Contribuição da fuligem supera a do metano no efeito estufa
Estudo que acaba de ser publicado no
Journal of Geophysical Research - Atmospheres
atribui à fuligem o segundo posto no ranking dos compostos que provocam o aumento da temperatura do planeta. Ele contribuiria mais que o metano, que ficaria em terceiro lugar.
Entre os compostos lançados na atmosfera produzidos a partir da atividade humana o mais importante associado às mudanças climáticas é o CO2. O trabalho assinado por pesquisadores da Universidade de Leeds, na Inglaterra, e da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, atribui ao metano peso duas vazes maior do que o que se imaginava no efeito estufa.
A pesquisa indica que um amplo combate à fuligem ¿ partículas que resultam da queima de lenha, áreas agrícolas, combustíveis fósseis usados em veículos, navios e aviões e de emissões industriais ¿ impediria em até 0,5 grau Celsius o aumento da temperatura do planeta nas próximas décadas.
O CO2 e o metano ficam anos na atmosfera. A fuligem, semanas. Mas ela prejudica a saúde das pessoas e atua fortemente no efeito estufa. A coautora do estudo e professora do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Illinois Tami Bond lembra que nenhum país tem uma regulação específica destinada à fuligem.
"A importância das emissões de fuligem foi subestimada em várias regiões, particularmente na China e na Índia", afirma o climatologista da Unviersidade de Leeds, Piers Foster. "Combatê-la traz benefícios tanto ao clima quando à saúde humana", ressalta.
De acordo com o trabalho, a fuligem é emitida principalmente por nações asiáticas e afeta as monções e regiões do Canadá, Estados Unidos, Europa e Ártico.
"A fuligem parece afetar o clima mais fortemente o Hemisfério Norte, além de alterar o sistema monçônicos do sul da Ásia, fundamentais para regular o o clima na região. Mas o impacto climático da fuligem não é necessariamente sentido mais fortemente onde as emissões são maiores, nem onde há maior concentração da substância. Por isso, a necessidade de uma ação global sem demora contra ela", afirma a pesquisadora-chefe do Instituto para Estudos da Atmosfera e do Oceano da Universidade de Washington, em Seattle, Sarah Doherty.