Empresária economiza mais de R$ 30 mil com energia sustentável: 'Bem vista no mercado'
Dona de uma fábrica de pães na Grande São Paulo, Ana Cláudia Morales revela que iniciativa a ajudou a economizar com as contas de luz
"Já cheguei a gastar quase R$ 90 mil com energia elétrica. Hoje, com a energia limpa, meu gasto é fixo em R$ 60 mil, sem contar a vantagem em poder acompanhar o consumo diariamente". Foi através de iniciativas de energia elétrica renovável que a empresária Ana Cláudia Pitali Morales, 56, não só levou sustentabilidade a sua fábrica de pães em Mauá, na Grande São Paulo, como reduziu os gastos mensais com as contas de luz e passou a ter controle maior sobre a própria produção.
Ao Terra, a empresária conta que o aumento das tarifas de energia elétrica, especialmente após a criação da bandeira por escassez hídrica em setembro de 2021, fizeram com que ela procurasse por alternativas para a captação de energia. Nessa época, por exemplo, as contas de luz na fábrica tiveram um aumento de mais de 30%, saltando de R$ 60 mil para quase R$ 90 mil mensais, como apontou ela.
"Tive que mudar o horário de produção para tentar não usar no horário de pico e acaba que você tem que mexer em algumas coisas dentro da fábrica, se adaptando a essa realidade para diminuir um pouco o custo", diz.
A empresária chegou a cogitar a instalação de placas solares, mas os equipamentos não seriam suficientes para suprir a demanda da fábrica. Foi então que, através de recomendações, ela conheceu o Mercado Livre de Energia, iniciativa que faz a revenda de energia renovável de fornecedores para empresas que possuem um consumo mínimo mensal com negociação livre (entenda abaixo como funciona a iniciativa).
"Conversando com outros empresários, entendi que era uma boa oportunidade. Também consigo ver os horários que eu tenho uma utilização maior [de energia]. Se um forno quebra, por exemplo, sei que naquele dia vai ter um consumo menor, então consigo ir acompanhado". Ana Cláudia também reforça a sustentabilidade como uma visão de negócio. "A empresa que trabalha com sustentabilidade também é melhor vista no mercado".
Mas o que é e como funciona o Mercado Livre de Energia?
De maneira geral, desde grandes indústrias aos consumidores domésticos, a energia é fornecida através do 'mercado cativo', que possui tarifas reguladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e não permite negociações, deixando os custos sujeitos às mudanças nos impostos.
Já o Mercado Livre de Energia funciona como um "ambiente competitivo de negociação de energia elétrica, em que participantes podem negociar livremente todas as condições comerciais como fornecedor, preço, quantidade de energia contratada, período de suprimento, pagamento", explica o site da iniciativa.
Na prática, além de garantir o preço fixo mensal para o consumidor, a energia recebida através do Mercado Livre não está sujeita ao aumento tarifário nas bandeiras amarela e vermelha no caso de desabastecimentos. No entanto, para aderir ao programa, é necessário comprovar um consumo mínimo de energia elétrica contratada junto à Aneel, atualmente de 500 kilowatts.
As empresas que se adequam na categoria precisam rescindir o contrato com a Aneel e, então, passam a buscar os revendedores de energia sustentável, negociando individualmente as condições do contrato, como valores, a quantidade de energia que será consumida mensalmente e o período de fornecimento.
Também é necessário ao consumidor aderir à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para ingressar no Mercado Livre. O CCEE é um órgão sem fins lucrativos responsável pela contabilização e registros dos contratos de energia do mercado brasileiro.
O prazo para a mudança é de seis meses, conta Ana Cláudia, que fechou um contrato de três anos com uma revendedora e passou a receber energia sustentável em fevereiro passado.
Quem adere ao Mercado Livre custeia a produção de energia renovável a usinas solares ou eólicas que, por sua vez, a repassam ao mercado cativo. A infraestrutura da rede elétrica é a mesma que atende a população em geral, coordenada pela Aneel, que apesar da recisão do contrato, ainda é obrigada a fazer a distribuição da energia.
"Eu passei a ter um controle muito mais próximo do meu consumo, porque tenho todas as informações da empresa com a qual eu fechei o acordo. Então você tem uma previsibilidade e sabe que, mesmo numa época de crise, não vai ficar sem energia e não vai ter aumento na conta", finaliza a empresária.