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'Mudança do clima é a maior ameaça do século 21 em relação à saúde'

Para especialistas, é urgente a necessidade de adaptação frente às ondas de calor, enchentes e outros fenômenos extremos

30 out 2025 - 19h41
(atualizado em 30/10/2025 às 17h32)
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Com as ondas de calor dos últimos anos e as transformações cada vez mais intensas no clima, pensar em como se adaptar à nova realidade e prevenir doenças crônicas, problemas de saúde mental e epidemias, entre outras consequências da crise climática para a saúde humana, tornou-se um imperativo, segundo especialistas participantes do Summit Saúde e Bem-Estar do Estadão.

Evangelina Araújo, médica patologista e idealizadora do Movimento Médicos pelo Clima, apresentou dados preocupantes durante o evento, promovido nesta terça-feira, 21, em São Paulo. "Em 2023, a poluição do ar passou ao primeiro lugar como fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, com 8,1 milhões de mortes no mundo", relatou.

Painel do Summit Saúde e Bem-Estar discutiu os impactos da crise climática na saúde
Painel do Summit Saúde e Bem-Estar discutiu os impactos da crise climática na saúde
Foto: Helcio Nagamine/Estadão / Estadão

Além disso, a poluição também foi associada a 30% das mortes por doenças cardiovasculares e a 27% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC). "A crise climática é uma crise em saúde e a mudança do clima é a maior ameaça do século 21 em relação à saúde", alertou a médica.

Apesar dos efeitos observáveis, como a desidratação em crianças e a fadiga em idosos, as mudanças climáticas ainda não constam como causas de morte em certidões de óbito. Até hoje, há apenas um caso reportado, na Inglaterra: "Uma criança de 9 anos faleceu por asma causada por poluição do ar e, pela primeira vez, isso foi colocado no documento e foi feita uma ação no estado para mudanças", contou Evangelina.

Trabalhos recentes, como o relatório Lancet Countdown, da revista científica The Lancet, apontam que, no Brasil, o estresse térmico deverá afetar mais as crianças e os idosos e, devido às mudanças nos padrões de chuva, o País enfrentará maior prevalência de doenças infecciosas e riscos aumentados de insegurança alimentar.

"O Brasil é o quarto maior emissor per capita de gases de efeito estufa e um dos países que mais vão sofrer as consequências porque se localiza nos trópicos", disse Evangelina.

Além da saúde física, as mudanças do clima têm consequências para a saúde mental. "A depressão sazonal é conhecida na psiquiatria. Nossa psique depende do ambiente em que vivemos", comentou Micheline Coêlho, meteorologista, médica e pesquisadora da Monash University, na Austrália. Sobreviventes de enchentes e outras catástrofes, por exemplo, podem ter o bem-estar psicológico prejudicado.

Para Micheline, é preciso encarar o problema sob a ótica da adaptação. "Faz muito tempo que falamos de mudanças climáticas, mas nada é feito. Não tem mais o que fazer, o clima já mudou", lamentou. "Temos de nos adaptar com o que já temos. Muitos prédios não estão adaptados para suportar o extremo do tempo. Eles são espelhados e foram construídos quando o clima era mais ameno", exemplificou.

Redução nas emissões

Segundo Evangelina, se o setor de saúde fosse um País, seria o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa do mundo.

Olavo Corrêa, presidente da AstraZeneca no Brasil, apontou que um dos desafios é justamente reduzir essas emissões no mercado de saúde e que, em ano de COP no País, poderíamos liderar o debate na área.

De acordo com Corrêa, o mercado de saúde é responsável por mais ou menos 5% do total de gases de efeito estufa emitidos. Desses 5%, metade está relacionada à cadeia produtiva e a outra metade está associada à jornada do paciente, como transporte e hospitalização. "Sabemos que tem uma ineficiência", afirmou.

"Não é apenas o clima que impacta a saúde, mas a saúde impacta o clima", disse Corrêa.

Para ele, é preciso investir na prevenção de problemas de saúde para evitar a locomoção do paciente e internações. Como exemplo, Corrêa trouxe os casos de doença renal crônica: "Fazer um diagnóstico e intervenção precoce evita hemodiálise. Metade dos pacientes poderia não estar ali".

"Tem muito que ser feito, como o investimento em telemedicina, que evita o deslocamento", acrescentou Evangelina.

Estadão
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