Acordo na COP30 sem combustíveis fósseis é 'inaceitável', diz UE
Ministro italiano afirmou que negociações foram reabertas
A União Europeia definiu como "inaceitável" o último rascunho de acordo apresentado pela presidência brasileira da COP30, que está marcada para terminar nesta sexta-feira (21), por não incluir um "mapa do caminho" para o fim da dependência em relação aos combustíveis fósseis.
Esse tema encontra forte resistência de grandes produtores de petróleo, gás natural e carvão, como Arábia Saudita, China, Índia e Rússia, apesar de os combustíveis fósseis serem os principais responsáveis pelo aquecimento global.
"Aquilo que está na mesa agora é inaceitável. E dado que estamos tão longe de onde deveríamos estar, lamento dizer, mas nos encontramos diante de um cenário de falta de acordo", afirmou o comissário de Clima da UE, Wopke Hoekstra, que está em Belém.
A União Europeia, que tem a meta de abandonar os combustíveis fósseis na próxima década, cobra a definição de um caminho para a eliminação gradual desse tipo de matéria-prima, bem como alguns países latino-americanos e pequenos Estados insulares do Pacífico, que estão entre as nações mais ameaçadas pela crise climática.
"Acabamos de terminar uma reunião plenária dos 195 países, na qual a presidência brasileira reconheceu a falta de consenso sobre a proposta apresentada", disse o ministro do Meio Ambiente da Itália, Gilberto Pichetto Fratin.
"Ainda existem muitas divergências em aberto, e estamos reabrindo as negociações", acrescentou. Os combustíveis fósseis apareceram pela primeira vez em um documento conclusivo da COP em 2023, em Dubai, mas apenas de forma tímida.
O texto da COP28 pede para todas as nações fazerem uma "transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de maneira justa ordenada e equitativa", acelerando as ações "para zerar as emissões líquidas de carbono em 2050", porém sem se comprometer com prazos para eliminar o uso de carvão, gás natural e petróleo.
"Naturalmente, a posição italiana é aquela de manter as referências a Dubai no que diz respeito ao percurso das fontes fósseis", salientou Pichetto.
Paralelamente, a Colômbia anunciou que sediará em abril a primeira conferência internacional sobre a eliminação dos combustíveis fósseis, que já conta com a adesão de cerca de 40 países, incluindo as principais nações europeias, como Itália e Reino Unido.
"Reunidos na COP30, em Belém, reafirmamos nossa determinação compartilhada de trabalhar coletivamente por uma transição justa, ordenada e equitativa para longe dos combustíveis fósseis, por meio de caminhos consistentes com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC", diz a "Declaração de Belém" promovida por Bogotá.