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Use Bento XVI como "guia de viagem" à Terra Santa

8 mai 2009 - 08h35
(atualizado em 11/5/2009 às 11h09)
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Berço do cristianismo, Israel tem uma área menor que o menor Estado brasileiro, Sergipe. No entanto, o local foi palco de histórias de tantos personagens bíblicos que é difícil escolher aonde ir, que cidades privilegiar. A não ser, claro, que você siga os passos de um guia que conheça muito bem a região e o cristianismo. Que tal, por exemplo, o Papa Bento XVI?

A cúpula dourada do Domo da Rocha se destaca em Jerusalém
A cúpula dourada do Domo da Rocha se destaca em Jerusalém
Foto: James Emery/Creative Commons / Reprodução


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No que será a terceira viagem de um papa à região, Joseph Ratzinger vai ao país, com passagem também pelos territórios palestinos, de 11 a 15 de maio. Ele escolheu três cidades para visitar: Jerusalém, Nazaré e Belém (esta administrada pela Autoridade Palestina).

Jerusalém, uma das cidades mais antigas do mundo, é local sagrado não só para cristãos, mas também para judeus e muçulmanos. Tem centenas de atrações - de igrejas milenares a bares e discotecas modernos. Dentro das muralhas da Cidade Velha, construídas pelo sultão Suleiman há cerca de 500 anos, estão locais importantes para o judaísmo (como o Muro das Lamentações), o islã (como a mesquita Al-Aqsa e o Domo da Rocha) e o cristianismo (inúmeras igrejas e a Via Dolorosa).

A Via Dolorosa, ou Via Crucis, é o caminho feito por Jesus Cristo com a cruz sobre os ombros, antes de ser crucificado. O trajeto é marcado por 14 pontos (chamados de estações) em que, segundo a Bíblia e a tradição cristã, ocorreram fatos importantes no último dia da vida de Jesus - as quedas de Cristo, o encontro com sua mãe e com Verônica (mulher que teria limpado o sangue do rosto de Cristo), entre outros. Ao percorrer as ruas estreitas da Via Dolorosa, peregrinos - muitos deles carregando cruzes - choram e se emocionam.

O ponto alto do trajeto, contudo, está nas cinco estações finais, que ficam dentro do lugar mais sagrado para o cristianismo na Terra Santa, a Igreja do Santo Sepulcro, também conhecida como Igreja da Ressurreição. De acordo com o Novo Testamento, neste local Cristo foi crucificado, sepultado e ressuscitou no Domingo de Páscoa. Este será o último local a ser visitado pelo papa em sua viagem.

Os peregrinos fazem longas filas na Igreja do Santo Sepulcro para entrar em um apertado cômodo no qual, acredita-se, está a tumba de Cristo. Muitos acendem velas ao redor da tumba, dando um odor especial ao local e criando uma densa fumaça iluminada por raios de sol que entram pelas estreitas janelas da igreja. O santuário tem um domo característico, acizentado, que pode ser visto de longe.

O papa também vai ao Monte do Templo, um local que concentra aspectos simbólicos como poucos no mundo. Segundo a tradição das três religiões monoteístas, foi aqui que Abraão ofereceu seu filho em sacrifício e se transformou num símbolo de fé. E também neste monte foi construído o Templo de Salomão, o primeiro de Jerusalém, em seguida destruído, reconstruído séculos depois pelos judeus e destruído novamente. Restou apenas o Muro das Lamentações, local onde hoje os judeus oram e depositam, na série de frestas da edificação, pedaços de papel com seus pedidos, seus desejos, suas esperanças.

O muro é o suporte da Esplanada das Mesquitas, onde ficam a mesquita Al-Aqsa e o Domo da Rocha - de onde Maomé teria subido aos céus, segundo a tradição islâmica. O acesso à esplanada é controlado; nem sempre é permitida a entrada de não-muçulmanos. A belíssima cúpula dourada do Domo da Rocha, porém, pode ser vista de várias partes de Jerusalém.

Fora da Cidade Velha, Jerusalém está repleta de atrações para o turismo cristão, que também fazem parte do itinerário papal. Perto das muralhas, no Monte das Oliveiras, está a Igreja de Todas as Nações, onde Cristo teria rezado com seus discípulos antes de ser detido pelos romanos. No Jardim de Getsêmani, é possível ver oliveiras que já existiam nos tempos de Jesus Cristo.

Bento XVI vai ainda ao Monte Sião, onde fica o Cenáculo, local em que teria sido realizada a Última Ceia, aquela em que Cristo, segundo a tradição católica, instituiu a eucaristia. A capela, construída no século XIV, faz parte de um convento e tem traços judaicos e islâmicos.

A edificação mais nova a ser visitada pelo papa é Yad Vashem, o museu criado em 1953 para relembrar os seis milhões de judeus mortos no Holocausto nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Fica distante do centro de Jerusalém, no Monte Herzl, e ocupa 180 mil m². Inclui um museu histórico, um memorial para cerca de 1,5 milhão de crianças mortas pelos nazistas, um museu de arte e um jardim com árvores que homenageiam os "justos entre as nações", pessoas que arriscaram a vida para salvar judeus do Holocausto. Dois brasileiros, Luiz Martins de Souza Dantas e Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, são relembrados no local.

