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Morre 2ª pessoa do mundo a receber um transplante de coração de porco

Após quase seis semanas do transplante histórico de um coração de porco geneticamente modificado para um humano, o paciente Lawrence Faucette faleceu nos EUA

1 nov 2023 - 13h01
(atualizado em 6/11/2023 às 10h16)
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Nos Estados Unidos, faleceu a segunda pessoa do mundo a receber o transplante de um coração de porco geneticamente modificado na última segunda-feira (30). O paciente Lawrence Faucette, de 58 anos, sobreviveu por quase seis semanas após o xenotransplante — técnica ainda em desenvolvimento que permite a doação de órgãos entre espécies diferentes, com apoio da edição genética.

Foto: Tom Jemski /University of Maryland Medical Center / Canaltech

Em nota, o Centro Médico da Universidade de Maryland, local onde o procedimento experimental foi realizado, afirmou que o coração começou a mostrar sinais de rejeição nos últimos dias, o que deve ter contribuído com a morte de Faucette. Mais análises ainda são necessárias.

Anteriormente, os pesquisadores e os cirurgiões do mesmo centro já tinham transplantado outro coração de porco para um humano. Só que, neste caso, o paciente David Bennett, de 57 anos, sobreviveu por dois meses com o órgão animal geneticamente editado.

Faucette e o coração de porco

Para ser a segunda pessoa do mundo a receber o transplante de um coração de porco, Faucette precisou se encaixar em diferentes critérios até passar por um procedimento que ainda está em fase de testes.

A segunda pessoa do mundo a receber o transplante de um coração de porco morre após quase seis semanas da cirurgia (Imagem: Freepik)
A segunda pessoa do mundo a receber o transplante de um coração de porco morre após quase seis semanas da cirurgia (Imagem: Freepik)
Foto: Canaltech

Tudo começou, no dia 14 de setembro deste ano, quando o paciente Faucette entrou, pela primeira vez, no centro médico norte-americano. Naquele momento, a equipe médica relatou que ele estava com insuficiência cardíaca em estágio terminal. Inclusive, durante a internação, o seu coração "original" parou e precisou passar por um processo de reanimação.

Por causa de sua condição de saúde bastante debilitada, incluindo o diagnóstico de doença vascular periférica, Faucette não era considerado elegível para um transplante de coração convencional. Em outras palavras, se não tivesse passado pelo procedimento experimental, no dia 20 de setembro, é possível supor que teria morrido antes ou pouco depois em decorrência desse quadro.

Desempenho do xenotransplante

Após a cirurgia, o coração transplantado de porco teve um desempenho bom, sem qualquer evidência de rejeição durante o primeiro mês de recuperação, afirmam os médicos. Neste período, viralizaram registros de Faucette fazendo fisioterapia e até sorrindo. Ele também chegou a jogar cartas com a sua esposa, Ann.

No entanto, o cenário começou a mudar quase seis semanas após o procedimento, onde os sinais de rejeição do órgão foram ficando mais visíveis, o que culminou na morte do paciente. Aqui, vale dizer que a rejeição é também um dos desafios mais significativos nos transplantes convencionais.

Pesquisa com transplantes continua

Apesar do desfecho indesejado, a pesquisa com os xenotransplantes não deve parar. Por toda a disponibilidade e entrega de Faucette, os médicos envolvidos agradecem a oportunidade que tiveram, e afirmam que esta experiência ajudará a tornar esses procedimentos mais seguros no futuro.

A experiência com o caso de Faucette ajudará a tornar mais seguros os xenotransplantes no futuro (Imagem: Alexandru Acea/Unsplash)
A experiência com o caso de Faucette ajudará a tornar mais seguros os xenotransplantes no futuro (Imagem: Alexandru Acea/Unsplash)
Foto: Canaltech

Segundo Bartley P. Griffit, o cirurgião que realizou o transplante de coração histórico, "o último desejo de Faucette era que aproveitássemos ao máximo o que aprendemos com a nossa experiência, para que outras pessoas possam ter a oportunidade de receber um novo coração, quando um órgão humano não estiver disponível". Hoje, a fila de espera é um desafio e tanto na maioria dos países.

"Tal como aconteceu com o primeiro paciente, David Bennett, pretendemos realizar uma análise extensa para identificar fatores que podem ser prevenidos em futuros transplantes", afirma Muhammad M. Mohiuddin, outro médico envolvido na cirurgia. "Isso nos permitirá continuar avançando e educar nossos colegas da área sobre nossa experiência" que poderá salvar vidas, completa.

Fonte: Universidade de Maryland  

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