Linfedema: entenda a sequela do câncer de Vera Viel
Especialista explica o que é essa sequela
Doença crônica pode surgir após cirurgias oncológicas e exige acompanhamento especializado para evitar complicações
A apresentadora Vera Viel revelou recentemente que desenvolveu um linfedema após o tratamento de um sarcoma. Ela contou que a circulação ficou prejudicada por conta das intervenções cirúrgicas que precisou realizar. "Uma das sequelas que eu fiquei foi um linfedema, porque eu tive que mexer muito, fiz um enxerto de uma perna para outra. Tirei um pedaço do músculo e minha circulação ficou prejudicada. É um inchaço maior na perna onde eu tinha o sarcoma", afirmou.
O que é o linfedema?
De acordo com o cirurgião vascular Herik de Oliveira, especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, o linfedema é uma doença vascular crônica causada por uma lesão no sistema linfático. O médico explica que essa lesão impede o funcionamento adequado do sistema, levando ao acúmulo de um líquido rico em proteína no tecido subcutâneo, o que provoca fibrose, inflamação e alterações estéticas na pele.
Segundo o especialista, o linfedema pode ser primário, quando uma alteração genética ou congênita faz com que o sistema linfático se forme de maneira errônea, ou secundário, quando a doença surge após uma lesão, obstrução ou inflamação em um sistema linfático que antes funcionava normalmente. As causas mais comuns de linfedema secundário são câncer, cirurgias, radioterapia, quimioterapia, infecções e traumas.
No caso de pacientes oncológicos, procedimentos extensos, remoção de linfonodos, enxertos e manipulação de tecidos aumentam significativamente o risco do problema.
Sintomas e diagnóstico
O diagnóstico geralmente é clínico. O paciente costuma apresentar aumento do volume do membro acometido e pode desenvolver alterações na pele, como espessamento e irregularidades, quando o linfedema evolui. O exame complementar mais utilizado é a linfocintilografia, onde injeta contraste radioativo no sistema linfático e identifica possíveis extravasamentos.
O tratamento clínico é o mais indicado terapia descongestiva complexa que inclui exercícios físicos,tratamento compressivo; botas pneumáticas, meia elástica de compressão, material inelastico de compressão, drenagem linfática manual e cuidados específicos com a pele. Em situações mais avançadas, o tratamento cirúrgico pode ser considerado.
O especialista reforça a importância da avaliação precoce. Ele destaca que qualquer inchaço persistente deve ser avaliado por um cirurgião vascular com diagnóstico e tratamento precoce. Embora seja uma doença crônica, o tratamento busca melhorar a qualidade de vida e prevenir complicações relacionadas ao linfedema, como infecções, tromboses, disfunções no membro acometido e até o desenvolvimento de linfangiossarcoma — uma complicação rara, que pode surgir após 10 anos da doença, mas é grave.