Doação de medula óssea: o que é e como fazer
Brasil tem o terceiro maior banco de doadores voluntários no mundo
O Brasil possui o terceiro maior banco de doadores voluntários de medula óssea do mundo, e a doação, que pode ser feita por punção ou aférese, é essencial para tratar doenças como leucemias e linfomas, exigindo compatibilidade genética com o paciente.
O transplante de medula óssea (TMO) é um tipo de tratamento indicado para doenças que afetam as células do sangue, como leucemias, linfomas, aplasia de medula, síndromes de imunodeficiência e mielomas múltiplos. Em todos os casos, o procedimento é essencial para oferecer ao paciente uma nova chance de levar uma vida saudável.
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A baiana Catarine Barreto foi diagnosticada com leucemia aos 32 anos e o transplante de medula foi o que garantiu as suas chances de cura. Transplantada há seis meses, ela está atualmente fora da zona de risco para a recidiva do câncer.
O TMO substitui a medula óssea doente ou deficitária por uma saudável, sendo considerado fundamental no tratamento da doença, segundo o Ministério da Saúde. No entanto, para que o procedimento seja realizado, é necessário que o paciente encontre um doador compatível.
A compatibilidade depende de diversos fatores genéticos e da etnia do doador, mas as chances aumentam quando pertencem à mesma população. Por isso, quanto maior o número de doadores cadastrados, maiores são as chances de encontrar um compatível.
“Você pode literalmente salvar a vida de alguém. Tem gente que morre porque não tem um doador compatível. Talvez ele exista, mas o doador nunca se apresentou. Está por aí, pelo mundo.[Quando adoeci,] consegui influenciar algumas pessoas a se cadastrarem como doadoras de medula. Fiquei muito feliz com isso”, destacou Catarine em entrevista ao Terra.
Cerca de 30 anos após o primeiro transplante de medula feito no Brasil, comemorado neste mês, o país conta hoje com o terceiro maior banco de doadores voluntários do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e Alemanha. É também o maior banco com financiamento exclusivamente público.
Segundo dados do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), são mais de 5,9 milhões de pessoas cadastradas. Veja como participar:
Como ser um doador
O cadastro de doadores voluntários é feito nos hemocentros disponíveis em todo o país. No local, o interessado deve apresentar um documento original de identidade e preencher um formulário com suas informações pessoais.
Será necessária a coleta de uma amostra de sangue (5 ml) para testes de tipificação HLA – fundamental para a compatibilidade do transplante. Estes dados serão incluídos no sistema do Redome e, em caso de identificação de compatibilidade com um paciente, você será contatado para realizar outros testes.
O cadastro permanecerá ativo no registro até você completar 60 anos de idade.
Quem pode doar
Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:
- Ter entre 18 e 35 anos de idade;
- Estar em bom estado de saúde;
- Não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue (como infecção pelo HIV ou hepatite);
- Não apresentar história de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide);
Como a doação é feita
A coleta das células-tronco hematopoéticas é realizada em centros de transplante ou hemocentros públicos ou privados de duas formas:
- Por punção na região pélvica posterior (osso do quadril): o procedimento ocorre em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e dura cerca de 90 min. É necessário que o doador fique internado por 24 horas.
- Doação por aférese: as células são coletadas diretamente da corrente sanguínea, através de um procedimento de aférese que dura cerca de 3 a 4 horas mas, neste caso, o doador deverá receber uma medicação por 5 dias para estimular as células-tronco.
Tem algum risco?
Não, mas há alguns desconfortos. Na doação por punção, o doador costuma relatar dor na região do quadril, mas tende a desaparecer em alguns dias. Segundo o Ministério da Saúde, a maioria dos doadores consegue retornar às suas atividades habituais após uma semana.
Na doação por aférese de sangue periférico, o doador pode apresentar um quadro gripal durante o uso da medicação para estimular as células-tronco hematopoéticas mas poderá retornar às suas atividades no dia seguinte à doação.
Todas essas possibilidades são discutidas com o doador durante avaliação clínica.