Belém
Situada a cerca de 10 quilômetros ao sul de Jerusalém, Belém é a cidade na qual, de acordo com a tradição, Jesus Cristo nasceu. É também onde se encontra uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo, embora muitos dos integrantes tenham deixado o local ao longo do tempo. A cidade é administrada desde 1995 pela Autoridade Palestina. Para chegar até lá, passa-se por postos de controle; na ida geralmente se passa tranqüilamente, na volta, às vezes, os guardas israelenses param os veículos para conferir a documentação - portanto, não se esqueça de levar o passaporte.

A principal atração em Belém é a Igreja da Natividade, uma das mais antigas ainda em atividade no mundo - construída no século IV. A entrada é feita pela Porta da Humildade, uma estreita passagem construída pelos otomanos para evitar saques e para forçar visitantes - mesmo os mais ilustres - a descer do cavalo ao entrar no local sagrado.

A igreja é construída sobre uma caverna na qual Cristo teria nascido. Trata-se da Gruta da Natividade, uma caverna retangular que é o ponto central da visita. No chão, pode-se ver uma estrela prateada, com uma inscrição em latim - "Daqui Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria".

Há duas interpretações sobre o nascimento de Cristo em Belém. De acordo com o evangelho de Lucas, os pais de Cristo viviam em Nazaré, mas se mudaram para Belém, onde ele nasceu. Pouco depois, voltaram para o norte, onde Cristo passou a infância. Para Mateus, a família já vivia em Belém quando Cristo nasceu, e se mudou para Nazaré mais tarde.

Nazaré
Viajando ao norte do país, distante cerca de 130 quilômetros de Jerusalém, o turista poderá conhecer Nazaré. Na cidade, o anjo Gabriel teria anunciado à Virgem Maria que ela estava grávida de Jesus. O evento é comemorado na Basílica da Anunciação, a maior igreja do Oriente Médio. Ali dentro há uma gruta que marca o local no qual a Virgem Maria teria vivido durante a infância. A basílica foi erguida na mesma época da construção da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, e da Igreja da Natividade, em Belém.

Em Nazaré há também uma vila que recria com fidelidade a cidade como era há dois mil anos, com atores vestidos como no século I e construções típicas da época.

Visita papal
O governo israelense está preparando os principais pontos sagrados cristãos para a visita do papa Bento XVI. Uma das medidas para antecipar a visita do papa é o lançamento de um site (www.holyland-pilgrimage.org), disponível em seis idiomas, entre os quais o português. O Brasil é um dos países que mais envia turistas cristãos para a Terra Santa. O ministério acredita que cerca de 15 a 20 mil peregrinos de todo o mundo acompanharão a visita do papa a Israel.

Dicas e roubadas
Em Israel há dois idiomas oficiais - o hebraico e o árabe. Mas o inglês é largamente utilizado, mesmo por motoristas de táxi e de ônibus e por pessoas comuns na rua. Como os brasileiros, os israelenses gostam de dar informações.

Nos mercados ao ar livre - conhecidos como "shuk" em hebraico ou "suk" em árabe -, a pechincha é comum. Não deixe de negociar valores - suas compras podem sair por até menos da metade do valor original se você tiver paciência. E os vendedores, mesmo assim, não sairão perdendo. Se no processo da pechincha o vendedor convidá-lo para tomar um chá, não estranhe - é uma prática comum.

Embora possa ser desconfortável, a revista na entrada de locais públicos - como restaurantes e shopping centers - é comum. Em lugares movimentados, é freqüente haver filas na entrada por conta da revista, feita por guardas que perguntarão se você está armado, olharão bolsas de mulheres e usarão um detector de metais em homens.

Taxistas podem querer cobrar mais caro ao levar turistas. Peça sempre que o taxímetro (monê, em hebraico) seja ativado. É o que manda a lei no país. Se você conhece o trajeto e sabe o preço, pode negociar o valor com o motorista - poucos vão recusar.

Onde ficar
Se você está pensando em concentrar sua visita nas três cidades mais importantes para o Cristianismo, uma boa dica é ter uma base em Jerusalém, que fica próxima de Belém e tem transporte público para o norte do país, onde fica Nazaré. Há na cidade inúmeras opções de hotéis, albergues e hospedarias.

Se você pretende se hospedar em Nazaré, o Hotel St. Gabriel, localizado em um antigo monastério, tem quartos simples com diária por US$ 87 para o casal, com café-da-manhã, e US$ 125 incluindo jantar típico. O e-mail para reservas é o gabriel@rannet.com. O telefone é 972 4 657-2133.

A rede de Albergues e Hospedarias de Israel é associada à Hostelling International e oferece bons preços e comodidade em mais de 15 cidades. Em Jerusalém há dois albergues - no centro está o Agron (972 2 621-7555), e perto do Museu de Israel, o Rabin (972 2 678-0101). Reservas podem ser feitas pelo telefone 1599-510-511 ou no site da rede, em www.iyha.org.il/eng.

Onde comer
A melhor dica para alimentação é provar os típicos pratos locais - principalmente falafel (bolinhos de grão de bico servidos em pão sírio) e shwarma (carne de cordeiro ou peru grelhada em um espeto vertical). Eles podem ser encontrados em pequenos restaurantes em qualquer cidade israelense. É certamente a opção mais barata para comer em Israel - entre US$ 5 e US$ 8.

Fonte: Especial para Terra
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