Saiba como acertar na escolha da babá
Rosana Ferreira
A filmografia nos brinda com uma série de babás que são o sonho de toda mãe. Mas como nem sempre é possível encontrar uma Supernanny ou uma Mary Poppins voando por aí, o jeito é se preparar ¿ e bem ¿ para saber escolher a babá de seu filho. Para o pediatra Nilson de Souza, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), há uma série de requisitos que devem ser levados em conta na hora de escolher a babá. "A candidata deve preencher todos, mas um deles é fundamental, a empatia com a criança e a mãe", afirma. Se a candidata passar nesse quesito primeiramente, aplique os demais:
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Afinidade com crianças ¿ Primordial, sem dúvida, mas não basta gostar de crianças. Algumas pessoas se dispõem a trabalhar nessa área, mas não levam o menor jeito. "A mãe precisa sentir que a babá tem esse sentimento dentro dela", afirma o médico. Para isso, é necessário observar como ela trata as crianças, se tem paciência, se gosta de brincar e se sente segura para o trabalho. A fotógrafa Tatiana Villa, de São Paulo, passou por dez babás antes de acertar. "De modo geral, eu dispensava as babás porque não tinham iniciativa em se tornar amigas da criança. Eram muito frias e não tinham psicologia para fazer a criança comer, tomar banho", conta ela, que contratava as profissionais por intermédio de indicações para cuidar de seu filho, Lucas, então com dois anos.
Boa aparência ¿ Isso revela muito da babá, segundo o pediatra da Unifesp. "O cabelo deve estar arrumado, a roupa bem passada, as unhas cortadas e limpas. Ou seja, passar a sensação de cuidado e higiene", explica. Descarte uma babá mal arrumada e desleixada com ela mesma. Se ela não cuida bem de si própria, imagine dos outros.
Formação ¿ Quanto maior a formação escolar, melhor. Não precisa saber o dicionário Aurélio de cor e salteado, mas falar corretamente é desejável, já que a babá vai passar grande parte do dia com o seu filho. "Antigamente, não exigia-se escolaridade, mas atualmente a profissional deve ter, no mínimo, o segundo grau completo", diz Marilena Coelho Fonseca, proprietária da Baby Sitter Center, de São Paulo, há 26 anos no mercado. Também é importante que ela tenha formação de babá, por meio de cursos específicos, para entender o desenvolvimento da criança e aplicar primeiros socorros, por exemplo. Na agência, as babás passam por um curso de 24 horas e precisam fazer um estágio em berçário. "Algumas fazem até curso de auxiliar de enfermagem, o que não é obrigatório, apenas desejável", conta Marilena.
Indicação ¿ Você vai contratar alguém para ficar na sua casa com seu filho, por isso todo cuidado é pouco. A via mais comum na hora de procurar uma babá é pedir indicações de amigos e parentes, mas seja cauteloso com as informações, pois existe a tendência de se falar bem de pessoas que nem sempre são bons profissionais. Peça um atestado de antecedente criminal atual, mas não aceite um atestado federal de bons antecedentes, pois eles só provam que a pessoa não deve ao Fisco. Não aceite números de telefones celulares para checar as referências, pois eles podem ser de um parente da candidata.
Peça o telefone fixo e endereço do empregador antigo e tente ir ao local pessoalmente. Se possível, visite a casa da babá e veja como ela trata os próprios filhos. Pergunte aos vizinhos sobre o comportamento dela com as crianças. Peça a carteira de trabalho dela; se alegar perda, desconfie.
As agências de colocação são a opção mais segura, mas verifique se a empresa é idônea, há quanto está no mercado, como é feita a seleção das candidatas e os benefícios que oferece, como cursos de formação de babás.
Evite procurar em jornais, um recurso de alto risco: quadrilhas de bandidos e pessoas mal-intencionadas podem utilizar essa via para fazer suas vítimas. Após muitas tentativas, Tatiana Villa só acertou quando recorreu a uma agência especializada. "Paguei mais caro, mas valeu a pena, pois a babá era muito experiente e tinha jeito com crianças", conta. Depois de um ano, a babá precisou se desligar, e Tatiana recorreu novamente à indicação. Dessa vez de um familiar que tinha uma profissional há muitos anos.
Já Silvia Martins Rosa acertou na primeira. "Por intermédio de uma agência, eu entrevistei a candidata e gostei porque tinha três filhos grandes e sabia cuidar da casa. Fiz uma adaptação de dois meses antes de voltar a trabalhar e nesse período passei todas as orientações necessárias, que ela sempre seguiu à risca", conta. A afinidade era tão grande com a filha, Clara, que ela chorava quando a babá ia embora. "Isso é um bom sinal. O problema é quando a criança chora na hora em que a babá chega", diz o médico. Hoje Clara tem 15 anos, e a babá continua trabalhando para a família, como empregada doméstica.
Salário - A profissão de babá está ligada ao Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de seus respectivos Estados ou municípios. Segundo informações do Sindicado do Município de São Paulo, o piso é o mesmo da empregada doméstica: R$465. Mas o valor pode variar muito, de acordo com as atribuições da profissional. No contrato de trabalho, portanto, devem ser especificadas as atribuições e os horários dentro do salário combinado: se vai dormir no emprego, se vai trabalhar à noite, se acompanha a família em passeios e viagens.