aproximar mais das pessoas para não ficar no território de elite, como algo inacessível. Porque o povo que não tem grana ama o Demônios de graça”, finaliza.

Agência Mural
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